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ANIMAÇÃO
Trey Parker, um dos pais dos "fedelhos do Colorado", descreve a produção do programa, que continuará por mais 3 anos
Odeio fazer "South Park", confessa criador do desenho
KATE AURTHUR
DO "NEW YORK TIMES"
Trey Parker tem uma confissão
a fazer: "Comecei a admitir para
algumas pessoas, em geral outros
artistas, que odeio fazer "South
Park", sempre odiei", disse em recente visita a Nova York. Ele prossegue: "É muito desgastante.
Sempre me sinto péssimo. Quero
me matar a cada semana".
Parker e Matt Stone, criadores
de "South Park", terão de enfrentar esse problema por pelo menos
mais três anos. No trimestre passado, eles assinaram contrato
com o canal de TV paga dos EUA
Comedy Central para continuar
produzindo a série de animação
sobre os quatro desbocados fedelhos do Colorado até o final de
2008. Mas o sucesso duradouro
do programa não quer dizer que
fazer "South Park" tenha se tornado mais fácil para os dois criadores, que se conheceram na universidade. Entre eles, Stone, 34, e Parker, 36, escrevem, dirigem e editam todos os episódios e fazem as
vozes da maior parte dos personagens principais.
"South Park" -série que no
Brasil vai ao ar aos sábados, às
22h30, no Multishow- evoluiu
de voz resmungona e obscena da
cultura dos jovens insatisfeitos
dos anos 90 para a posição de
marca de sucesso no mundo do
entretenimento, em larga medida
porque oferece comentários sobre os acontecimentos atuais. Oito anos de acompanhamento
contínuo de questões como a busca por Osama bin Laden, a controvérsia sobre "A Paixão de Cristo" e o debate sobre o direito à eutanásia elevaram Parker e Stone a
uma posição de formadores de
opinião; os telespectadores esperam que os tópicos que ocupam
as manchetes recebam o tratamento especial de "South Park".
Stone e Parker se irritam com
essas expectativas. "Agora as pessoas estão se perguntando o que
"South Park" vai fazer quanto ao
furacão Katrina", disse Stone.
"Não sei o que vamos fazer. Deveríamos fazer um episódio sobre
como a cidade mal pode esperar
para ver um programa de TV, e o
que o programa terá a dizer sobre
o furacão Katrina". Eles podem se
queixar, mas não conseguem se
conter: em um dos episódios,
uma represa construída por castores se rompe e causa uma inundação em uma cidade vizinha.
Encontrar alguém para culpar se
torna prioridade.
Eternos meninos
Quando o programa entrou em
cartaz, em 1997, Parker, Stone e
sua equipe dedicavam duas semanas a cada episódio. Agora, criam
cada um deles em seis dias e entregam o produto ao Comedy
Central na manhã do dia marcado
para a transmissão.
Doug Herzog, diretor do Comedy Central, diz que "para Matt
e Trey, a vida continua a ser como
um trabalho de faculdade. Eles
passam o trabalho por baixo da
porta do professor às 11h59".
Essa pressa é o que permite que
"South Park" comente em tempo
real os temas mais populares, mas
o processo é desgastante. Stone e
Parker começam a semana de trabalho na Redação do programa,
onde debatem idéias. Quando desenvolvem algumas que parecem
funcionar, Parker escreve cenas
individuais, para que os animadores possam começar a criar o
episódio. Com o passar dos dias,
as cenas atingem o tempo de 21
minutos e também encadeiam
uma trama. Quanto ao método
para desenvolver a narrativa de
cada episódio, Parker descreve diferentes abordagens: "Nós às vezes simplesmente nos lembramos
de coisas que nos aconteciam na
terceira série".
Os episódios em que os meninos são simplesmente meninos
são os que mais agradam. "Parece
muito com os quadrinhos de
Charlie Brown", diz.
Com mais três anos de "South
Park" para produzir, os criadores
estão tentando descobrir o que fazer quando a série sair do ar. Em
breve criarão uma produtora,
provavelmente em parceria com a
Paramount, para quem produziram "Team America: Detonando
o Mundo", no ano passado.
"Precisamos trabalhar com produção, em algum momento, se
quisermos realmente ter carreiras
depois dos 40 anos", disse Parker.
"É realmente assustador, porque
uma das pessoas de quem mais
zombamos é Steven Spielberg, tipo, "ô, meu, pára"."
Tradução Paulo Migliacci
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