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Crítica
Média-metragem faz painel da improvisação poética
CRÍTICO DA FOLHA
A dupla Caju e Castanha
(do curta "A 8.944 km
de Cannes", dirigido
por Walter Salles para a coletânea "Cada Um com Seu Cinema"), Thaíde e dezenas de outros músicos, muitos desconhecidos, protagonizam o média-metragem "Versificando",
de Pedro Caldas.
Esse elenco diversificado representa, hoje, cinco gêneros
de improvisação poética: o repente, a embolada, o cururu, o
partido-alto e o "free style". Por
trás de cada um deles, esconde-se um universo muito particular de referências musicais e sociais, que o documentário investiga com depoimentos,
apresentações e análises.
O passeio, mais lúdico do que
didático, começa pelo repente,
cujas origens são atribuídas a
Portugal, onde surgiu com o
nome de "desgarrada". O jornalista Assis Ângelo diz ter identificado 83 modalidades de cantoria, mas menciona um pesquisador que teria chegado a
mais de cem.
Dos repentistas e a busca
obrigatória de "métrica, rima e
oração", o documentário salta
para o formato mais livre, rápido e bem-humorado da embolada, mapeia as origens do cururu na região do médio Tietê,
no interior de São Paulo, insere
o partido-alto em certa linhagem do samba, compromissada
com o entorno social, e chega
por fim às "batalhas" de rap entre MCs de "free style".
A condensação do vasto material captado em meros 52 minutos traz informação demais,
nos dois sentidos do termo: o
suficiente para agradar espectadores atraídos pelo uso do
verso improvisado nessas manifestações musicais, mas não o
bastante, em seu resumo acelerado, para saciar a curiosidade
sobre elas, como se os cortes
promovessem saltos sobre
pontos ainda excessivamente
em aberto.
(SR)
Avaliação: regular
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