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12ª BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DO RIO
Palestras de Jô Soares e Pedro Bial foram as mais concorridas, ao contrário do encontro com o irlandês Colm Tóibín, indicado ao Booker Prize
Personalidades da TV atraem o público
ANA PAULA CONDE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A festa do livro terminou dominada pela televisão. Os apresentadores Jô Soares e Pedro Bial fizeram anteontem as palestras mais
concorridas da Bienal do Livro do
Rio de Janeiro.
Os 600 lugares do auditório Fernando Sabino não foram suficientes para abrigar os fãs de Jô Soares. O encontro com o apresentador e humorista estava lotado.
Muitas pessoas tiveram que se
sentar no chão ou ficar em pé. Os
gritos de protesto dos que ficaram
do lado de fora podiam ser ouvidos no interior da sala até 20 minutos após o início do bate-papo.
O autor esteve na Bienal para
autografar "Assassinato na Academia Brasileira de Letras"
(Companhia das Letras, 2005),
mas nem todos os presentes no
auditório sabiam do lançamento.
Jaqueline Gomes, 20, e Leandro
Drumond, 18, moradores de Duque de Caxias (Baixada Fluminense), que cursam o terceiro ano
do segundo grau, decidiram ir ao
debate porque costumam assistir
ao "Programa do Jô".
"A gente não leu nenhum livro
dele, mas agora a gente vai poder
conhecer melhor", disse Jaqueline. A estudante de pedagogia, Elizabeth Silva, 39, de Nova Iguaçu
(Baixada Fluminense), também
não conhecia os títulos escritos
por Jô, mas resolver ir ao encontro "porque informação sempre
vale a pena". Todos visitavam a
Bienal pela primeira vez.
Quem deixava o auditório já encontrava uma longa fila para assistir ao próximo fórum de debates, que reuniu Arnaldo Bloch,
Rosa Amanda Strauz, Ruy Castro
e Pedro Bial. As estudantes Débora Hottz, 20, que cursa ciências
biológicas, e Monique Tavares,
20, no quinto período de letras,
aguardavam a distribuição de senhas para ver o jornalista e apresentador do "Big Brother Brasil".
"Gosto dele, mas não sei o que
escreveu", disse Débora. "Sei que
publicou há pouco tempo um livro sobre o Roberto Marinho",
afirmou Monique.
O mesmo interesse não foi despertado pelo irlandês Colm Tóibín, indicado ao Booker Prize por
"A Luz do Farol". O autor, que
lançou "O Mestre" (Companhia
das Letras) na Bienal, esteve no
Café Literário para falar sobre o
processo de pesquisa do livro, baseado na vida do escritor Henry
James (1843-1916). Antes do final
do bate-papo, marcado por um
certo burburinho e pelo toque de
celulares, muitas pessoas já tinha
deixado o local.
Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras, não encara
com pessimismo as longas filas
em busca dos autores consagrados por programas de TV e a pequena procura pelos encontros
com escritores nacionais, com
menor presença na mídia, e estrangeiros, o que também ocorreu no primeiro fim de semana do
evento com DBC Pierre, vencedor
do Booker Prize 2003, por "Vernon God Little Uma Comédia na
Presença da Morte", e Marc Levy,
que lançou na Bienal o best-seller
francês "Da Próxima Vez".
"O Jô não falou sobre outra coisa que não fosse o processo de
pesquisa e produção do seu novo
livro, e as pessoas reclamaram
quando o tempo acabou. Isso
prova que a Bienal está cumprindo seu papel de formar leitores.
As pessoas estão se aproximando
dos livros. É isso que importa",
afirmou Schwarcz.
Promoções
As cerca de 80 mil pessoas que
passaram pelos corredores dos
três pavilhões no sábado também
estavam à procura das promoções. Na reta final, a maioria dos
estandes oferecia descontos de até
30%. Quem tivesse paciência para
pesquisar e enfrentar as filas poderia encontrar títulos como "Na
América", de Susan Sontag, ou
"Dossiê H", Ismail Kadaré, por
apenas R$ 3, no estande Ciranda
Cultural, livros por R$ 10 na Fundação Getúlio Vargas e na Companhia das Letras e o volume ilustrado "Stanley Kubrick - A Filmografia Completa", da Taschen, de
R$ 95 por R$ 50. O público infantil
também encontrou boas promoções, livros até por R$ 1, e voltou a
lotar o estande da Melhoramentos para a sessão de autógrafos
realizada, durante três horas, por
Ziraldo, Ana Maria Machado,
Ruth Rocha e Pedro Bandeira.
Apesar da presença maciça das
crianças nos corredores da Bienal
e do aumento do número de leitores nos últimos anos, o livro corre
risco de acabar? O assunto foi o tema de um dos debates promovidos no sábado no auditório Carlos Drummond de Andrade. Estavam presentes o escritor Carlos
M. Horcades, o bibliófilo José
Mindlin, a historiadora Lilia
Schwarcz e o jornalista e coordenador geral do Livro e da Leitura
da Fundação Biblioteca Nacional,
Luciano Trigo, o único que demonstrou certa preocupação com
o futuro da palavra impressa. "Eu
não sou daqueles que acha que o
livro não vai acabar. Acho que ele
corre esse risco sim", afirmou.
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