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MÚSICA INSTRUMENTAL
Com dois violões, músicos revisitam temas eruditos e populares que integraram seu repertório
Duo Assad revê trajetória em show no Sesc
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Pelo menos em um final de semana de julho não é necessário ir
a Campos do Jordão para ver um
concerto internacional de alto nível. O Duo Assad de violões se
apresenta hoje e amanhã em São
Paulo, no Sesc Pinheiros.
Nascidos em São João da Boa
Vista, com a família de origem libanesa, os irmãos Sérgio, 52, e
Odair, 48, montaram um programa que mapeia sua trajetória.
"Vai começar com "Córdoba", do
espanhol Isaac Albeniz [1860-1909], porque essa cidade é um
pouco o berço da música andaluz
e flamenga", explica Sérgio Assad.
A apresentação traz ainda uma
composição dele, "Tahhiyya li Ossoulina" ("Homenagem a nossas
raízes"), cuja inclusão no repertório é uma homenagem ao 125º
aniversário da vinda de imigrantes do Líbano ao Brasil; e obras de
compositores populares, como
Astor Piazzolla (1921-1992), Jacob
do Bandolim (1918-1969) e Egberto Gismonti, mescladas a criações
de autores contemporâneos, como o francês Roland Dyens e o
cubano Leo Brouwer 66.
Sérgio rejeita o rótulo "crossover", que ele considera "desgastado", embora reconheça que o duo
sempre cruzou as fronteiras entre
música "erudita" e popular: "isso
era natural na gente. Começamos
tocando choro e terminamos tocando Bach".
"Mas nós perdemos aquele som
do choro que tínhamos na juventude. Hoje, a gente toca Pixinguinha e Jacob do Bandolim não como "chorões" tradicionais; revisitamos esses autores de uma maneira coerente com o resto do
nosso trabalho", ressalta.
Sérgio divide a escola brasileira
de violão em duas vertentes. Uma
teria instrumentistas como Marco Pereira e Paulo Bellinati, que
passaram por formação "erudita"
e, mesmo ao executar o repertório
popular, continuam a trabalhar o
som de forma apurada.
Ele filiaria o duo a esta tendência e não à outra, de Baden Powell,
Raphael Rabello e Yamandú Costa, na qual "o importante não é a
acuidade sonora, mas o "punch", a
"pegada", a garra", teoriza.
A família Assad reúne três gerações de musicistas: Jorge (bandolim) e Ica (cantora); sua prole, os
irmãos, Sérgio, Odair e Badi; além
de Rodrigo e Clarice (compositora, com uma peça incluída na
apresentação de hoje), filhos de
Sérgio, e Carolina, filha de Odair.
Eles se reuniram no palco no
Sesc Vila Mariana, em janeiro do
ano passado, e partiram em excursão pela Europa e EUA. O selo
GHA Records, da Bélgica, deve
lançar um CD e um DVD, incluindo a gravação ao vivo de um show
em Bruxelas e um documentário
da TV belga.
O Duo Assad aguarda ainda o
lançamento de dois discos já gravados. Um, pela Nonesuch Records, inclui transcrições de Sérgio para obras como "Rhapsody
in Blue", de Gershwin" e "Suíte
Bergamasque", de Debussy.
Já o outro deve reunir gravações
feitas ao vivo com a Osesp, incluindo o concerto que Marlos
Nobre compôs para os Assad,
além de "Origins", de Sérgio Assad, com participação da violinista Nadja Salerno-Sonnenberg.
Além de Sonnenberg, com a
qual estiveram no Brasil no ano
passado, os Assad têm se apresentado em trio também com o saxofonista cubano Paquito D'Rivera.
"O projeto se chama "Danças do
Novo Mundo", porque a milonga,
o tango, o batuque e o miudinho,
entre outros, têm todos a mesma
origem", explica Sérgio. O repertório inclui obras do argentino Alberto Ginastera, do brasileiro
Heitor Villa-Lobos, além de temas do próprio Paquito.
Duo Assad
Quando: hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195,
tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: R$ 10 a R$ 20
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