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Crítica/cinema
"Meteoro" começa bem, mas se perde na indefinição de gêneros
Longa de Diego de la Texera tem como ponto de partida a construção de Brasília
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
A vida numa comunidade
isolada do mundo e da
história é uma idéia de
argumento cheia de boas possibilidades ficcionais.
Dela surgiu "Meteoro", primeiro longa de Diego de la Texera, diretor porto-riquenho
instalado no Brasil. Mais uma
vez, porém, comprova-se que
sinopses interessantes não são
o bastante para fazer um bom
filme.
"Meteoro" começa de modo
promissor, com imagens sobre
a construção e inauguração de
Brasília. Desse modo, o espectador mergulha num passado
histórico verídico que serve de
ponto de partida para a releitura imaginária do que veio em
seguida.
O prólogo, que mostra um
grupo de homens na construção de uma rodovia Brasília-Fortaleza, revela pleno domínio técnico da boa produção de "Meteoro". A boa direção de arte, a fotografia estilizada e enquadramentos sofisticados sugerem que estamos diante de
uma ambição épica que pode se
realizar.
Mas "Meteoro" padece de
uma indefinição de registros. A
chegada de um ônibus com um
grupo de prostitutas e o isolamento progressivo da comunidade em seguida ao golpe militar lançam o filme num caminho indeciso que passa pela
chanchada, o realismo mágico,
o melodrama e o drama político
sem chegar a ser convincente
em nenhum deles.
Sobram algumas boas soluções, em particular na construção visual do filme, como as
imagens do prólogo, o número
musical das prostitutas e as gêmeas negras dançando sob a
água à noite, mas não o suficiente para salvar o conjunto.
O que poderia se tornar um
belo ovni do cinema brasileiro
não passa de mais uma estrela
cadente.
METEORO
Direção: Diego de la Texera
Produção: Brasil, 2007
Com: Paula Burlamaqui, Daisy Granados e Cláudio Marzo
Quando: em cartaz nos cines Reserva Cultural, SP Market e circuito
Avaliação: ruim
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