LUCIANA COELHO
EDITORA-ADJUNTA DE MUNDO

Há pouco de novo em "In the Footsteps of Bin Laden" (No rastro de Bin Laden), que a CNN exibe hoje. Mas o programa apresentado por Christiane Amanpour amarra com competência o que se sabe sobre o foragido líder da Al Qaeda. Por meio de depoimentos de quem conviveu com o homem mais procurado pelos EUA e amparada no livro "The Osama Bin Laden I Know", de Peter Bergen, Amanpour reconstitui, da infância em Jidda à fuga para as montanhas afegãs, a trajetória do milionário saudita convertido em mentor do 11/9. São curiosos os depoimentos do vizinho e do professor de inglês -sobre o menino tímido e profundamente religioso que, nos anos 70, trocou os filmes de caubói e kung fu pela mesquita-, e de militantes que lutaram a seu lado contra a dominação soviética no Afeganistão, nos anos 80 -sobre um homem exaltado que pouco lembra a figura de ares messiânicos celebrizada em suas mensagens na TV. Esta só emergiria após o contato com o clérigo palestino Abdullah Azzam, com quem conviveu no Paquistão, no início dos anos 90. Mas o mais interessante está no óbvio: compilar a eficaz campanha de mídia da Al Qaeda, das entrevistas às videoameaças. E na sinistra conclusão de que Bin Laden já obteve o seu intento: inspirar milhares.