São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 2000


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OUTROS 500
País europeu tem eventos sobre Descobrimento que até o comitê oficial em Brasília ignorava
Brasil ganha festa à altura... na Suíça

CYNARA MENEZES
especial para a Folha

Se no Brasil tropical as comemorações dos 500 anos continuam indefinidas, na distante e fria Suíça uma extensa programação já está fechada desde agora -e o Comitê Executivo das Comemorações do 5º Centenário, em Brasília, nem sabia.
O Comitê Suíço pela Comemoração do 5º Centenário do Brasil existe desde setembro passado, integrado por brasileiros que vivem lá e "por suíços apaixonados pelo Brasil", como se definem.
Os organizadores destacam o interesse dos suíços pelo Brasil, que remonta ao século 16, quando o pastor calvinista e escritor francês Jean de Léry (radicado na Suíça, morreu em Berna em 1611) veio para cá, como escrivão, na expedição de Villegaignon, em 1555.
Léry é o autor de um dos mais interessantes relatos sobre o país e seus habitantes durante o primeiro século de existência, após o Descobrimento, no livro "Viagem à Terra do Brasil" (editora Itatiaia).
A programação, que acontece em seis cidades do país, começa em 9 de março e inclui cinema, antropologia, história, música, literatura, dança, arquitetura, artes plásticas e botânica.
"Fizemos questão de apresentar um programa cultural e artístico de qualidade, ultrapassando os eternos clichês "samba-futebol-Carnaval" aos quais o Brasil vem sendo constante e infelizmente reduzido", escreveu em e-mail à Folha a brasilianista Malou de Muralt, presidente do comitê suíço.
Os suíços pretendem também dar sua contribuição às comemorações feitas por aqui: uma obra inédita para piano e percussão, composta por José Antonio Almeida Prado -o "Concerto da Descoberta do Brasil"-, será apresentada ao público suíço no dia 8 de abril e em seguida virá para cá, incorporada ao calendário dos 500 anos.
Um dos eventos que acontecem por lá é uma homenagem ao cinema brasileiro, com a exibição em Genebra, entre 9 de março e 22 de abril, de filmes de Glauber Rocha ("Terra em Transe"), Ruy Guerra ("Ópera do Malandro") e Nelson Pereira dos Santos ("Memórias do Cárcere"), entre outros.
Também serão exibidos documentários no ciclo "Os Índios do Terceiro Milênio", produzidos por cineastas franceses, suíços, belgas e pelo brasileiro Vicente Carelli ("A Arca dos Zoé").
Na mesma cidade, acontece uma série de conferências sobre literatura, história da arte e arquitetura, além de concertos, em colaboração com a Rádio Suíça.
Em setembro, os suíços de Genebra serão introduzidos à poesia concreta brasileira, com saraus em homenagem ao poeta Augusto de Campos, que se apresenta acompanhado do filho Cid Campos.
A obra de Jean-Baptiste Debret, um dos viajantes que mostraram o Brasil do século 19 ao mundo, tem suas aquarelas expostas a partir de 7 de abril em Friburgo. A cidade suíça também homenageia sua xará fluminense com o lançamento do livro "Formação Histórica de Nova Friburgo".
Em Berna e Zurique se falará, em mesas-redondas, de literatura, de música e de arte brasileira e, em Locarno, sobre os índios.
O país também é homenageado na Feira de Basel, que acontece entre 28 de abril e 7 de maio, já com informações na Internet (www.brasil2000.ch) -aqui, o Ministério do Esporte e do Turismo, que organiza as comemorações, ainda promete seu site "para breve".


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