São Paulo, sábado, 23 de julho de 2005

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MÚSICA INSTRUMENTAL

Com dois violões, músicos revisitam temas eruditos e populares que integraram seu repertório

Duo Assad revê trajetória em show no Sesc

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pelo menos em um final de semana de julho não é necessário ir a Campos do Jordão para ver um concerto internacional de alto nível. O Duo Assad de violões se apresenta hoje e amanhã em São Paulo, no Sesc Pinheiros.
Nascidos em São João da Boa Vista, com a família de origem libanesa, os irmãos Sérgio, 52, e Odair, 48, montaram um programa que mapeia sua trajetória. "Vai começar com "Córdoba", do espanhol Isaac Albeniz [1860-1909], porque essa cidade é um pouco o berço da música andaluz e flamenga", explica Sérgio Assad.
A apresentação traz ainda uma composição dele, "Tahhiyya li Ossoulina" ("Homenagem a nossas raízes"), cuja inclusão no repertório é uma homenagem ao 125º aniversário da vinda de imigrantes do Líbano ao Brasil; e obras de compositores populares, como Astor Piazzolla (1921-1992), Jacob do Bandolim (1918-1969) e Egberto Gismonti, mescladas a criações de autores contemporâneos, como o francês Roland Dyens e o cubano Leo Brouwer 66.
Sérgio rejeita o rótulo "crossover", que ele considera "desgastado", embora reconheça que o duo sempre cruzou as fronteiras entre música "erudita" e popular: "isso era natural na gente. Começamos tocando choro e terminamos tocando Bach".
"Mas nós perdemos aquele som do choro que tínhamos na juventude. Hoje, a gente toca Pixinguinha e Jacob do Bandolim não como "chorões" tradicionais; revisitamos esses autores de uma maneira coerente com o resto do nosso trabalho", ressalta.
Sérgio divide a escola brasileira de violão em duas vertentes. Uma teria instrumentistas como Marco Pereira e Paulo Bellinati, que passaram por formação "erudita" e, mesmo ao executar o repertório popular, continuam a trabalhar o som de forma apurada.
Ele filiaria o duo a esta tendência e não à outra, de Baden Powell, Raphael Rabello e Yamandú Costa, na qual "o importante não é a acuidade sonora, mas o "punch", a "pegada", a garra", teoriza.
A família Assad reúne três gerações de musicistas: Jorge (bandolim) e Ica (cantora); sua prole, os irmãos, Sérgio, Odair e Badi; além de Rodrigo e Clarice (compositora, com uma peça incluída na apresentação de hoje), filhos de Sérgio, e Carolina, filha de Odair.
Eles se reuniram no palco no Sesc Vila Mariana, em janeiro do ano passado, e partiram em excursão pela Europa e EUA. O selo GHA Records, da Bélgica, deve lançar um CD e um DVD, incluindo a gravação ao vivo de um show em Bruxelas e um documentário da TV belga.
O Duo Assad aguarda ainda o lançamento de dois discos já gravados. Um, pela Nonesuch Records, inclui transcrições de Sérgio para obras como "Rhapsody in Blue", de Gershwin" e "Suíte Bergamasque", de Debussy.
Já o outro deve reunir gravações feitas ao vivo com a Osesp, incluindo o concerto que Marlos Nobre compôs para os Assad, além de "Origins", de Sérgio Assad, com participação da violinista Nadja Salerno-Sonnenberg.
Além de Sonnenberg, com a qual estiveram no Brasil no ano passado, os Assad têm se apresentado em trio também com o saxofonista cubano Paquito D'Rivera.
"O projeto se chama "Danças do Novo Mundo", porque a milonga, o tango, o batuque e o miudinho, entre outros, têm todos a mesma origem", explica Sérgio. O repertório inclui obras do argentino Alberto Ginastera, do brasileiro Heitor Villa-Lobos, além de temas do próprio Paquito.


Duo Assad
Quando:
hoje, às 21h; amanhã, às 18h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: R$ 10 a R$ 20


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