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Thiago Rocha Pitta leva trilogia ao Anhangabaú
Artista mineiro expõe no Pavilhão Ascensão, criado para receber Anish Kapoor
Carvão, água, cristais de sal e cinzas são usados por Pitta em duas instalações; vídeo exibido após o anoitecer complementa mostra
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de serem três obras, a
impressão que se tem ao visitar
a nova mostra de Thiago Rocha
Pitta é que se trata de uma obra
só. O artista mineiro -flamenguista e "falso carioca", como
diz- expõe "Uma Trilogia" a
partir de hoje, no Pavilhão Ascensão, no centro da cidade.
No interior do grande cubo
envidraçado, o artista montou
duas instalações, "Juventude",
apresentada em 2006, na Bienal de Singapura, e "Réquiem",
dispostas lado a lado.
Se a primeira traz um barco
recheado de água e sal flutuando sobre um mar de carvão, a
segunda traz uma nuvem de
cristais de sal (em forma análoga à do barco) pendurada no teto. No chão, projeta-se uma
sombra de cinzas, rodeada por
areia. E é sobre estas duas superfícies -carvão e areia- que
o espectador caminha.
"Às vezes sinto que é o mesmo trabalho em tempos distinto", diz Pitta. "Aqui [em "Juventude'] a possibilidade de fogo. E
ao lado último [em "Réquiem'],
algo que já pegou fogo e deixou
as cinzas", diz o artista.
Todos os fogos
A terceira obra é exibida -ou
melhor, projetada- do lado de
fora do pavilhão. Trata-se de
um vídeo feito por Pitta em
2002 em que um barco à deriva
pega fogo -imerso em chamas,
é a consumação do ato só imaginado pelas instalações. A exibição, no entanto, acontece
apenas depois do anoitecer.
"As pessoas às vezes esquecem que o fogo faz parte do cotidiano do homem, do cozimento e da transformação dos
alimentos", diz Pitta. "Quando
viram para mim e dizem "você
trabalha com a natureza", aponto para o fato de que um cozinheiro também trabalha o tempo todo com ela."
O artista já se prepara para
outra. A partir do dia 7 de setembro abre individual em galeria na Dinamarca (a Andersen-S Contemporary Art, que
o representa no país), mas até
lá aproveita a paisagem do vale.
"É lindo. A elite paulistana tem
um tremendo preconceito e
não vem ao centro."
Criado originalmente para
apenas receber a instalação
"Ascension", do indiano Anish
Kapoor, o pavilhão acabou sobrevivendo a seu prazo de validade. Em maio, abrigou uma
instalação de Marcelo Cidade e
agora recebe Pitta, ações intercaladas a um projeto social com
moradores da região, liderado
por uma ONG e pela Fundação
Anish Kapoor. "A montagem
inteira foi feita pelos meninos
do projeto", conta o artista.
UMA TRILOGIA
Quando: abertura hoje, às 15h; de seg.
a sáb., das 10h às 18h; até 27/10
Onde: Pavilhão Ascensão (vale do
Anhangabaú, sob o viaduto do Chá)
Quanto: entrada franca
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