São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2000


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MUNDO DE BACO
Adegas platinas merecem atenção

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Com o patrocínio da Fundacion ProMendoza, entidade argentina dedicada à divulgação dos produtos da província platina, 30 adegas do país apresentaram seus vinhos durante um evento realizado dia 9 de agosto no hotel Sofitel, em São Paulo.
Várias delas, ainda (na época) sem representante no Brasil, deverão, ao que tudo indica, aparecer logo por aqui, pelo que vale a pena ficar de olho nelas.
Entre as boas novidades de áreas vinícolas não muito conhecidas dos pampas, menção para a San Huberto (da província de La Rioja, no noroeste do país), que trouxe um cabernet sauvignon crianza 97 concentrado bem feito e de sabor muito bom (avaliação 84-85 numa escala de 0 a 100), e para a Horacio Nesman, de San Juan, província ao norte de Mendoza, pelo seu malbec 99, denso com sabor que combina ameixas maduras com baunilha e chocolate (84-85/100).
Na ala da província de Mendoza, verdadeiro coração vinícola da Argentina, houve vários destaques. A Bodegas Covisan, na realidade uma cooperativa de produtores de San Rafael -uma região vinícola localizada a cerca de 200 km ao sul da cidade de Mendoza-, apresentou dois vinhos interessantes com a marca Atuel Valley, ambos safra 99: um malbec, de aroma frutado, boa textura e final agradável (83-84/100), e um chenin blanc, com bom perfume de frutas tropicais, paladar viscoso e equilibrado (83-84/100).
A Jesús Fantelli impressionou bem com alguns de seus tintos, como o Reserva, um corte de 60% de uvas cabernet sauvignon complementadas por 20% de tempranillo e outro tanto de merlot. De paladar redondo, com taninos finos, o Reserva da Fantelli mostrou sabor rico que mistura fruta e leve baunilha (85-86/100). Um bom malbec (com aqueles taninos macios e a fruta envolvente típicas das edições sul-americanas da variedade) foi apresentado pela Finca La Amalia, uma propriedade encravada em San Carlos, no Vale do Uco, localizado entre a cidade de Mendoza e a cordilheira dos Andes.
Outra adega do vale, a Salentein, verteu nos copos três bons exemplares: os Finca el Portillo -um chardonnay 99 com paladar concentrado e viscoso de maçã em calda e com certo toque adocicado (85-86/100), e um merlot, também 99, com geléias no aroma e no paladar persistente (86-87/ 100), e Primus, um pinot noir 99, que (tirando o preço, alto demais) também agradou pelo perfume marcante de fruta e canela (86-87/100).
Mas, entre as vinícolas ainda sem um lugar nas prateleiras do país, a de melhor desempenho em toda a linha apresentada foi, sem dúvida, a Viniterra. Tintos e brancos assinados pelo enólogo Walter Brescia emplacaram de ponta a ponta. Na linha mais barata, a Omnium, o chardonnay 2000 mostrou fruta delicada e equilibrada (82-83/100) e o malbec 99, toques herbáceos de pimenta e cassis muito atraentes (83-84/ 100).
Na linha Terra (intermediária), brilharam o sangiovese 2000 (frutas vermelhas finas e intensas, 86-87/100) e o cabernet sauvignon/ syrah 97 (cassis, aromas que lembram um porto vintage muito jovem, 86-87/100). No topo, os Viniterra, um chardonnay 99 (elegante, com madeira bem dosada e fruta delicada, 87-88/100) e um belíssimo malbec 98 (safra em geral complicada na Argentina) denso, com taninos macios, sabor frutado e final longo (87-88/100).


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