|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Rei agrada fãs com show de sempre
Primeira apresentação de Roberto Carlos no ginásio do Ibirapuera, na sexta, serve de roteiro para as próximas sete
João Wainer/Folha Imagem
|
|
Na última sexta-feira, Roberto Carlos iniciou a temporada paulistana
de shows em comemoração aos seus 50 anos de carreira
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se Roberto Carlos é mesmo -ao menos foi isso
que o Brasil aprendeu a
repetir- o homem que permanece há anos estancado no
mesmo lugar, fazendo o mesmíssimo show, sua apresentação de estreia no ginásio do Ibirapuera, na última sexta-feira,
pode servir de gabarito para
qualquer outra das sete que
ainda estão por vir nesta temporada paulistana (até 3/9).
Com atraso de 21 minutos, os
músicos começam a se acomodar no palco. As luzes permanecem acesas, mas a plateia já esboça o alvoroço.
O escuro só chega três minutos depois. Às 21h26, o maestro
Eduardo Lages dá o primeiro
acorde do arranjo instrumental
de "Como É Grande o Meu
Amor por Você". Uma voz de
radialista -a mesma há décadas- sai dos alto-falantes às
21h31: "Senhoras e senhores,
com vocês, Roberto Carlos".
Lá vem o Rei. Ele entra devagar, com seu sorriso triste de
sempre, se coloca na frente do
microfone e, às 21h32, dá um
suspiro forte. Pausa dramática.
"Quando eu estou aqui..."
Aplaude seus músicos às
21h34 e, um minuto depois, diz
a frase que as fãs já esperam:
"Que prazer rever vocês". Segue o discurso, demorando a dizer cada palavra, como se não
as estivesse lendo no monitor a
seus pés. "Meu negócio não é
falar, não. Posso dizer melhor
cantando."
E corre milimetricamente o
roteiro. "Eu Te Amo, Te Amo,
Te Amo" (ainda às 21h35),
"Além do Horizonte" (21h42),
"Amor Perfeito" (21h46). Pega
o violão às 21h52 para dedilhar
"Detalhes".
Os gritos da plateia são mais
fortes quando, às 21h59, surgem os primeiros versos de
"Outra Vez". É isso o que todos
querem de Roberto. Ouvir tudo
outra vez.
Um apanhado de canções dedicadas a seus pais vem na sequência, às 22h06. "Aquela Casa Simples", "Meu Querido,
Meu Velho, Meu Amigo", "Lady
Laura". E "Nossa Senhora", às
22h13, para aquela que considera sua outra mãe.
Temas de motel
O clima reverente/religioso é
cortado a navalhadas às 22h19,
pela sexual "Mulher Pequena".
Entram, na sequência, "Caminhoneiro" (22h24), "Do Fundo
do Coração" (22h30) e sua melhor lavra de temas de motel:
"Proposta" (22h37), "Seu Corpo" (22h39), "Os Seus Botões"
(22h41), "Café da Manhã"
(22h43) e "Cavalgada" (22h47).
São 22h54 quando Roberto
apresenta sua banda, a RC9.
Demora quatro minutos para
isso. "Há trinta e tantos anos
vejo essa mesma cena", ele admite. E volta a cantar, puxando,
às 22h58, um pout-pourri com
canções da Jovem Guarda.
"É Preciso Saber Viver", às
23h08, é o código para as fãs: o
show está acabando, podemos
ficar em pé. Em seguida virá
"Jesus Cristo".
Os relógios marcam 23h15
quando Roberto abre os braços
e agradece pela última vez.
Chega o momento de atirar as
rosas às moças. São 132 vermelhas e 36 brancas. Antes de lançá-las, leva cada uma delas na
direção dos lábios, esboçando
um beijo que nunca é dado. Isso
vai lhe custar oito minutos.
São 23h24 quando o Rei sai
do palco. A banda toca por mais
um minuto e o segue sem pressa, até que o cenário fique completamente vazio, às 23h25.
Ainda dá tempo de ouvir a frase
de alguma fã que acompanha
Roberto há muitos desses 50
anos: "Nunca vi um show como
este". Outro assim, só amanhã.
Avaliação: bom
Texto Anterior: Governo cobra mais de R$ 11 mi de cineastas "inadimplentes" Próximo Texto: Comentário: Coro e lágrimas acompanham "olhos tristes" Índice
|