da Agência Folha, em Porto Alegre

O Theatro São Pedro lotou na última quinta-feira na estréia da livre adaptação de "O Guarani", encenada por cerca de cem atores amadores, entre os quais trabalhadores urbanos e rurais, da região de Carazinho (RS).
O principal "templo da arte gaúcha" recebeu em seu palco, por exemplo, o agricultor Luiz Carlos Wiedthauper, 32, tenor que encarnou o índio guarani Peri na montagem dirigida pela professora de educação artística Ana Maria Bresolin.
Ela foi responsável pela "adaptação didática" da ópera de Carlos Gomes e do romance homônimo de José de Alencar. A ópera foi trazida a Porto Alegre pela Secretaria da Cultura, dentro da programação "Aqui São Outros 500", do governo do Estado, alusiva ao Descobrimento do Brasil.
Tanto o público, pouco acostumado a óperas, quanto os atores, admirados com o teatro, emocionaram-se ao final da peça, aplaudida demoradamente.
Participam do elenco o grupo teatral Fuccar (Fundação Cultural de Carazinho), os corais da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) e da UPF (Universidade de Passo Fundo), as academias Corpo & Arte e Arabesque Company e a Orquestra de Câmara Sesi-Fundarte, de Montenegro (RS), sob a regência do maestro Antônio Carlos Borges Cunha.
A simbiose da obra-prima do cearense Alencar, editada em 1857, e da ópera do paulista Gomes, encenada em Milão (Itália), em 1870, é contada, nessa releitura, por três balzaquianas reclusas ao lar. Elas suspiram ao relatar o amor de Peri por Ceci, vivida pela soprano Juliane Matutti Andrade.
Durante o período de ensaios, iniciado há mais de um ano, os atores visitaram aldeias dos índios guaranis, no interior gaúcho.
"Foi uma experiência muito especial. Foi como se fôssemos parentes", contou o tenor Wiedthauper.
(CARLOS ALBERTO DE SOUZA)


Texto Anterior: Netinho mostra o trio elétrico a Lisboa
Próximo Texto: Público prefere o popular
Índice