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Crítica
Visual deslumbrante não compensa falhas no roteiro
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA, EM CANNES
Lançado na internet meses atrás, o primeiro
trailer de "Marie-Antoinette" jogou às alturas a expectativa em torno do novo longa-metragem de Sofia Coppola.
Um clipe forrado de imagens
deslumbrantes de Kirsten
Dunst como a última rainha da
França, ao som de "Age of Consent", de New Order, sugeria
uma obra de alta voltagem, fusão original e explosiva entre o
histórico e o contemporâneo.
Mas não foi isso o que se encontrou na primeira projeção
pública do filme, ontem, em
Cannes. O resultado está muitos tons abaixo do esperado -o
que pode explicar a vaia que
"Marie-Antoinette" levou.
Aquilo que parecia tão bem
condensado no trailer perdeu a
força no longa. É claro que Sofia Coppola se posiciona quilômetros à frente da grande
maioria dos diretores que se
aventuraram pelos filmes históricos. Em nenhum momento
ela pretendeu fazer uma mera
reconstituição de época.
A cineasta propõe uma interpretação assumida da história,
na qual música e costumes (os
figurinos são da genial Milena
Canonero) fazem ressonância
com a modernidade. Sofia filma Versalhes com o mesmo
despojamento que filmou o Japão em "Encontros e Desencontros" e, apesar da beleza
deslumbrante, não recai no
mau gosto do filme pomposo.
Entre a Maria Antonieta personagem da história e aquela
da fantasia de Sofia, porém,
não se forjou uma terceira convincente, de celulóide. A cineasta encara só parcialmente
o que a atraiu na vida da rainha
adolescente -uma espécie de
solidão intrínseca da condição
feminina e a dor dessa constatação na juventude.
Avaliação:
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