São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2005

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MÚSICA

Até crianças de cinco anos enfrentam a fila para assistir à primeira apresentação da cantora canadense no Brasil

Avril Lavigne arrasta pais e filhos a show

Flávio Florido/Folha Imagem
Avril Lavigne na apresentação de Porto Alegre, anteontem


THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Avril Lavigne não falou muito durante seu primeiro show no Brasil, anteontem à noite, em Porto Alegre. Talvez porque saiba que não seria ouvida. Porque, a cada vez que ameaçava dizer algo entre uma música e outra, tornava-se impotente frente às 11 mil pessoas que gritavam histericamente no ginásio Gigantinho.
A cantora canadense, que completará 21 anos no próximo dia 27, disse em entrevista duas horas antes do show que esperava um público "fanático" e, mesmo assim, deve ter se surpreendido com a fervorosa recepção de sua apresentação gaúcha.
De onde vem tamanha adoração? Os motivos variam conforme a idade dos fãs.
"Eu tenho os dois CDs e o DVD. Gosto da Avril porque ela anda de skate", contou Luiza Schmitt, do alto de seus cinco anos, portando uma estilosa bandana na cabeça. Ela foi com a irmã, Julia, 9, com a mãe, Naiana, 37, e com uma amiga da mãe, Morgana de Oliveira, 21. "Assim que anunciaram que iria ter show, a Luiza me fez comprar ingresso. Até tentei enrolar, brincava dizendo que ela tinha que gostar da Xuxa, mas não teve jeito", brincou Naiana.
Os CDs são "Let Go" (2002) e "Under My Skin" (04), responsáveis pelas vendas de 25,2 milhões de unidades; o DVD, "My World". No Brasil, 500 mil cópias de seus lançamentos foram comercializadas.
Se para a pequena Luiza Avril é legal porque anda de skate, para Fernando Bengua, 16, é a personalidade da cantora que faz a diferença. "Ela fala o que quer, tem estilo. E gosto das letras dela", diz ele, que foi ao show com os amigos Gustavo Pessi, 17, e Camila Lopes, 16. Os três foram os primeiros a entrar pelos portões das arquibancadas. "Pedimos para um amigo dormir na entrada e guardar lugar na fila. Chegamos às 10h, e aí ele foi embora", contou Gustavo Pessi.
No palco, Avril cativa o público com seu jeito de menina rebelde, mas sorri bastante, mexe os braços, bate palmas. O show transcorre sem problemas graves, e a maioria das cerca de 20 pessoas que passaram pela enfermaria foram atendidas por pressão baixa -mas dois jovens tiveram que ser levados a um hospital (um garoto que fumou muita maconha e uma garota que teve lança-perfume espirrado no rosto).
A pacificidade da noite é quebrada após o final do show, quando dois garotos brigam durante a saída do público.
A apresentação, curta, de uma hora e dez minutos, mas recheada por todos os hits de Avril, como "Don't Tell Me" e "Complicated", agrada aos fãs. "Ela é bem animada", diz Laura Azeredo, 17. "O melhor foi quando ela tocou piano e bateria."
E num show desses, tem-se a impressão de que todos no Brasil falamos inglês, pois todas as músicas são cantadas pelos jovens fãs de Avril Lavigne.
"Adoro o jeito dela e as roupas que ela usa e me identifico com as letras. É a única artista de que gosto", disse Thaís Tworkowski, 16, que foi com a mãe, Denise, 42. ("De tanto ouvir os CDs dela em casa, acabei gostando também", não esconde a mãe.)
Essa identificação vem de letras simples, nada rebuscadas, mas que parecem falar diretamente para esses adolescentes. Como o hit "Complicated": "Por que você tem que ir e deixar as coisas tão complicadas? Sei o jeito que você é/ Agindo como se você fosse outra pessoa/ Me deixa frustrada", ou "Sk8er Boi", sobre uma garota que não dá bola para um skatista, mas depois se arrepende quando o garoto aparece na TV.

Sentimentos certos
O visual de Avril é muito imitado. O que mais se vê são meninos e meninas vestindo gravatas sobre camisetas coloridas, como a musa teen usava quando iniciou carreira. Os amigos Cínthia Pereira, 17, e Oscar Daniel, 23, admiram o estilo rebelde de Avril e adotaram o estilo punk-pop da cantora. "Tento ser diferente dos outros", conta Cínthia. "Foi a Avril quem começou isso. Eu me identifico com as letras, pois falam de coisas que vivemos. Apesar de não serem poéticas, são sobre os sentimentos certos."
É a avrilmania. Jonathan Lopes Moreira, 18, queria ser o primeiro da fila. Conseguiu. Ele saiu de sua Arvorada (RS) com dois amigos e chegou à porta do Gigantinho às 5h da manhã de segunda-feira. "Queríamos ter a certeza de que ficaríamos na grade, bem perto dela. A Avril é tudo!"
Mas nem todo mundo está totalmente contente. "Acho a Avril meio idiota", diz Marília Jaeger, 15. Por quê? "Porque ela disse que não queria os fãs por perto."
Hoje tem mais, em Curitiba (pedreira Paulo Leminsky; R$ 100) . Amanhã, Avril Lavigne toca no Rio (pça. da Apoteose; R$ 120) e, no domingo, encerra sua turnê mundial, com show para 40 mil pessoas (estádio do Pacaembu; de R$ 60 a R$ 140).
Os telefones 0/xx/11/6846-6000 (para São Paulo) e 0300-789-6846 (para as outras cidades) fornecem informações sobre as apresentações da cantora canadense.


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