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ANÁLISE
Por trás da transformação do teatro em fundação, esconde-se um problema político
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
Há certa racionalidade na transformação, em fundação de direito
público, do Teatro Municipal de
São Paulo, que com isso ganharia
uma mobilidade de gestão com
reflexos na qualidade de sua produção artística.
Mas há por detrás da transformação um problema político:
quem assumirá o controle do teatro? E até que ponto os administradores da fundação se curvarão
às diretrizes culturais do novo
prefeito, a partir de janeiro?
O Municipal tem o peso de uma
repartição pública. Os corpos estáveis (instrumentistas, cantores,
bailarinos) não podem ser tratados da mesma forma que escriturários, embora caiam com frequência na tentação de também
reagir por critérios corporativos.
Qualquer mexida de estatuto
chacoalhará esse conjunto de interesses contraditórios. A rigor, é
difícil encontrar um ângulo desinteressado a partir do qual o
problema se torne mais nítido.
Há, por certo, o interesse público, que consiste em exigir mais espetáculos e todos de melhor qualidade. Vejamos a produção lírica,
por exemplo. O teatro chegou a
exibir há dez anos uma temporada de sete espetáculos. Programou este ano só três, todos produzidos por agentes externos (Patronos, teatro Alfa).
E a Sinfônica Municipal está em
crise, sem recursos para contratar
solistas que reciclem seus naipes.
Seus concertos caíram de periodicidade e têm um público mais reduzido.
É triste e complicado, muito
complicado.
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