São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 2005

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ERIKA PALOMINO

E NÃO É QUE A CASA DE CRIADORES DEU CERTO ?!

Rolou então no último finde a 17ª edição da Casa de Criadores. Sabe do que eu gostei? Primeiro, da locação que de absurdinha na semana passada virou tipo incrível lá, na hora. O espaço mais legal era o do jardim, e talvez por isso eu tenha achado o desfile dos P'tis o mais original -foi o primeiro lá.
Eles partiram da história da migração dos pássaros para fazer desfilar modelos fazendo coreografia de passarinho, meio virando a cabeça, e no final dando uns pulinhos para trás bem engraçados, acordando o público. Pena que foi um pouco longo no final. Faltou direção (como, aliás, na maior parte das apresentações do evento). As roupas é que eram boas: um look passado/presente com pé no vitoriano, mas jovem, contemporâneo e muito desejável.
 
Também gostei do retorno de Gustavo Silvestre. O melhor: as excelentes calças jeans, sequíssimas, as proporções modernas e atentas, as desencanadas blusas floridas e, finalmente, a excelente camisa masculina listrada de azul (os blazers não rolaram).
E eu me surpreendi com o crescimento de Elisa Chanan, numa cartela de cores sóbria, mas não sombria, look feminino e introspectivo. O melhor look inclui os maxicardigans em lã grossa, usados com grandes vestidos. Outros destaques: João Pimenta, em seu punk comercial, mas fresco e fashion, e a estreante Juliana Jabour, que trouxe um frisson ao evento, além de looks que as meninas de hoje querem ter.
 
Por fim, Walério Araújo, que desfilou na capela do hospital sua homenagem ao universo da noite de São Paulo. Travestis, modelos em penteados glamourosos e looks bem sexy, como bodies e vestidos chique de noite (os mais lindos), desciam uma escada de caracol para passear entre o público, que ficava em pé (como num clube, avisava o estilista), caminhando até o altar. Bom, tudo isso era meio confuso, o lugar algo escuro, e o produtor de moda do desfile faltou. Minutos antes do desfile, convidados se acotovelando lá fora, querendo entrar, Paulo César ainda arrumava os cabelos das meninas e o stylist improvisado (Dudu Bertholini), tentava colocar ordem no caos. Posso falar? Essa cena valeu, pra mim, muito mais do que o desfile. Pura cultura de noite.
Walério acertou no debochado masculino, nos ingênuos acessórios e no marabou que garante o glamour. Se não foi feliz no triste marrom da coleção, arrasou na camiseta Andréa di Maio.


Colaborou Sergio Amaral

na noite ilustrada...

Sábado
As bees se jogam na The Week na bombástica Babylon (a do último finde megalotou, com 2.600 pessoas, e diz que o hype é colocar!). Enquanto o verão não acaba, elas colocam picolés de fruta nos drinks. No Bar 13 (o antigo Pix) tem Hello!, com o line-up já clássico da minha festa mensal preferida: André Juliani e Mau Mau. Boa Páscoa no cabeção!

ADEUS, CHARLOTE
E enquanto Walério homenageava a mãe-de-todas, Andréa di Maio, a noite gay chorava a perda de outro personagem querido, a designer de jóias Charlote Maluf, na madrugada de sexta para sábado. E guerreira mesmo era Charlote, que batalhou a vida toda. Mas sempre doce, sempre sorrindo. Assim a gente quer lembrar dela.

CONHEÇA AS TENDÊNCIAS DO JEANS
No finzinho da temporada de desfiles em Paris, eu fiz algo que há muito eu tinha vontade: visitei a Premiére Vision, o maior evento de indústria têxtil do planeta. Fui a convite da tecelagem Corduroy, uma das cinco participantes brasileiras a fazer parte do time. O segredo deles é: serem muito seletivos no ingresso das marcas, para que o nível dos produtos seja sempre alto e, assim, que o interesse em torno da feira seja garantido. Entendeu? Outro aspecto: meses antes da data, as tecelagens devem mandar os produtos que serão os carros-chefes da coleção. E se não forem novos, não entram. "Estar na Première Vision é, antes de tudo, estar em sintonia com o que se faz hoje", diz Sergio Sondermann, conselheiro da empresa brasileira. São nove pavilhões, gigantes e bem equipados, separados em denim/veludo; sportswear; estamparia; sedas; bordados e rendas; bureaux de estilo; malharia; tinturaria; linhos; lãs e fibras. "Há um fórum para cada uma desses segmentos, e no final um fórum geral", explica a gerente de marketing da Suape Corduroy, Maria Cristina Campos, que me conduziu nos labirintos dos estandes (todos iguais, sem decoração cafona ou excessiva). Nesses halls estão os melhores produtos de cada participante. Um lounge fechado por cortinas, com vídeos e cadeiras, promove uma imersão nas tendências da estação, neste caso o verão 2006. No jeans, portanto, as tendências são as seguintes: valorização de acabamentos; leveza; fios mais sofisticados; estruturas mais finas, com densidade; visual cru, mas com maciez e firmeza; espírito natural; opacos; interferência sutil de cores; lavagens mais claras. Se joga!!

Erika Palomino visitou a feira a convite da Suape Têxtil Corduroy

10 FAIXAS DO MEU IPOD

1. "Kelly Blame", The Mogs
Neurótica, nervosa, tensa. Adoro a sonoridade.
2. "Now and Forever",
Kaos Me lembra o Hell's, a parte do Alfred.
3. "Beautiful Babies",
Plantlife O vocal negro da temporada, linda e lenta.
4. "7erJack", Hiltmeyer
Inc. Gosta de 70s? Se joga.
5. "My Reputation", Kaos
Desculpe repetir, mas é um dos CDs do ano. Sorry, Mylo.
6. "Vacuum Jackers", I:Cube (Maurice Fulton Mix)
Personalidade e energia.
7. "Honest Mistake", The
Bravery O som de hoje.
8. "Yr City's a Sucker", LCD
Soundsystem Pra mim, a mais sexy da temporada.
9. "I Hate the Way You Love
Part 2", The Kills Ela canta reclamando, como se estivesse de ressaca, eu adoro!
10. "This Love", Maroon 5
Que me perdoem os puristas, mas essa me tira de várias catacumbas.

CONVERSINHA

A MC Deize Tigrona é a autora dos absurdos versos de "Fama de Putona", ou "Eu Esculacho", que Tati Quebra-Barraco celebrizou. Ela estreou em São Paulo anteontem, na noite Pancadão, do Lov.e, ao lado do DJ Marlboro. Nessa conversinha antes de entrar no palco, atrasada, Deize Tigrona, fã de Hilda Furacão e nascida na CDD, explica a origem de seu nome e, boladona, manda farpas para a colega famosa.

 
Folha - Deu um susto no povo com seu atraso, hein?
Deize Tigrona -  Lá no Rio, o transito é horroroso. Quase perdi o avião.
 Folha - E a Tati? Vocês são amigas?
Tigrona -  Mais ou menos, né?
 Folha - Como assim?
Tigrona -  Ah! As pessoas quando vão cantar a música dos outros têm que avisar, né? Ela começou a cantar "Eu Esculacho"; quando fui ver, já estava registrada e ela não falava que a música era minha. No final fui falar com ela e ela ainda brigou comigo!
 Folha - Você já viu o "Sou Feia Mas Tô na Moda", documentário de Denise Garcia sobre as mulheres no funk?
Tigrona -  Não vi ainda, não. Mas é por causa dele que tenho aparecido mais.
 Folha - Você tem alguém ou algo que te inspira a escrever suas músicas?
Tigrona -  Olha, o que me inspirou a escrever foi uma minisérie que vi na TV, "Hilda Furacão".


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