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ARTES VISUAIS
Causa foi longa doença pulmonar; famosa por suas "nanas", artista francesa vivia na Califórnia desde 94
Niki de Saint-Phalle morre aos 71 nos EUA
DA REDAÇÃO
Conhecida mundialmente por
suas grandes esculturas coloridas,
as "nanas", a artista plástica francesa Niki de Saint-Phalle morreu
na manhã de ontem, aos 71 anos,
em San Diego (oeste dos EUA),
onde vivia desde 94. O anúncio da
morte -causada por uma longa
doença pulmonar, devida a vapores tóxicos de materiais- veio de
Hanover, cidade alemã de onde
era cidadã honorária.
Em 1974, a instalação de três
obras da artista às margens do rio
Leine, que cruza a cidade, gerou
protestos. Hoje, as estátuas, batizadas de Sophie, Charlotte e Caroline, são encaradas como marco
progressista de Hanover, onde se
planeja homenagem pública, na
semana que vem.
Em comunicado oficial, o ministro da cultura francês, Jean-Jacques Aillagon, expressou
"imensa tristeza" pela morte da
artista, "que encarnou, em quase
40 anos de criação, feminilidade,
exuberância, provocação alegre e
efervescência da vida".
Vida internacional
Filha de um banqueiro e dona
de um nome tão chamativo como
suas coloridas esculturas, Catherine Marie-Agnes Fal de Saint-Phalle nasceu em Neuilly-sur-Seine, subúrbio aristocrático de Paris, em 1930.
Tendo perdido tudo, por conta
da crise advinda da quebra da
Bolsa de Nova York, em 29, a família se separa até 1933, quando
passam a viver juntos, nos EUA
-primeiro em Greenwich (Connecticut), depois em Nova York.
Após uma infância rebelde
-marcada por interesses literários e visitas ao museu nova-iorquino Metropolitan- e uma juventude estampada nas páginas
de revistas como "Vogue" e "Harper's Bazaar", para as quais posou
como modelo, Niki se casa, aos 18,
com o músico (mais tarde escritor) Harry Mathews, com quem
teria seus dois filhos.
O casamento a leva de volta à
França, onde, recuperando-se de
uma crise nervosa, passa a considerar a arte como seu meio de expressão, em 1953. Autodidata, no
início da carreira, se interessa por
Paul Klee, Picasso e Matisse e trabalha com colagem.
O ano de 1959 é decisivo. É
quando entra em contato com a
pop art de Jasper Johns, Robert
Rauschenberg e Jackson Pollock,
que influenciaria seus "quadros-alvo", nos quais o espectador é
convidado a atirar em bolsas de
tinta, espalhando cores na tela.
É também nesse ano que se separa de Mathews e inicia colaboração com o suíço Jean Tinguely
(1925-1991) -que se tornaria seu
marido em 1971.
As primeiras "nanas" viriam em
1965. Inspirada pela gravidez da
amiga Clarisse Rivers, Niki de
Saint-Phalle passa a questionar o
lugar da mulher na sociedade, desenvolvendo as figuras de formas
femininas abundantes e cores vivas, que se tornariam sua marca
registrada.
O uso de substâncias como o
poliéster nas esculturas acabaria
debilitando a saúde da artista. Os
primeiros problemas respiratórios se manifestam ainda em 67,
quando, com Tinguely, desenvolve, para a Exposição Universal de
Montréal, "Paraíso Fantástico".
Além do trio feminino de Hanover, Niki concebeu muitas obras
públicas, como o Jardim do Tarô,
na Toscana (Itália). Uma das mais
importantes é a fonte Stravinsky,
ao lado do Centro Georges Pompidou, em Paris. Outra de suas
fontes pode ser vista em São Paulo, na Pinacoteca do Estado.
(FA)
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