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TEATRO
Fim das oficinas e aumento no preço do ingresso geram queixas em edição com peças do Volksbühne, Peter Brook e grupos latinos
Anticlímax marca reta final do festival Poa em Cena
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Produtor e diretor teatral Luciano Alabarse quer marcar a coordenação da 12ª edição do Porto
Alegre em Cena, festival que vai
até domingo, como uma espécie
de volta triunfal após três anos de
afastamento, ele que encabeçou o
evento da 1ª à 8ª edição, sempre
sob governo do PT, e saiu em 2001
por desentendimentos com a gestão anterior.
O retorno, sob a gestão do PPS,
causa algumas surpresas. A começar pelo bolso dos espectadores. Durante os seis dias em que
esteve no festival, até a última segunda-feira, a reportagem ouviu
queixas nas filas sobre o preço dos
ingressos, a R$ 20. No ano passado, custavam R$ 10 (tel. 0/ xx/51/
3253-2995 ou pelo site www.
poaemcena.com.br).
Ao lado de outros eventos que
nasceram de iniciativas públicas,
como o Festival Internacional de
Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte, Porto Alegre tem tradição
de incentivo ao acesso. Criou-se
inclusive uma "cultura" dos sem-ingressos, que postavam-se à entrada do teatro na esperança de
conseguir um lugar. Hoje, tais filas estão proibidas, mesmo quando sobram lugares.
"Eu não quero fazer demagogia,
Assim como há a parte da prefeitura e dos patrocinadores, preciso
da receita do público", diz Alabarse (o orçamento é de R$ 2 milhões). Segundo ele, de cada 100
ingressos vendidos, 97 tiveram
desconto de 50%.
"Os espetáculos estão com casa
cheia", diz o coordenador. Nem
todos. No final de semana, sessões
de "Eletronic City" (Chile) e "Verissimilitude" (Brasil/Inglaterra)
tinham menos da metade da platéia. Em contrapartida, diz Alabarse, abriu-se sessão extra para o
solo de Celso Frateschi, "Sonho de
um Homem Ridículo", que terá
dobradinha amanhã. Ocorreram
dois cancelamentos, "No Retrovisor" ("por problemas técnicos") e
"Pólvora e Poesia" (porque o ator
grava telenovela).
Nos bastidores, a Folha apurou
que parte da classe teatral reclama
da suspensão do Aquecendo em
Cena, duas semanas de oficinas
que precediam o festival.
"É uma falsa polêmica", diz Alabarse. Ele nega que as oficinas foram cortadas. Seis delas estão na
programação paralela. No Aquecendo em Cena 2004, eram 16.
América do Sul
Apesar de certo anticlímax, a
volta de Alabarse de fato imprime
sua vocação para pinçar nomes
fundamentais da cena européia (o
"Dias Felizes", de Peter Brook, o
"Endstation Amerika", de Frank
Castorf/Volksbühne, e "mPallermu", de Emma Dante). E, principalmente, a rara determinação
em acolher a produção de países
vizinhos (seis espetáculos do Uruguai, cinco da Argentina, três do
Chile e um da Colômbia).
A vitalidade do teatro sul-americano é demonstrada em montagens como "Caníbales", exibido
na semana passada. O impactante
e poético texto do búlgaro George
Tabori é encenado pelo uruguaio
Alberto Rivero (cia. Comédia Nacional). E "Afuera", que estréia
amanhã, vindo do Festival Internacional de Buenos Aires. O argentino Gustavo Tarrío também
assina a dramaturgia cimentada
em espaço, corpo e palavra.
O jornalista Valmir Santos viajou a convite do 12º Porto Alegre em Cena
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