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Marketing ostensivo e crise de subsídio marcam evento
DO ENVIADO ESPECIAL
Antes das sessões no teatro da
Reitoria, atores locais sobem ao
palco, sob o arco alusivo à montadora que patrocina o evento, e
mandam ver um esquete, um "comercial cênico", não bastassem
suportes como o outdoor e o próprio telão que anualmente descarrega seus cinco minutos de marcas sobre a platéia.
Nada de novo para um festival
de teatro que já elegeu a caixa de
sabão em pó como símbolo de
campanha publicitária (2001). A
novidade é que, em meio ao bombardeio de brindes entregues à
entrada de alguns teatros por moças e rapazes contratados, a discussão sobre formas de políticas
públicas para a cultura também
encontra brecha neste 14º Festival
de Teatro de Curitiba.
Na terça-feira, um debate sobre
a Coletiva, projeto autônomo de
artistas paranaenses que ocupam
o teatro Paiol com oito espetáculos no Fringe, tratou menos de estéticas, como se supunha, e enveredou pela falta de subsídios.
"A questão surgiu porque, apesar da experiência de linguagens e
do sofisticado repertório apresentado, os resultados ficaram
aquém do esperado justamente
por falta de recursos materiais
[cenários, figurinos, equipamentos de som e luz etc] e humanos
[para um melhor treinamento de
ator]", diz o dramaturgo Aimar
Labaki, 44, responsável por mediar o encontro.
Segundo Labaki, os artistas afirmam que a lei de incentivo fiscal
de Curitiba "está atrasada quatro
anos". Ou seja, se um grupo for
aprovado para captar recursos
junto à iniciativa privada (patrocínio abatido de impostos, dinheiro público), o processo se arrasta por causa da burocracia.
De passagem pela Mostra Oficial, a paulistana Cia. Livre trouxe
"Arena Conta Danton" e distribuiu cópias do último manifesto
do movimento Arte contra a Barbárie. O documento sai em defesa
da Lei de Fomento que a Prefeitura de São Paulo suspendeu sob
alegação de submetê-la a revisão
jurídica.
Patrocínio
Mesmo as produções convidadas pela organização do FTC (alimentação, hospedagem, transporte), e que recebem cachê (a
Folha apurou que uma delas ganhou R$ 5.000 por apresentação),
dependem de patrocínio.
A carioca "Baque", por exemplo, traz o selo dos Correios, que
garantiu temporada no espaço
cultural da estatal no Rio, inclusive com ingressos a R$ 10. "Os cachês são simbólicos. O patrocínio
foi fundamental para vir a Curitiba", diz o ator e produtor Carlos
Evelyn, de "Baque", montagem
que envolve 12 pessoas.
Das 187 peças do Fringe, pelo
menos cem delas vêm de outros
Estados. A maioria viajou com
apoio de prefeituras, Câmaras,
empresas aéreas ou de ônibus.
"Muitos espetáculos foram cancelados por conta das mudanças
de comando nas prefeituras", diz
o diretor-geral do FTC, Victor
Aronis, 43, um dos sócios da Calvin Entretenimento.
Sobre a ostensividade dos patrocinadores, Aronis admite problema: "Em geral, as empresas
que entram pela primeira vez são
muito afoitas. Temos de rever". O
orçamento é de R$ 1,8 milhão.
O jornalista Valmir Santos e a repórter
fotográfica Lenise Pinheiro viajam a
convite da organização do 14º Festival
de Teatro de Curitiba
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