São Paulo, quinta-feira, 23 de julho de 2009

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Teatro sem máscara

O diretor Enrique Diaz leva a Rio Preto "In on It", peça que expõe sua dramaturgia de metalinguagem e dá ao público acesso aos bastidores de criação

Lenise Pinheiro/Folha Imagem
Enrique Diaz, 41, que dirigiu "Ensaio.Hamlet" e "Gaivota - Tema para um Conto Curto"


LUCAS NEVES
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (SP)

Antes de fincar pé na direção teatral, 20 anos atrás, Enrique Diaz, 41, tentou o jornalismo na faculdade. Mas a profissão era balizada por conceitos que ele via com ceticismo: objetividade, concretude, assimilação rápida de informações. "É como se estivesse olhando e realmente entendendo alguma coisa, a ponto de poder falar sobre ela. Isso não é verdade", diz.
No palco, Diaz achou abrigo para essa aversão às verdades cartesianas. Seus trabalhos de direção na Cia. dos Atores (que cofundou nos anos 80) e em voos autônomos atiram dúvidas na direção do real absoluto.
Isso se traduz em montagens como "Ensaio.Hamlet" e "Gaivota - Tema para um Conto Curto", nas quais os atores dividem com a plateia seu espanto diante das ações e contradições dos personagens, como se dessem ao público acesso aos bastidores de criação.
"In on It", que chega hoje ao Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (SP), reafirma o pendor de Diaz pela metalinguagem. Dois atores ensaiam a peça sobre um homem que descobre que sua morte está próxima. Três planos se intercalam: a "peça dentro da peça", o trabalho de tentativa e erro dos intérpretes e a relação afetiva dos dois. Abstração a que um Diaz jornalista não poderia se permitir.


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