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TEATRO
Encontro vai até domingo, em ruas e teatros de BH
Elementos circenses dominam programação do FIT, em Minas
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
A linguagem do circo, sobretudo aquela voltada para a figura do
palhaço, domina a programação
do 6º Festival Internacional de
Teatro Palco e Rua de Belo Horizonte, que vai até domingo.
Dos 18 espetáculos deste ano,
quase metade -oito- trazem
elementos circenses.
Segundo o diretor-geral do festival, Carlos Rocha, tal composição se deu involuntariamente. "O
circo virou moda nos últimos
dois anos. Daí a oferta que encontramos no circuito internacional", diz Rocha, 49.
No primeiro final de semana,
por exemplo, o público assistiu ao
espetáculo de rua "Malaya", da
companhia holandesa Close-Act,
que ocupou o centro velho da cidade com atores em pernas-de-pau ou protagonizando números
de acrobacia e pirofagia (nome da
técnica dos engolidores de fogo).
A praça da Estação foi tomada
pela trupe, que explorou efeitos
de luz e figurinos bem elaborados
para enredar os espectadores e
um grupo local de maracatu numa história mítica sobre criaturas
e deuses em busca de sentido
-leia-se "destinação", como designa a palavra-título "Malaya".
Em palco italiano, os russos do
Akhe Theatre apresentaram
"White Cabin", em sintonia com
tendência contemporânea daquele país de privilegiar o terreno da
ilusão, da magia da caixa-preta,
em detrimento de tanto realismo
naquelas paragens.
Recentemente, a também russa
companhia Derevo mostrou em
São Paulo a delicadeza e a fúria
com as quais reinventa o arquétipo do palhaço, seja ele do picadeiro, do palco, da rua ou da tela.
O Akhe não conta histórias; antes, expõe quadros de atmosfera
onírica (imagens projetadas reforçam o plano pictórico), com
personagens em conflitos por desejos e solidões.
Viu-se ainda "Rock & Clown",
em que três espanhóis se revelam
palhaços e músicos de uma banda, entremeando canções e esquetes de apelo popular.
Até domingo, apresentam-se
ainda outras montagens com recursos circenses: as argentinas
"Gala" (grupo homônimo) e "Jurujujaja: el Desastre Continua"
(palhaço Nanny), a francesa "Aux
Pieds de la Lettre" (Cie. Dos à
Deux) e a brasileira "Deadly"
(Cia. Circo Mínimo).
O atraso de quatro meses do salário da equipe fixa quase comprometeu a edição deste ano, mas
a Prefeitura de Belo Horizonte e a
Associação Movimento Teatro de
Grupo, co-organizadores, contornaram o problema. A crise implicou redução do orçamento de US$ 800 mil para US$ 650 mil (cerca de R$ 2 milhões).
O jornalista Valmir Santos viajou a convite da organização do 6º FIT-BH
6º FIT-BH - Apresentações de espetáculos internacionais de rua e de
palco. Onde: vários endereços em Belo Horizonte (lista completa no site).
Quando: até 25 de agosto. Quanto: R$ 15. Mais informações: tel. 0/ xx/31/ 3277-4366). Na internet: www.pbh.gov.br/cultura/fitbh. Patrocinadores: Itaú/Bemge, Telemar, Cemig, MinC
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