São Paulo, sexta-feira, 25 de maio de 2007

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Petróleo move cultura de Houston

Filial da Petrobras é um dos apoiadores do museu de belas artes, que quer ampliar projeção da arte latino-americana

Cidade tem coleções de artistas importantes, como Rothko e Twombly; arte brasileira vai ganhar um prédio próprio no MFAH


DA ENVIADA ESPECIAL A HOUSTON

É em um prédio do alemão Mies van der Rohe, um dos mestres da Bauhaus, que estão as obras da coleção Adolpho Leirner. Inaugurado em 1957, o pavilhão é do mesmo período em que foram feitos os trabalhos em exposição. Mas, até 2010, a coleção deve ganhar endereço próprio, em um novo prédio que o Museum of Fine Arts, Houston (MFAH) pretende construir em frente ao de Van Der Rohe.
Com orçamento de US$ 50 milhões (R$ 97,5 milhões), apenas US$ 500 mil (R$ 975 mil) vêm da prefeitura e do Estado -o museu é uma instituição privada mantida por doadores.
Entre os apoiadores da coleção de arte latino-americana e do International Center for the Arts of the Americas, está a Petrobras. A sede da Petrobras America fica em Houston e tem 300 funcionários.
A riqueza gerada pelo petróleo ajuda a manter os museus da cidade. Caroline Wiess Law (1918-2003) dá nome ao prédio que guarda a coleção de arte construtivista brasileira. Ela legou ao MFAH sua fortuna de US$ 400 milhões, além de sua própria coleção de arte, amealhada por sua família com a exploração de petróleo.
"É importante observar o interesse econômico e a presença da Petrobras na cidade", afirma Paulo Sergio Duarte, professor da Universidade Candido Mendes e curador da última Bienal do Mercosul. Duarte, que escreveu sobre a coleção Adolpho Leirner, participou da abertura da mostra. Ele lembra ainda que o MFAH não é a única instituição importante da cidade.
"O museu não é o único ponto de arte, há também a Menill Collection, que mantém a Rothko Chapel e a galeria Cy Twombly. É uma constelação de investimentos artísticos e a arte latina se inscreve nisso."
A Rothko Chapel não é uma capela, mas um pequeno auditório. Nas paredes, pinturas do artista abstrato, que teve um quadro vendido por US$ 72,8 milhões (R$ 147 milhões). Já Twombly é um dos maiores artistas americanos vivos.

Invasão brasileira
Peter Marzio, diretor do MFAH desde 1982, enumera várias razões para a entrada da arte brasileira e latina na cidade. "Temos uma forte percepção de que a arte latino-americana não é apreciada nem entendida nos EUA", diz Marzio.
O diretor aponta ainda a grande comunidade hispânica da cidade. "Sei que no Brasil se fala o português, mas no fim são todos parte de uma grande população. Como todos os outros imigrantes que chegaram aos EUA, eles trazem seu passado e sua herança cultural, que são muito importantes."
Houston tem 4,9 milhões de pessoas, e 33% são hispânicos ou descendentes. Há 7.000 brasileiros, segundo estimativa do consulado do Brasil na cidade. O espanhol está em toda parte, até mesmo nas visitas guiadas para crianças nos museus.
A arte latino-americana está presente há muito tempo no MFAH. "Nos anos 30, o museu fez exposições importantes de arte mexicana", lembra Marzio. A ênfase na arte latino-americana do século 20 e o investimento pesado começaram em 2000. De 2000 a 2010, o departamento de arte latina do museu deve gastar US$ 80 milhões (R$ 156 mi) em aquisição de acervo e outras atividades relacionadas. (TN)


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