São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SHOW - CAETANO VELOSO E DULCE PONTES
Público prefere o popular

CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

Era dia de malhar o Judas, mas os meninos do grupo de percussão Meninos do Morumbi acabaram malhando a pele de seus instrumentos ao abrirem o show de Caetano Veloso e da cantora portuguesa Dulce Pontes, na praça da Paz, no parque Ibirapuera. O show reuniu cerca de 60 mil pessoas.
Depois de entoar o Hino Nacional o público recebeu Caetano Veloso. Em meio a um "senta, levanta", que parecia interminável, Veloso atacou de "Coração Vagabundo", acalmando o ânimo da multidão.
O músico justificou a escolha desta canção para abrir o espetáculo por conta de uma frase: "Isso de querer guardar o mundo em mim nos faz pensar na idéia de que o mundo é uma invenção portuguesa. O mundo, tal como o conhecemos, este globo, que nos pertence, a todos, é uma invenção portuguesa. E a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 é um dos momentos cruciais na construção deste mundo esférico. O Brasil pode dizer hoje, em liberdade, que tem muito do que se queixar na sua história, que tem muito do que reclamar pelo que não conseguiu ele mesmo fazer de si, mas, ainda assim, ainda que não consigamos, mais para a frente, nada maior do que já conseguimos até aqui, já somos um acontecimento grandioso".
Empolgado, Caetano completou: "É por isso que temos obrigação de festejar, celebrar e planejar um futuro maravilhoso para um país que tem a obrigação de ser assim".
A cantora Dulce Pontes arrasou ao interpretar, com muita técnica e a tristeza peculiar de quem bem canta fados, "Canção do Mar", "O Que For Há de Ser" e "Estranha Forma de Vida", esta última ao lado de Caetano.
O baiano não deixou por menos. De maneira comportada e sutil, cantou "Os Argonautas", "Sampa", "O Verde" e "A Bahia Te Espera", entre outras.
A comoção do público veio mesmo quando ele interpretou "Sozinho", atestando que o Brasil, após 500 anos, prefere produtos musicais bem mais populares.


Texto Anterior: Teatro lota para ver "O Guarani" popular
Próximo Texto: Vídeo: "Cadete" mostra Mamet entre teatro e cinema
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.