São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2000


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TELEVISÃO
Hatch ganha US$ 1 milhão após 13 semanas
Gay assumido é o vencedor da série americana "Survivor"

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A cobra comeu o rato, e deu Darwin na cabeça. Depois de 13 semanas, o consultor de pessoal Richard Hatch, 39, o gay assumido e nudista, o rasputin de maiô, amanheceu US$ 1 milhão de dólares mais rico no episódio final do reality show "Survivor".
O programa foi ao ar anteontem à noite nos Estados Unidos. Estima-se que o especial de duas horas, que começou às 20h de quarta (21h de Brasília), tenha sido assistido por 40 milhões de pessoas e rendido US$ 20 milhões à emissora CBS. É o maior sucesso do verão na história da TV norte-americana.
O número perde para o ainda inconteste campeão de audiência, o episódio final da série "M.A.S.H.", assistido por 50,15 milhões em 1983, mas equiparou-se em barulho ao dia em que foi revelado quem matou J.R. no seriado "Dallas" e à despedida de Jerry Seinfeld, em 1998.
Tudo aconteceu em Pulau Tiga, na Malásia, mas poderia ter sido em Galápagos, o paraíso da teoria da evolução, tão efetiva foi a metáfora. Acompanhe: os 16 humanos vieram da água, desembarcaram na ilha sem nada e tiveram de inventar uma civilização própria.
No início, os testes eram físicos, o que foi eliminando os mais fracos do jogo. Depois, as competições passaram a ser mais cerebrais. Com a diminuição da população, conchavos e alianças começaram a ser feitos.
Quem ameaçasse o equilíbrio de forças era expulso na próxima votação. Até que ficaram os quatro finalistas. A última prova que tiveram de fazer não exigia força, mas força de vontade: vencia quem ficasse mais tempo com a mão encostada numa madeira.
Simples assim. Mas você tinha de querer ficar lá.
Então, a vida que começou na água terminou num julgamento. Os dois últimos sobreviventes enfrentaram um júri final, composto pelos sete eliminados antes deles. Tiveram de responder por seus atos e convencer as pessoas a darem o milhão para um deles.
A última do júri a falar foi a caminhoneira Susan Hawk. Ela pediu o voto dos colegas para Hacht. Seu discurso foi uma das boas coisas da televisão neste ano.
Irada, a águia da ilha fez uma analogia. Disse que a guia de passeios Kelly Wiglesworth, 23, a outra concorrente, era um rato, pois havia traído todos que confiaram nela para conseguir chegar à final, e Richard era uma cobra, que não se incomodava em picar quem atrapalhasse seus objetivos.
Nada mais natural, então, disse ela, que a cobra coma o rato. Foi profética. Depois de 39 dias na ilha, o mais bem-sucedido programa da franquia de reality shows que vem mudando a TV, inclusive no Brasil com "No Limite", terminou com a cobra comendo o rato.
Detalhe: a cobra era gay.


Avaliação:     
Na Internet: www.cbs.com/survivor


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