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Petróleo move cultura de Houston
Filial da Petrobras é um dos apoiadores do museu de belas artes, que quer ampliar projeção da arte latino-americana
Cidade tem coleções de artistas importantes, como Rothko e Twombly; arte brasileira vai ganhar um prédio próprio no MFAH
DA ENVIADA ESPECIAL A HOUSTON
É em um prédio do alemão
Mies van der Rohe, um dos
mestres da Bauhaus, que estão
as obras da coleção Adolpho
Leirner. Inaugurado em 1957, o
pavilhão é do mesmo período
em que foram feitos os trabalhos em exposição. Mas, até
2010, a coleção deve ganhar endereço próprio, em um novo
prédio que o Museum of Fine
Arts, Houston (MFAH) pretende construir em frente ao de
Van Der Rohe.
Com orçamento de US$ 50
milhões (R$ 97,5 milhões), apenas US$ 500 mil (R$ 975 mil)
vêm da prefeitura e do Estado
-o museu é uma instituição
privada mantida por doadores.
Entre os apoiadores da coleção de arte latino-americana e
do International Center for the
Arts of the Americas, está a Petrobras. A sede da Petrobras
America fica em Houston e tem
300 funcionários.
A riqueza gerada pelo petróleo ajuda a manter os museus
da cidade. Caroline Wiess Law
(1918-2003) dá nome ao prédio
que guarda a coleção de arte
construtivista brasileira. Ela legou ao MFAH sua fortuna de
US$ 400 milhões, além de sua
própria coleção de arte, amealhada por sua família com a exploração de petróleo.
"É importante observar o interesse econômico e a presença
da Petrobras na cidade", afirma
Paulo Sergio Duarte, professor
da Universidade Candido Mendes e curador da última Bienal
do Mercosul. Duarte, que escreveu sobre a coleção Adolpho
Leirner, participou da abertura
da mostra. Ele lembra ainda
que o MFAH não é a única instituição importante da cidade.
"O museu não é o único ponto de arte, há também a Menill
Collection, que mantém a
Rothko Chapel e a galeria Cy
Twombly. É uma constelação
de investimentos artísticos e a
arte latina se inscreve nisso."
A Rothko Chapel não é uma
capela, mas um pequeno auditório. Nas paredes, pinturas do
artista abstrato, que teve um
quadro vendido por US$ 72,8
milhões (R$ 147 milhões). Já
Twombly é um dos maiores artistas americanos vivos.
Invasão brasileira
Peter Marzio, diretor do
MFAH desde 1982, enumera
várias razões para a entrada da
arte brasileira e latina na cidade. "Temos uma forte percepção de que a arte latino-americana não é apreciada nem entendida nos EUA", diz Marzio.
O diretor aponta ainda a
grande comunidade hispânica
da cidade. "Sei que no Brasil se
fala o português, mas no fim
são todos parte de uma grande
população. Como todos os outros imigrantes que chegaram
aos EUA, eles trazem seu passado e sua herança cultural, que
são muito importantes."
Houston tem 4,9 milhões de
pessoas, e 33% são hispânicos
ou descendentes. Há 7.000 brasileiros, segundo estimativa do
consulado do Brasil na cidade.
O espanhol está em toda parte,
até mesmo nas visitas guiadas
para crianças nos museus.
A arte latino-americana está
presente há muito tempo no
MFAH. "Nos anos 30, o museu
fez exposições importantes de
arte mexicana", lembra Marzio. A ênfase na arte latino-americana do século 20 e o investimento pesado começaram
em 2000. De 2000 a 2010, o departamento de arte latina do
museu deve gastar US$ 80 milhões (R$ 156 mi) em aquisição
de acervo e outras atividades
relacionadas.
(TN)
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