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CINEMA
Cineasta afirma que "jamais agiria de má-fé" e que chegou "ao limite"
Norma Bengell se defende em carta
DA REPORTAGEM LOCAL
A cineasta Norma Bengell, 67,
defendeu-se das acusações de
fraude no uso do dinheiro público
no filme "O Guarani" (96), em
carta publicada anteontem no
jornal "O Estado de S.Paulo".
A Folha tenta ouvir Bengell desde julho de 2001. A cineasta nunca
atende nem responde às ligações.
"Chego ao limite das minhas
forças e do meu silêncio", escreveu, antes de passar a um "histórico do que aconteceu".
Em decisão do último dia 15, o
TCU (Tribunal de Contas da
União) determinou que Bengell,
sua sócia na produção, Sonia Nercessian, e a empresa NB Produções fossem citadas para devolver
ao Fundo Nacional de Cultura R$
2,2 mi captados pelas leis Rouanet
e do Audiovisual. Pela última
atualização divulgada pelo TCU,
o valor chegaria a R$ 5,5 mi.
O tribunal determinou também, "cautelarmente", a indisponibilidade dos bens das sócias e da
empresa, pelo prazo de um ano.
Na carta, Bengell disse que "O
Guarani" tinha "uma equipe
enorme, desta equipe constavam
um produtor executivo e uma
equipe de contadores que acompanharam o filme e suas contas,
dia a dia durante a produção, filmagens e finalização. Esse produtor executivo indicou a equipe de
contadores".
A cineasta afirma que, "para dirigir um filme desses", não podia
se "preocupar nem executar o
projeto na sua parte burocrática e
muito menos fazer a contabilidade". E diz que, na hora de prestar
contas à Secretaria do Audiovisual, foi "pessoalmente levá-las,
orgulhosa, com o filme pronto" e
a sensação do "dever cumprido".
Bengell relata que foi informada
pela secretaria de que "as contas
continham erros" e que, após ter
ficado "desesperada", contratou
uma economista "para que ela
pudesse verificar as contas, já que
os contadores que acompanharam o filme não conseguiam".
A cineasta diz que "ficaram
pendentes R$ 80 mil". "Não encontramos as notas, pois nem
sempre as pessoas dão notas fiscais, principalmente no interior
onde filmamos, Ubajara, Pantanal". Bengell afirma que "jamais
agiria de má-fé, com quem quer
que fosse e, principalmente, com
o cinema", para o qual deu "a vida
e o dinheiro público".
Bengell cita depoimento de sua
advogada, em que esclarece que a
decisão do TCU (na qual cabe recurso) não significa condenação,
e sim uma deliberação natural do
processo, que está em andamento. "Estamos em fase de defesa."
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