São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Crítica/cinema

"Meteoro" começa bem, mas se perde na indefinição de gêneros

Longa de Diego de la Texera tem como ponto de partida a construção de Brasília

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

A vida numa comunidade isolada do mundo e da história é uma idéia de argumento cheia de boas possibilidades ficcionais.
Dela surgiu "Meteoro", primeiro longa de Diego de la Texera, diretor porto-riquenho instalado no Brasil. Mais uma vez, porém, comprova-se que sinopses interessantes não são o bastante para fazer um bom filme.
"Meteoro" começa de modo promissor, com imagens sobre a construção e inauguração de Brasília. Desse modo, o espectador mergulha num passado histórico verídico que serve de ponto de partida para a releitura imaginária do que veio em seguida.
O prólogo, que mostra um grupo de homens na construção de uma rodovia Brasília-Fortaleza, revela pleno domínio técnico da boa produção de "Meteoro". A boa direção de arte, a fotografia estilizada e enquadramentos sofisticados sugerem que estamos diante de uma ambição épica que pode se realizar.
Mas "Meteoro" padece de uma indefinição de registros. A chegada de um ônibus com um grupo de prostitutas e o isolamento progressivo da comunidade em seguida ao golpe militar lançam o filme num caminho indeciso que passa pela chanchada, o realismo mágico, o melodrama e o drama político sem chegar a ser convincente em nenhum deles.
Sobram algumas boas soluções, em particular na construção visual do filme, como as imagens do prólogo, o número musical das prostitutas e as gêmeas negras dançando sob a água à noite, mas não o suficiente para salvar o conjunto.
O que poderia se tornar um belo ovni do cinema brasileiro não passa de mais uma estrela cadente.


METEORO
Direção:
Diego de la Texera
Produção: Brasil, 2007
Com: Paula Burlamaqui, Daisy Granados e Cláudio Marzo
Quando: em cartaz nos cines Reserva Cultural, SP Market e circuito
Avaliação: ruim


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