São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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CINEMA

Cineasta afirma que "jamais agiria de má-fé" e que chegou "ao limite"

Norma Bengell se defende em carta

DA REPORTAGEM LOCAL

A cineasta Norma Bengell, 67, defendeu-se das acusações de fraude no uso do dinheiro público no filme "O Guarani" (96), em carta publicada anteontem no jornal "O Estado de S.Paulo".
A Folha tenta ouvir Bengell desde julho de 2001. A cineasta nunca atende nem responde às ligações.
"Chego ao limite das minhas forças e do meu silêncio", escreveu, antes de passar a um "histórico do que aconteceu".
Em decisão do último dia 15, o TCU (Tribunal de Contas da União) determinou que Bengell, sua sócia na produção, Sonia Nercessian, e a empresa NB Produções fossem citadas para devolver ao Fundo Nacional de Cultura R$ 2,2 mi captados pelas leis Rouanet e do Audiovisual. Pela última atualização divulgada pelo TCU, o valor chegaria a R$ 5,5 mi.
O tribunal determinou também, "cautelarmente", a indisponibilidade dos bens das sócias e da empresa, pelo prazo de um ano.
Na carta, Bengell disse que "O Guarani" tinha "uma equipe enorme, desta equipe constavam um produtor executivo e uma equipe de contadores que acompanharam o filme e suas contas, dia a dia durante a produção, filmagens e finalização. Esse produtor executivo indicou a equipe de contadores".
A cineasta afirma que, "para dirigir um filme desses", não podia se "preocupar nem executar o projeto na sua parte burocrática e muito menos fazer a contabilidade". E diz que, na hora de prestar contas à Secretaria do Audiovisual, foi "pessoalmente levá-las, orgulhosa, com o filme pronto" e a sensação do "dever cumprido".
Bengell relata que foi informada pela secretaria de que "as contas continham erros" e que, após ter ficado "desesperada", contratou uma economista "para que ela pudesse verificar as contas, já que os contadores que acompanharam o filme não conseguiam".
A cineasta diz que "ficaram pendentes R$ 80 mil". "Não encontramos as notas, pois nem sempre as pessoas dão notas fiscais, principalmente no interior onde filmamos, Ubajara, Pantanal". Bengell afirma que "jamais agiria de má-fé, com quem quer que fosse e, principalmente, com o cinema", para o qual deu "a vida e o dinheiro público".
Bengell cita depoimento de sua advogada, em que esclarece que a decisão do TCU (na qual cabe recurso) não significa condenação, e sim uma deliberação natural do processo, que está em andamento. "Estamos em fase de defesa."



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