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Crítica/"Tias Duronas"
Filme mostra cruzada contra abuso sexual
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Em "Me Abrace Forte e me Deixe Ir" (2007), exibido no É Tudo Verdade de 2008, a inglesa Kim
Longinotto acompanha o dia-a-dia de uma escola para crianças que sofreram "severo trauma emocional". Outro pesadelo
infantil a mobiliza em "Tias
Duronas", que recebeu o Grande Prêmio do júri de documentários no Sundance deste ano.
Diretora e operadora de câmera de seus filmes, Longinotto vai desta vez até Durban, na
região nordeste da África do
Sul, para mostrar a Operação
Urso Bobbi, voltada para crianças que foram vítimas de abuso
sexual -horror encarado de
frente, mas com delicadeza, logo na abertura, quando uma
menina conta o que lhe aconteceu para uma das tias da ONG.
Essas mulheres, brancas e
negras, vivem uma intensa experiência de amor e ternura
com as crianças que amparam.
Já com os adultos que abusaram delas, com a polícia e com a
Justiça, aí, sim, as tias são "duronas", em uma cruzada contra
a "cultura do silêncio" em torno
do abuso sexual no país.
A câmera de Longinotto obtém seu melhor desempenho
quando se insere, discretamente, em reuniões e sessões de
atendimento na sede, bem como em visitas a casas onde abusos foram denunciados. Sua
busca é a de um olhar que não
seja invasivo a ponto de desrespeitar os personagens.
Não é uma empreitada simples, nessas circunstâncias, e
talvez haja quem se incomode
com eventuais avanços em momentos íntimos, como o da
morte de um menino -episódio paralelo à atuação principal
da ONG, mas de alto teor emocional, e que ajuda a entender
um pouco melhor tanto o grau
de politização das tias quanto a
fragilidade da população pobre.
TIAS DURONAS
Produção: Reino Unido, 2008
Direção: Kim Longinotto
Onde: amanhã, às 15h, no Cinesesc;
sexta, às 15h, e domingo, às 17h, no
CCBB-SP
Avaliação: bom
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