São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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ARTES VISUAIS

Causa foi longa doença pulmonar; famosa por suas "nanas", artista francesa vivia na Califórnia desde 94

Niki de Saint-Phalle morre aos 71 nos EUA

DA REDAÇÃO

Conhecida mundialmente por suas grandes esculturas coloridas, as "nanas", a artista plástica francesa Niki de Saint-Phalle morreu na manhã de ontem, aos 71 anos, em San Diego (oeste dos EUA), onde vivia desde 94. O anúncio da morte -causada por uma longa doença pulmonar, devida a vapores tóxicos de materiais- veio de Hanover, cidade alemã de onde era cidadã honorária.
Em 1974, a instalação de três obras da artista às margens do rio Leine, que cruza a cidade, gerou protestos. Hoje, as estátuas, batizadas de Sophie, Charlotte e Caroline, são encaradas como marco progressista de Hanover, onde se planeja homenagem pública, na semana que vem.
Em comunicado oficial, o ministro da cultura francês, Jean-Jacques Aillagon, expressou "imensa tristeza" pela morte da artista, "que encarnou, em quase 40 anos de criação, feminilidade, exuberância, provocação alegre e efervescência da vida".

Vida internacional
Filha de um banqueiro e dona de um nome tão chamativo como suas coloridas esculturas, Catherine Marie-Agnes Fal de Saint-Phalle nasceu em Neuilly-sur-Seine, subúrbio aristocrático de Paris, em 1930.
Tendo perdido tudo, por conta da crise advinda da quebra da Bolsa de Nova York, em 29, a família se separa até 1933, quando passam a viver juntos, nos EUA -primeiro em Greenwich (Connecticut), depois em Nova York.
Após uma infância rebelde -marcada por interesses literários e visitas ao museu nova-iorquino Metropolitan- e uma juventude estampada nas páginas de revistas como "Vogue" e "Harper's Bazaar", para as quais posou como modelo, Niki se casa, aos 18, com o músico (mais tarde escritor) Harry Mathews, com quem teria seus dois filhos.
O casamento a leva de volta à França, onde, recuperando-se de uma crise nervosa, passa a considerar a arte como seu meio de expressão, em 1953. Autodidata, no início da carreira, se interessa por Paul Klee, Picasso e Matisse e trabalha com colagem.
O ano de 1959 é decisivo. É quando entra em contato com a pop art de Jasper Johns, Robert Rauschenberg e Jackson Pollock, que influenciaria seus "quadros-alvo", nos quais o espectador é convidado a atirar em bolsas de tinta, espalhando cores na tela.
É também nesse ano que se separa de Mathews e inicia colaboração com o suíço Jean Tinguely (1925-1991) -que se tornaria seu marido em 1971.
As primeiras "nanas" viriam em 1965. Inspirada pela gravidez da amiga Clarisse Rivers, Niki de Saint-Phalle passa a questionar o lugar da mulher na sociedade, desenvolvendo as figuras de formas femininas abundantes e cores vivas, que se tornariam sua marca registrada.
O uso de substâncias como o poliéster nas esculturas acabaria debilitando a saúde da artista. Os primeiros problemas respiratórios se manifestam ainda em 67, quando, com Tinguely, desenvolve, para a Exposição Universal de Montréal, "Paraíso Fantástico".
Além do trio feminino de Hanover, Niki concebeu muitas obras públicas, como o Jardim do Tarô, na Toscana (Itália). Uma das mais importantes é a fonte Stravinsky, ao lado do Centro Georges Pompidou, em Paris. Outra de suas fontes pode ser vista em São Paulo, na Pinacoteca do Estado. (FA)



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