São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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TRECHO

Precisava pensar. Ou melhor, precisava parar de pensar nas coisas em que estava pensando, para ainda ter chance de pensar em qualquer outra coisa ao longo do dia; e no que ela mais estava pensando, mais do que em Tucker Crowe e sua vida complicada, era como "Nua e Crua" envenenara o ar que ela respirava em casa.
Na noite anterior, Duncan voltara para casa tarde, cheirando a bebida; fora monossilábico, até mesmo brusco, quando ele perguntou como fora o dia dele. Ele caiu no sono depressa, mas Annie ficou acordada, ouvindo o ronco de Duncan, com aversão a ele. Todo mundo tem aversão a seu parceiro, uma vez ou outra; ela sabia disso. Mas passara horas no escuro, pensando se já gostara dele. Teria sido realmente muito pior passar aqueles anos sozinha? Por que era preciso haver outra pessoa no aposento, enquanto ela comia, via TV ou dormia?
Supostamente, um parceiro representava um sinal de sucesso sob algum aspecto (...)
Mas na visão de Annie aquele relacionamento passara a assinalar fracasso, não sucesso. Ela e Duncan haviam ficado juntos porque eram as duas últimas pessoas a serem selecionadas para um time esportivo, e ela sentia que era uma esportista melhor

Extraído do livro "Juliet, Nua e Crua", de Nick Hornby



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