São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2001

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Cena do Estado vive estabilidade

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A cena de Porto Alegre sempre se renova. Mesmo que baseada nas inúmeras maneiras de reler o rock pós-jovem guarda de uma forma esquisita, ela é sempre reabastecida por novos nomes, sejam eles debutantes ou veteranos de roupa nova.
Hoje a cidade vive ares mais respiráveis. O fantasma do experimentalismo esquizofrênico parece ter encontrado lar junto a Marcelo Birck e seus Sons Trangênicos, pólo de produção de vanguarda erudita. A esquisitice musical deu espaço ao pop mais deslavado já feito na capital sul-riograndense. Liderada pelo combo Blitz + Rentals do Bidê ou Balde e pelo ultrapowerpop do Vídeo Hits, uma geração de novas bandas se cria sob o guarda-chuva do pop radiofônico descarado.
A Tom Bloch é sua vertente mais eletrônica, com ênfase nas referências de trip hop. A Wonkavision é influenciada pela Bidê ou Balde, enquanto os Irmãos Rocha! optam por uma música mais direta. Engrossam a nova safra nomes como Winston, Superphones, Refri, Alcalóides, Podia Ser Pior -grande parte com gravações conduzidas pelo produtor Charles "Cholly" Di Pinto.
Por outro lado, uma velha geração se reinventa. Wander Wildner lança seu terceiro disco, "Eu Sou Feio, mas Eu Sou Bonito", pela mesma Barulhinho que abriu espaço para a dupla hippie-budista Os The Dharma Lóvers (com Nenung, ex-Barata Oriental) e para o trabalho solo de Frank Jorge (que já passou pelos Cascavellettes, Graforréia e Cowboys Espirituais). Frank está preparando o segundo disco, "Vida de Verdade", e um em parceria com o ex-Graforréia Marcelo Birck.
Dos veteranos, apenas Jupiter Apple -que se bandeou para São Paulo- não traz novidades. Correndo na contramão, grupos como Walverdes (alternativo) e Space Rave (noise) seguem lançando seus trabalhos por gravadoras independentes de fora do Rio Grande, como a Monstro (de Goiânia) e a Ordinary (de SP).
Com rádios especializadas (Ipanema e Pop Rock), várias casas de show (Garagem Hermética, Área 51, Teatro de Elis, Chalé Bar, Ocidente, Zelig, Opinião), uma enormidade de fanzines eletrônicos, festas fixas, uma revista (a "Atlântida") e até um programa de TV ("Radar", apresentado por Frank Jorge diariamente às 18h na TV Educativa, canal 7), a cena gaúcha vive um de seus momentos de maior estabilidade. (AM)



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