São Paulo, segunda-feira, 25 de maio de 2009

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Crítica

Média-metragem faz painel da improvisação poética

CRÍTICO DA FOLHA

A dupla Caju e Castanha (do curta "A 8.944 km de Cannes", dirigido por Walter Salles para a coletânea "Cada Um com Seu Cinema"), Thaíde e dezenas de outros músicos, muitos desconhecidos, protagonizam o média-metragem "Versificando", de Pedro Caldas.
Esse elenco diversificado representa, hoje, cinco gêneros de improvisação poética: o repente, a embolada, o cururu, o partido-alto e o "free style". Por trás de cada um deles, esconde-se um universo muito particular de referências musicais e sociais, que o documentário investiga com depoimentos, apresentações e análises.
O passeio, mais lúdico do que didático, começa pelo repente, cujas origens são atribuídas a Portugal, onde surgiu com o nome de "desgarrada". O jornalista Assis Ângelo diz ter identificado 83 modalidades de cantoria, mas menciona um pesquisador que teria chegado a mais de cem.
Dos repentistas e a busca obrigatória de "métrica, rima e oração", o documentário salta para o formato mais livre, rápido e bem-humorado da embolada, mapeia as origens do cururu na região do médio Tietê, no interior de São Paulo, insere o partido-alto em certa linhagem do samba, compromissada com o entorno social, e chega por fim às "batalhas" de rap entre MCs de "free style".
A condensação do vasto material captado em meros 52 minutos traz informação demais, nos dois sentidos do termo: o suficiente para agradar espectadores atraídos pelo uso do verso improvisado nessas manifestações musicais, mas não o bastante, em seu resumo acelerado, para saciar a curiosidade sobre elas, como se os cortes promovessem saltos sobre pontos ainda excessivamente em aberto. (SR)

Avaliação: regular

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