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Cinqüentona?!
Será lançado hoje em SP "Pós-Tudo - 50 Anos de Cultura na Ilustrada", livro de Marcos Augusto Gonçalves, que conta a história dos 50 anos deste suplemento
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para descrever a Ilustrada
dos anos 60, Alexandre Gambirasio, então um dos chefes de
Redação da Folha, usa a expressão "salada russa".
É uma boa designação para
aquela mescla, nem sempre ordenada, de reportagens de
agências internacionais sobre
celebridades, artigos científicos, roteiros de espetáculos,
notícias de moda, quadrinhos,
horóscopo e coluna social.
Nas últimas cinco décadas, a
Ilustrada atravessou reformas
gráficas e mudanças em sua linha editorial. Mas, quando a folheamos nos dias de hoje, não é
difícil perceber que muito daquele universo de "variedades"
ainda permanece.
"O suplemento, com o tempo, tornou-se mais pensado, sofisticado e cultural, mas podemos dizer que tudo o que havia
no primeiro número de algum
modo está presente nas edições
de hoje", diz o jornalista Marcos Augusto Gonçalves, editor
do caderno e autor de "Pós-Tudo - 50 Anos de Cultura na Ilustrada". O livro, com projeto gráfico de Eliane Stephan, será
lançado hoje, a partir das 19h,
na Fiesp, com a abertura de
uma exposição baseada nele.
Além de uma reportagem
histórica, que serve de fio condutor, o volume reúne uma antologia de textos publicados
nos últimos 50 anos e entrevistas com nomes que participaram da trajetória do caderno.
"A Ilustrada contou com a
colaboração de jornalistas, intelectuais e artistas que participaram ativamente da vida cultural, da moda e do entretenimento do país. Nelson Rodrigues, Glauber Rocha, Paulo
Francis, Flávio Rangel e Costanza Pascolato são apenas alguns deles", lembra o autor.
O livro também dedica espaço para o traço de Angeli, Laerte e Glauco e traz cronologias,
fotos históricas e reproduções
de páginas que marcaram época. O título inspira-se no poema "Póstudo", de Augusto de
Campos, publicado pelo suplemento "Folhetim", em 1985.
O começo
O primeiro número da Ilustrada circulou no dia 10 de dezembro de 1958. O então dono
do jornal, José Nabantino Ramos, o idealizou como algo que
pudesse entreter as mulheres
enquanto os homens liam o noticiário "sério". "Pode parecer
machismo, mas na verdade reconhecia-se a emergência das
mulheres como leitoras e consumidoras num Brasil que se
modernizava", diz Gonçalves.
Em 1962, a Folha foi comprada pelos empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos
Caldeira Filho. Em meados
dessa década, quando o jornalista Cláudio Abramo assumiu
a Redação, concluiu-se que a
Ilustrada deveria mudar de
perfil. Não fazia sentido insistir
em temas triviais editados de
modo aleatório num momento
em que o mundo cultural mostrava um vigor poucas vezes
visto -e o concorrente "O Estado de S.Paulo" publicava artigos de intelectuais de renome,
como Décio de Almeida Prado
e Antonio Candido.
Nos anos 70, o processo de
modernização do caderno
avançou e, na década seguinte,
ele era o mais influente da imprensa brasileira. "A Ilustrada
atraiu jornalistas consagrados
e deu espaço à nova geração
que participou do movimento
estudantil no final dos 70. Em
meados dos anos 80 já era "o"
caderno de cultura do Brasil",
diz Gonçalves.
PÓS-TUDO - 50 ANOS DE CULTURA NA ILUSTRADA
Autor: Marcos Augusto Gonçalves
Editora: Publifolha
Quanto: R$ 59,90 (367 págs.)
Lançamento: hoje, a partir das 19h na
Fiesp (av. Paulista, 1.313)
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