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MUNDO DE BACO
Adegas platinas merecem atenção
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Com o patrocínio da Fundacion ProMendoza, entidade
argentina dedicada à divulgação
dos produtos da província platina, 30 adegas do país apresentaram seus vinhos durante um
evento realizado dia 9 de agosto
no hotel Sofitel, em São Paulo.
Várias delas, ainda (na época)
sem representante no Brasil, deverão, ao que tudo indica, aparecer logo por aqui, pelo que vale a
pena ficar de olho nelas.
Entre as boas novidades de
áreas vinícolas não muito conhecidas dos pampas, menção para a
San Huberto (da província de La
Rioja, no noroeste do país), que
trouxe um cabernet sauvignon
crianza 97 concentrado bem feito
e de sabor muito bom (avaliação
84-85 numa escala de 0 a 100), e
para a Horacio Nesman, de San
Juan, província ao norte de Mendoza, pelo seu malbec 99, denso
com sabor que combina ameixas
maduras com baunilha e chocolate (84-85/100).
Na ala da província de Mendoza, verdadeiro coração vinícola da
Argentina, houve vários destaques. A Bodegas Covisan, na realidade uma cooperativa de produtores de San Rafael -uma região
vinícola localizada a cerca de 200
km ao sul da cidade de Mendoza-, apresentou dois vinhos interessantes com a marca Atuel
Valley, ambos safra 99: um malbec, de aroma frutado, boa textura e final agradável (83-84/100), e
um chenin blanc, com bom perfume de frutas tropicais, paladar
viscoso e equilibrado (83-84/100).
A Jesús Fantelli impressionou
bem com alguns de seus tintos,
como o Reserva, um corte de 60%
de uvas cabernet sauvignon complementadas por 20% de tempranillo e outro tanto de merlot. De
paladar redondo, com taninos finos, o Reserva da Fantelli mostrou sabor rico que mistura fruta e
leve baunilha (85-86/100). Um
bom malbec (com aqueles taninos macios e a fruta envolvente típicas das edições sul-americanas
da variedade) foi apresentado pela Finca La Amalia, uma propriedade encravada em San Carlos,
no Vale do Uco, localizado entre a
cidade de Mendoza e a cordilheira
dos Andes.
Outra adega do vale, a Salentein,
verteu nos copos três bons exemplares: os Finca el Portillo -um
chardonnay 99 com paladar concentrado e viscoso de maçã em
calda e com certo toque adocicado (85-86/100), e um merlot, também 99, com geléias no aroma e
no paladar persistente (86-87/
100), e Primus, um pinot noir 99,
que (tirando o preço, alto demais)
também agradou pelo perfume
marcante de fruta e canela (86-87/100).
Mas, entre as vinícolas ainda
sem um lugar nas prateleiras do
país, a de melhor desempenho em
toda a linha apresentada foi, sem
dúvida, a Viniterra. Tintos e brancos assinados pelo enólogo Walter Brescia emplacaram de ponta
a ponta. Na linha mais barata, a
Omnium, o chardonnay 2000
mostrou fruta delicada e equilibrada (82-83/100) e o malbec 99,
toques herbáceos de pimenta e
cassis muito atraentes (83-84/
100).
Na linha Terra (intermediária),
brilharam o sangiovese 2000 (frutas vermelhas finas e intensas, 86-87/100) e o cabernet sauvignon/
syrah 97 (cassis, aromas que lembram um porto vintage muito jovem, 86-87/100). No topo, os Viniterra, um chardonnay 99 (elegante, com madeira bem dosada e
fruta delicada, 87-88/100) e um
belíssimo malbec 98 (safra em geral complicada na Argentina)
denso, com taninos macios, sabor
frutado e final longo (87-88/100).
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