especial para a Folha

Está confirmado: a Shell rompeu sua parceria com o Corpo, o grupo de dança de Belo Horizonte que construiu sua estabilidade profissional graças ao patrocínio que a empresa do petróleo lhe concedeu nos últimos dez anos.
Mesmo com um contrato até final de 2001, a Shell acabou firmando um acordo com o Corpo ("Nazareth", "Missa do Orfanato") que deixa de contar já neste ano com a verba anual de aproximadamente US$ 850 mil.
Segundo Simone Guimarães, coordenadora de investimentos sociais da Shell, a empresa continuará patrocinando a cultura. O Prêmio Shell de Teatro, por exemplo, continuará existindo (o próximo será entregue em março).
"Com relação ao Corpo, no entanto, acreditamos que já demos nossa contribuição. Essa companhia admirável já atingiu sua maioridade, possui reconhecimento internacional e a Shell, de agora em diante, pretende ampliar seu leque de benefícios", disse Simone à Folha.
Segundo Simone, a Shell realizou em 1999 uma ampla pesquisa de opinião para detectar prioridades da sociedade brasileira. "Concluímos que a educação e a desigualdade social têm maior necessidade de investimentos. Por isso queremos agora patrocinar projetos de profissionalização, capazes de gerar renda."
Em vez do Corpo, a Shell financiará, de agora em diante, o projeto Luar de Dança, que proporciona aulas de balé para cerca de 500 crianças carentes da Baixada Fluminense, onde o índice de violência é muito alto. Outro setor que a empresa continuará beneficiando é o ambiental.
Para Paulo Pederneiras, diretor do Grupo Corpo, o rompimento com a Shell é preocupante. "Nosso orçamento anual é próximo de R$ 4 milhões", diz Pederneiras, que continua contando com o patrocínio da Telecentrosul mas já está negociando o subsídio complementar com empresa do porte da Shell.
(ANA FRANCISCA PONZIO)


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