São Paulo, quarta-feira, 25 de março de 2009

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Crítica/"Tias Duronas"

Filme mostra cruzada contra abuso sexual

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Em "Me Abrace Forte e me Deixe Ir" (2007), exibido no É Tudo Verdade de 2008, a inglesa Kim Longinotto acompanha o dia-a-dia de uma escola para crianças que sofreram "severo trauma emocional". Outro pesadelo infantil a mobiliza em "Tias Duronas", que recebeu o Grande Prêmio do júri de documentários no Sundance deste ano. Diretora e operadora de câmera de seus filmes, Longinotto vai desta vez até Durban, na região nordeste da África do Sul, para mostrar a Operação Urso Bobbi, voltada para crianças que foram vítimas de abuso sexual -horror encarado de frente, mas com delicadeza, logo na abertura, quando uma menina conta o que lhe aconteceu para uma das tias da ONG.
Essas mulheres, brancas e negras, vivem uma intensa experiência de amor e ternura com as crianças que amparam. Já com os adultos que abusaram delas, com a polícia e com a Justiça, aí, sim, as tias são "duronas", em uma cruzada contra a "cultura do silêncio" em torno do abuso sexual no país.
A câmera de Longinotto obtém seu melhor desempenho quando se insere, discretamente, em reuniões e sessões de atendimento na sede, bem como em visitas a casas onde abusos foram denunciados. Sua busca é a de um olhar que não seja invasivo a ponto de desrespeitar os personagens. Não é uma empreitada simples, nessas circunstâncias, e talvez haja quem se incomode com eventuais avanços em momentos íntimos, como o da morte de um menino -episódio paralelo à atuação principal da ONG, mas de alto teor emocional, e que ajuda a entender um pouco melhor tanto o grau de politização das tias quanto a fragilidade da população pobre.


TIAS DURONAS

Produção: Reino Unido, 2008
Direção: Kim Longinotto
Onde: amanhã, às 15h, no Cinesesc; sexta, às 15h, e domingo, às 17h, no CCBB-SP
Avaliação: bom



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