São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2007

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Thiago Rocha Pitta leva trilogia ao Anhangabaú

Artista mineiro expõe no Pavilhão Ascensão, criado para receber Anish Kapoor

Carvão, água, cristais de sal e cinzas são usados por Pitta em duas instalações; vídeo exibido após o anoitecer complementa mostra

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de serem três obras, a impressão que se tem ao visitar a nova mostra de Thiago Rocha Pitta é que se trata de uma obra só. O artista mineiro -flamenguista e "falso carioca", como diz- expõe "Uma Trilogia" a partir de hoje, no Pavilhão Ascensão, no centro da cidade.
No interior do grande cubo envidraçado, o artista montou duas instalações, "Juventude", apresentada em 2006, na Bienal de Singapura, e "Réquiem", dispostas lado a lado.
Se a primeira traz um barco recheado de água e sal flutuando sobre um mar de carvão, a segunda traz uma nuvem de cristais de sal (em forma análoga à do barco) pendurada no teto. No chão, projeta-se uma sombra de cinzas, rodeada por areia. E é sobre estas duas superfícies -carvão e areia- que o espectador caminha.
"Às vezes sinto que é o mesmo trabalho em tempos distinto", diz Pitta. "Aqui [em "Juventude'] a possibilidade de fogo. E ao lado último [em "Réquiem'], algo que já pegou fogo e deixou as cinzas", diz o artista.

Todos os fogos
A terceira obra é exibida -ou melhor, projetada- do lado de fora do pavilhão. Trata-se de um vídeo feito por Pitta em 2002 em que um barco à deriva pega fogo -imerso em chamas, é a consumação do ato só imaginado pelas instalações. A exibição, no entanto, acontece apenas depois do anoitecer. "As pessoas às vezes esquecem que o fogo faz parte do cotidiano do homem, do cozimento e da transformação dos alimentos", diz Pitta. "Quando viram para mim e dizem "você trabalha com a natureza", aponto para o fato de que um cozinheiro também trabalha o tempo todo com ela."
O artista já se prepara para outra. A partir do dia 7 de setembro abre individual em galeria na Dinamarca (a Andersen-S Contemporary Art, que o representa no país), mas até lá aproveita a paisagem do vale. "É lindo. A elite paulistana tem um tremendo preconceito e não vem ao centro."
Criado originalmente para apenas receber a instalação "Ascension", do indiano Anish Kapoor, o pavilhão acabou sobrevivendo a seu prazo de validade. Em maio, abrigou uma instalação de Marcelo Cidade e agora recebe Pitta, ações intercaladas a um projeto social com moradores da região, liderado por uma ONG e pela Fundação Anish Kapoor. "A montagem inteira foi feita pelos meninos do projeto", conta o artista.


UMA TRILOGIA
Quando:
abertura hoje, às 15h; de seg. a sáb., das 10h às 18h; até 27/10
Onde: Pavilhão Ascensão (vale do Anhangabaú, sob o viaduto do Chá)
Quanto: entrada franca


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