São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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NAS LOJAS

Rock
O POETA ESTÁ VIVO
  
CAZUZA

Gravado em maio de 1987, este show no teatro Ipanema marca um momento de transição para Cazuza (1958-1990). Durante os ensaios da turnê, que lançava seu segundo disco solo, "Só Se For a Dois", o cantor descobriu que tinha Aids. As músicas e a performance, no entanto, refletem um artista no auge, nada abatido, que apresentava músicas então inéditas, como "Brasil", ao mesmo tempo em que retomava a parceria com Frejat.
POR QUE OUVIR: As gravações, originalmente em fita cassete, foram descobertas e recuperadas apenas recentemente. O som abafado, que em tempos de superproduzidos discos ao vivo parecem apenas desleixo, torna o registro mais autêntico, de momento urgente. (BRUNO YUTAKA SAITO)

GRAVADORA: Som Livre/Universal. QUANTO: R$ 28, em média.

Eletrônico
TANK
   
ASIAN DUB FOUNDATION

Como um político que retorna de tempos em tempos com pequenas mudanças em sua plataforma, o nervoso Asian Dub Foundation volta-se, em seu quinto disco, para a Guerra do Iraque. Se, na capa, mostra os rastros de um tanque, nas letras, a sutileza não é menor, como na faixa-título (crítica direta à ocupação) ou em "Oil" (questionamento às reais razões da guerra). Sobra até para o Brasil e os índios krikati, em "Powerlines". Musicalmente, a mistura entre drum'n'bass, hip hop, punk, música indiana e dub ainda funciona, mas a inexistência de um homem de frente carismático faz falta.
POR QUE OUVIR: grupo britânico de origem paquistanesa, o ADF é dos poucos que une música e política sem tornar-se caricato. (BYS)

GRAVADORA: EMI. QUANTO: R$ 33, em média.

Electro
MIXING ME
   
MISS KITTIN

A EMI ainda não lançou aqui o último álbum de Miss Kittin, "I Com", mas coloca nas lojas este disco de remixes das novas canções da cantora e produtora francesa. Menos mal. Miss Kittin faz uma linha de electro que, diferentemente da turma electroclash/Gigolo, vai muito além dos anos 80 e da mise-en-scène excessiva. Pena que o disco tem apenas oito faixas, e algumas músicas aparecem duas vezes, em versões diferentes.
POR QUE OUVIR: O álbum é inteiro mixado, então dá para deixar o CD player e deixar a festa rolar. E os remixes são feitos por gente que conhece, como LFO e o alemão Michael Mayer. (THIAGO NEY)

GRAVADORA: EMI. QUANTO: R$ 30, em média.

Pop
MOTOWN REMIXES
 
VÁRIOS

Gostar desse disco é até possível, mais ainda se você for realmente ignorante sobre Motown -o que é difícil quando "Let's Get it On", com Marvin Gaye, e "I Want You Back", dos Jackson Five, já estão no DNA da espécie. Nada ia melhorar, mas o que chama atenção é o ar reverente da produção: mesmo caindo, as músicas não chegam a ser destruídas. Não há iconoclastia, para o bem e para o mal. Passa raspando no teste do ouvido, mas deixa dúvidas: Vai salvar as festas? Vamos pegar alguém com isto? Motown é basicamente essas duas perguntas.
POR QUE OUVIR: Para ter certeza de que o original e a sua época eram inspiradíssimos. (MÁRVIO DOS ANJOS)

GRAVADORA: Universal. QUANTO: R$ 39, em média.

Rock
TO HELL WITH JOHNNY CASH
  
MATANZA

"Todo homem sabe que é um maricas comparado a Johnny Cash", disse Bono Vox (U2). O grupo carioca Matanza, que foge de qualquer associação ao "mariquismo", devido a seu universo caricato de mulheres-diabo, cerveja e faroeste, busca engrossar e afirmar seu machismo ao encontrar o ícone country morto em 2003. Nesse disco, regravam canções mais antigas de Cash, em versões Matanza, ou seja, mais pesadas e com andamentos mais acelerados.
POR QUE OUVIR: em obra curta (com 24 minutos), a banda toma opção honesta de mercado: o mesmo disco (Dualdisc) comporta o CD e o DVD -que traz documentário sobre as gravações e videoclipes. (BYS)

GRAVADORA: Deckdisc. QUANTO: R$ 36, em média.

Rock
THE BRAVERY
 
THE BRAVERY

Como se um Killers já não fosse ruim o suficiente, como se os anos 80 ainda fizessem algum sentido, aparece o Bravery: cinco caras de Nova York cujo visual cairia bem num vídeo da Cindy Lauper e que chupam Duran Duran sem qualquer traço de piedade. Mas enquanto o grupo de Simon LeBon dava um gosto cínico ao synth-pop e à divertida new wave da época, o Bravery parece se levar a sério demais. Não chegam a atualizar nada, é tudo planejado demais.
POR QUE NÃO OUVIR: Tirando uma ou outra música, como "An Honest Mistake" e "Fearless", é tudo muito chato e cansa qualquer um. É o tipo de álbum que vai entupir as prateleiras das lojas de discos usados daqui a uns seis meses. (TN)

GRAVADORA: Universal. QUANTO: R$ 35, em média.


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