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MÚSICA
Evento criado em 71, na Inglaterra, apresenta cerca de 135 atrações, entre bandas de sucesso e novas promessas
Reading Festival caça novidades do rock
LÚCIO RIBEIRO
ENVIADO ESPECIAL A READING
Evento de música onde o rock
não é mero coadjuvante, acontece
de hoje a domingo a edição 2000
do tradicional Reading Festival,
talvez a principal reunião de público jovem, guitarras e toca-discos do planeta.
O festival é realizado em uma fazenda na cidadezinha de Reading,
oeste de Londres, Inglaterra.
Além de ser sede de um dos principais festivais de verão da Europa, a cidade é famosa por sua atmosfera universitária e por servir
de moradia para uma das mais
perigosas facções dos hooligans.
O Reading Festival 2000 vai espalhar, por quatro palcos, cerca
de 135 atrações dos mais variados
estilos musicais: britpop, hard
rock, eletrônica, hip hop, indie,
noise, punk. Da mais nova promessa ao sucesso absoluto.
Os grandes nomes do festival se
dividem nos três dias. Hoje, na
primeira parte da maratona de 11
horas de barulhos diários ininterruptos, há uma noite pop de gala.
Sobem ao palco principal, pela ordem, Foo Fighters, Primal Scream
e Oasis. Os três supergrupos em
um dia que ainda terá a revelação
inglesa Doves, o velho e bom Boss
Hog (banda do impagável Jon
Spencer) e o rock étnico do Asian
Dub Foundation, a banda mais
próxima do século 21.
Amanhã, sábado, o dia termina
com Beck e o retorno dos queridinhos brit Pulp.
Fecham a noite do domingo os
amados locais Placebo, de Londres, e Stereophonics, do País de
Gales. Isso se o palco se mantiver
em pé depois da passagem barulhenta do teen Blink 182, Rage
Against the Machine e da banda
de palhaços trash Slipknot. Para o
domingo, os ingressos estão esgotados há dois meses.
Mas o mais divertido em um
festival do porte do Reading é caçar os novos nomes que podem
estourar em breve, em prestígio e
vendas. Espalhados pelos quatro
palcos, chamam a atenção as
apresentações dos texanos do
And You Know Us by the Trail of
Dead, Cay, Crashland, Grandaddy, Clinic, Cotton Mather,
JJ72 e muitos outros.
Em resumo, se alguma banda de
ponta não está na edição deste
ano do Reading, ou ela tocou no
ano passado, ou vai tocar no próximo, ou então não importa para
o rock desta época.
Paralelo ao Reading, a cidade de
Leeds recebe o mesmo formato de
festival, só que com alternância de
atrações e com um dia de diferença entre os eventos. No Leeds, o
festival vai de sábado a segunda. A
trinca Oasis, Primal Scream e Foo
Fighters, que fecha a primeira
noite no Reading, encerra o festival de Leeds, na segunda.
A junção de Leeds à tradição do
Reading se deu graças ao patrocínio da cerveja Carling, que chama
essa união de Carling Weekend, o
fim-de-semana prolongado pelo
feriado bancário do Reino Unido,
que marca o final do verão.
Estima-se que o Reading reúna,
em seus três dias, cerca de 240 mil
pessoas, o que deve gerar o consumo estimado de 150 mil litros de
cerveja, 100 mil hambúrgueres e
50 mil donuts, números bizarros,
sempre divulgados pela organização do festival.
O Reading monta uma verdadeira cidade para abrigar a multidão roqueira. No local do evento,
além dos quatro palcos, há uma
grande tenda para comediantes,
inúmeras barracas de comida,
quatro tendas enormes de bebida,
várias lojinhas de roupas, discos,
locais para tatuagem e um palco
para um karaokê indie dos mais
frequentados e divertidos.
O festival, que acontece desde
1971, foi mudando sua tendência,
acompanhando o rumo do rock
através dos tempos. Nos anos 70,
compareciam grupos de hard
rock e progressivo; no final da década, foi se rendendo ao punk; em
1991, fez explodir a cena grunge; e
chega a este final de século com o
foco na "novidade".
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