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OUTROS 500
País europeu tem eventos sobre Descobrimento que até o comitê oficial em Brasília ignorava
Brasil ganha festa à altura... na Suíça
CYNARA MENEZES
especial para a Folha
Se no Brasil tropical
as comemorações
dos 500 anos continuam indefinidas,
na distante e fria
Suíça uma extensa
programação já está fechada desde agora -e o Comitê Executivo
das Comemorações do 5º Centenário, em Brasília, nem sabia.
O Comitê Suíço pela Comemoração do 5º Centenário do Brasil
existe desde setembro passado,
integrado por brasileiros que vivem lá e "por suíços apaixonados
pelo Brasil", como se definem.
Os organizadores destacam o
interesse dos suíços pelo Brasil,
que remonta ao século 16, quando
o pastor calvinista e escritor francês Jean de Léry (radicado na Suíça, morreu em Berna em 1611)
veio para cá, como escrivão, na
expedição de Villegaignon, em
1555.
Léry é o autor de um dos mais
interessantes relatos sobre o país e
seus habitantes durante o primeiro século de existência, após o
Descobrimento, no livro "Viagem
à Terra do Brasil" (editora Itatiaia).
A programação, que acontece
em seis cidades do país, começa
em 9 de março e inclui cinema,
antropologia, história, música, literatura, dança, arquitetura, artes
plásticas e botânica.
"Fizemos questão de apresentar
um programa cultural e artístico
de qualidade, ultrapassando os
eternos clichês "samba-futebol-Carnaval" aos quais o Brasil vem
sendo constante e infelizmente
reduzido", escreveu em e-mail à
Folha a brasilianista Malou de
Muralt, presidente do comitê suíço.
Os suíços pretendem também
dar sua contribuição às comemorações feitas por aqui: uma obra
inédita para piano e percussão,
composta por José Antonio Almeida Prado -o "Concerto da
Descoberta do Brasil"-, será
apresentada ao público suíço no
dia 8 de abril e em seguida virá para cá, incorporada ao calendário
dos 500 anos.
Um dos eventos que acontecem
por lá é uma homenagem ao cinema brasileiro, com a exibição em
Genebra, entre 9 de março e 22 de
abril, de filmes de Glauber Rocha
("Terra em Transe"), Ruy Guerra
("Ópera do Malandro") e Nelson
Pereira dos Santos ("Memórias
do Cárcere"), entre outros.
Também serão exibidos documentários no ciclo "Os Índios do
Terceiro Milênio", produzidos
por cineastas franceses, suíços,
belgas e pelo brasileiro Vicente
Carelli ("A Arca dos Zoé").
Na mesma cidade, acontece
uma série de conferências sobre
literatura, história da arte e arquitetura, além de concertos, em colaboração com a Rádio Suíça.
Em setembro, os suíços de Genebra serão introduzidos à poesia
concreta brasileira, com saraus
em homenagem ao poeta Augusto de Campos, que se apresenta
acompanhado do filho Cid Campos.
A obra de Jean-Baptiste Debret,
um dos viajantes que mostraram
o Brasil do século 19 ao mundo,
tem suas aquarelas expostas a
partir de 7 de abril em Friburgo. A
cidade suíça também homenageia sua xará fluminense com o
lançamento do livro "Formação
Histórica de Nova Friburgo".
Em Berna e Zurique se falará,
em mesas-redondas, de literatura,
de música e de arte brasileira e,
em Locarno, sobre os índios.
O país também é homenageado
na Feira de Basel, que acontece
entre 28 de abril e 7 de maio, já
com informações na Internet
(www.brasil2000.ch) -aqui, o
Ministério do Esporte e do Turismo, que organiza as comemorações, ainda promete seu site "para
breve".
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