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33ª MOSTRA DE SP
Crítica/"Tom Zé Astronauta Libertado" e "Continuação"
Personalidades de Tom Zé e Lenine contrastam em filmes
Com resultados distintos, documentários registram processo criativo dos dois
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Observar, desde o primeiro passo, o processo de concepção de um
álbum. Ser testemunha do desenrolar criativo do artista. De
como ele transforma as próprias sombras em música.
A esse lugar íntimo e obscuro
os documentários "Tom Zé Astronauta Libertado" e "Continuação", que têm primeiras
exibições hoje na Mostra Internacional de Cinema, pretendem levar o espectador.
"Eu faço do medo um trabalho", diz Tom Zé no primeiro,
dirigido pelo espanhol Ígor
Iglesias González. A frase é direcionada aos alunos de uma
oficina musical ministrada pelo
brasileiro em Astúrias, em
2008. "Quem não aprende com
os alunos está fodido."
González reuniu também
imagens de arquivo (poucas),
cenas do cotidiano do cantor e
ótimos depoimentos de Zé Miguel Wisnik, Luiz Tatit, Rita
Lee, Julio Medaglia e Neusa
Martins, mulher de Tom Zé.
Wisnik o chama de "bomba
de efeito retardado do movimento tropicalista". Tatit vai
adiante: "Não acho que Tom Zé
faça parte do grupo tropicalista.
Ele sempre foi de outro projeto.
(...) Trabalhava no limite do que
a gente chama de imperfeição".
Lenine é o artista central de
"Continuação", de Rodrigo
Pinto -basicamente, um registro de toda a pré-produção do
álbum "Labiata", lançado pelo
pernambucano em 2008.
Há cenas em estúdios, reuniões de planejamento de marketing, discussões inúteis -como uma sobre se a capinha do
CD deve ser em formato digipack ou acrílico-, escolha de figurino, fotos de divulgação.
Processo penoso -ao menos
para quem assiste- que gerou
um grande álbum e um filme
chato. Basicamente, um bônus
de DVD estendido a 1h10.
É importante que registros
como esses sejam feitos -e já
estava na hora de o Brasil entrar na onda. Mas nem tudo se
torna entretenimento e tem fôlego para encarar o grande público das salas de cinema.
Tom Zé é explosão, é performance. Um artista que não cabe em sua música. Basta ele e a
câmera para que o filme aconteça. Lenine, ao contrário, é
música pura. Mais do que sua
imagem, é ela quem melhor o
define. Se não por inteiro, ao
menos sua parte mais bonita.
TOM ZÉ
ASTRONAUTA LIBERTADO
Quando: hoje, às 19h20, no Cinesesc, e em outros três dias
Avaliação: ótimo
Classificação: 14 anos
CONTINUAÇÃO
Quando: hoje, às 19h40, no Unibanco Arteplex, e em outros dois dias
Avaliação: ruim
Classificação: 14 anos
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