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TELEVISÃO
Hatch ganha US$ 1 milhão após 13 semanas
Gay assumido é o vencedor da série americana "Survivor"
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A cobra comeu o rato, e deu
Darwin na cabeça. Depois de 13
semanas, o consultor de pessoal
Richard Hatch, 39, o gay assumido e nudista, o rasputin de maiô,
amanheceu US$ 1 milhão de dólares mais rico no episódio final do
reality show "Survivor".
O programa foi ao ar anteontem
à noite nos Estados Unidos. Estima-se que o especial de duas horas, que começou às 20h de quarta
(21h de Brasília), tenha sido assistido por 40 milhões de pessoas e
rendido US$ 20 milhões à emissora CBS. É o maior sucesso do verão na história da TV norte-americana.
O número perde para o ainda
inconteste campeão de audiência,
o episódio final da série
"M.A.S.H.", assistido por 50,15
milhões em 1983, mas equiparou-se em barulho ao dia em que foi
revelado quem matou J.R. no seriado "Dallas" e à despedida de
Jerry Seinfeld, em 1998.
Tudo aconteceu em Pulau Tiga,
na Malásia, mas poderia ter sido
em Galápagos, o paraíso da teoria
da evolução, tão efetiva foi a metáfora. Acompanhe: os 16 humanos vieram da água, desembarcaram na ilha sem nada e tiveram de
inventar uma civilização própria.
No início, os testes eram físicos,
o que foi eliminando os mais fracos do jogo. Depois, as competições passaram a ser mais cerebrais. Com a diminuição da população, conchavos e alianças começaram a ser feitos.
Quem ameaçasse o equilíbrio
de forças era expulso na próxima
votação. Até que ficaram os quatro finalistas. A última prova que
tiveram de fazer não exigia força,
mas força de vontade: vencia
quem ficasse mais tempo com a
mão encostada numa madeira.
Simples assim. Mas você tinha
de querer ficar lá.
Então, a vida que começou na
água terminou num julgamento.
Os dois últimos sobreviventes enfrentaram um júri final, composto pelos sete eliminados antes deles. Tiveram de responder por
seus atos e convencer as pessoas a
darem o milhão para um deles.
A última do júri a falar foi a caminhoneira Susan Hawk. Ela pediu o voto dos colegas para Hacht.
Seu discurso foi uma das boas coisas da televisão neste ano.
Irada, a águia da ilha fez uma
analogia. Disse que a guia de passeios Kelly Wiglesworth, 23, a outra concorrente, era um rato, pois
havia traído todos que confiaram
nela para conseguir chegar à final,
e Richard era uma cobra, que não
se incomodava em picar quem
atrapalhasse seus objetivos.
Nada mais natural, então, disse
ela, que a cobra coma o rato. Foi
profética. Depois de 39 dias na
ilha, o mais bem-sucedido programa da franquia de reality
shows que vem mudando a TV,
inclusive no Brasil com "No Limite", terminou com a cobra comendo o rato.
Detalhe: a cobra era gay.
Avaliação:
Na Internet: www.cbs.com/survivor
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