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ANÁLISE
Cineasta é dos mais premiados do mundo
DO "AGORA"
Quando a exibição de "Cão
Danado", no último dia 6 de janeiro, terminou, num cinema
lotado de Nova York, o público
bateu palmas, em meio a gritos
de "gênio!". Os aplausos eram
para a produção de 1949 e para
o diretor, Akira Kurosawa, o
maior e mais importante do Japão. O filme foi rodado em condições precárias, numa Tóquio
arrasada pela Segunda Guerra.
"Cão Danado" tem toques de
filme noir e do neorrealismo
italiano. Enquanto Kurosawa
filmava um policial que percorre o submundo da capital japonesa, na Itália Vittorio De Sica
fazia "Ladrões de Bicicleta".
Mas essa foi apenas uma homenagem da entidade norte-americana Film Forum ao centenário do diretor japonês, nascido em 1910 e morto em 1998.
Kurosawa é um dos mais premiados cineastas do mundo.
Venceu os principais festivais
com "Rashomon -Às Portas do
Inferno" (Leão de Ouro em Veneza, 1950), "A Fortaleza Escondida" (Urso de Prata em
Berlim, 1958) e "Kagemusha
-A Sombra do Samurai (Cannes, 1980). Em 1990, recebeu
um Oscar "pela contribuição
que deu ao desenvolvimento do
cinema".
Elogiado e adulado em quase
todo lugar, Kurosawa enfrentava problemas em seu país. A
Toho, produtora à qual estava
vinculado desde 1936, fazia
pressões para que cortasse o
orçamento, o que resultou no
depressivo "Dodeskaden".
Para "Kagemusha", a produtora contratou Shintaro Katsu,
uma celebridade. No primeiro
dia de filmagem, Shintaro apareceu com uma enorme comitiva. Kurosawa o chamou em seu
escritório e o despediu. Ele teria dito: "De estrela, chega eu".
O dinheiro que faltava para
"Ran" veio da França. Steven
Spielberg e George Lucas produziram "Sonhos".
Os roteiros de Kurosawa foram adaptados para "Sete Homens e Um Destino" e "Por um
Punhado de Dólares", faroestes
que estouraram nas bilheterias.
Cenas de filmes atuais lembram o estilo do cineasta, como
a perseguição num estádio lotado em "O Segredo dos Seus
Olhos". No filme japonês, o jogo é de beisebol; no argentino,
de futebol. O original? "Cão Danado", o mesmo feito nos escombros de Tóquio há mais de
60 anos.
(ROBERTO HIRAO)
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