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Sayad critica jornalismo da TV Cultura
Secretário da Cultura, que deve dirigir a emissora, diz que cobertura deve inovar e não se preocupar com opinião pública
Em reunião na Fundação Padre Anchieta, Paulo Markun, atual presidente do canal, é criticado por propor pesquisas qualitativas
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa de poder na TV
Cultura, que a Folha levou a
público nesta semana, já estava
acirrada nos bastidores da
Fundação Padre Anchieta
(FPA), que administra o canal.
Ata da reunião do conselho
curador da FPA à qual a Folha
teve acesso registra críticas de
João Sayad, secretário de Estado da Cultura de São Paulo, ao
projeto de jornalismo apresentado por Paulo Markun, atual
presidente da emissora. Ele
propôs fazer pesquisas para
aprovar as mudanças. Sayad
disse ter "horror" à ideia.
O conselho elege em maio
novo dirigente da TV, e Markun perdeu apoio do governo
estadual, que exerce forte influência entre conselheiros. Sayad foi escolhido para o cargo.
Em 8 de fevereiro, Markun
apresentou ao conselho balanço de sua gestão, iniciada em
2007. Após detalhar os aspectos financeiros (como o aumento da receita, de R$ 184,5
milhões para R$ 215,5 milhões), admitiu que "a maior
parte da energia do primeiro
mandato não foi na programação". "As demandas com investimento, marco regulatório,
contrato de gestão etc. tomaram muito tempo", afirmou.
Mencionou alguns dos programas criados em sua gestão,
como "Tudo o que É Sólido Pode Derreter" e "Ecoprático".
As diferenças com Sayad vieram à tona quando Markun
apresentou um projeto de mudanças no jornalismo. Após
exibir um vídeo, disse estar trabalhando na criação de um telejornal e defendeu "apoiar as
eventuais modificações em
pesquisas qualitativas com
pessoas da área da comunicação". Citou problemas da estrutura: "Em Brasília, a Globo
tem 32 equipes de jornalismo,
a Record, 29 e a Cultura, duas."
Afirmou que a concorrência
das grandes redes, de canais de
notícia e da internet "reduzem
nossa margem de manobra".
"Espero curioso essas modificações, mas me preocupa a
forma como foi colocada", rebateu Sayad. "Menor número
de jornalistas, menor volume
de equipamentos, menor cobertura de outras cidades do
país não devem ser vistos como
restrição ao novo jornalismo.
Devem ser ponto de partida."
Para ele, essa "é a base do
projeto". "O jornalismo deve
ser muito inovador, muito diferente, compatível com o caráter público." Sobre a ideia de
Markun de usar pesquisas para
validar as mudanças, foi contundente: "Tenho horror de fazer alguma coisa e verificá-la
pela pesquisa. Parece um jogo
de espelhos em que você se coloca à mercê das pesquisas
quantitativas, qualitativas.
Acho que é uma limitação.
Queremos ver a criatividade, a
iniciativa, a novidade da TV
Cultura. Não cabe à opinião
pública. Prefiro dizer que, se
desagradar bastante, ótimo. Se
for indiferente, péssimo".
Procurado ontem pela Folha, Markun não comentou.
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