Inglês encena luta de um emigrante africano por passaporte; alemão apresenta releitura de "Na Selva das Cidades", um Brecht ambientado em Chicago

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma conjunção casual traz para São Paulo, entre o final deste mês e o início do próximo, os espetáculos mais recentes de dois grandes nomes do teatro europeu contemporâneo: o inglês Peter Brook e o alemão Frank Castorf. Hoje, começam a ser vendidos os ingressos para "Sizwe Banzi Está Morto", espetáculo que Brook mostrou no Festival de Avignon e será apresentado de terça a quinta da semana que vem, no Sesc Anchieta. De 1º a 3 de setembro, é a vez de "Na Selva das Cidades", um Brecht assinado por Castorf com o seu grupo, o Volksbühne. Brook, 81, dá seqüência à pesquisa em teatro com seu grupo, International Centre for Theatre Research. O público brasileiro, que já assistiu a montagens como "O Traje" e "Tierno Bokar", encontrará aqui o despojamento da cena e a contundência dos intérpretes. O atores Habib Dembélé aka Guimba, nascido no Mali, e Pitcho Womba Konga, nascido no Congo, ocupam sozinhos o palco para narrar uma história que se passa na África do Sul. O emigrante do título se desespera com a busca de meios para sustentar a família. Para trabalhar, precisa de um passaporte válido. Mas aí começam os problemas: a única forma de obter o papel é estar morto. Temas como a relação de controle que o Estado exerce sobre a vida do cidadão são abordados na peça escrita a seis mãos por Athol Fugard, John Kani e Winston Ntshona. Já "Na Selva das Cidades" (2005) promete causar o mesmo impacto de "Endstation Amerika", a versão de Castorf, 55, para "Um Bonde Chamado Desejo". A peça de Brecht trata do duelo de dois homens na Chicago do início do século 20. A luta de boxe serve como metáfora do conflito de um empregado com um madeireiro.