São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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TECNOLOGIA

Jornalistas acompanharam o vernissage através de uma webcam

Galeria londrina faz estréia on-line

DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Às 15h de anteontem, horário local, estava tudo pronto para o lançamento do autoproclamado "primeiro lançamento internacional de uma galeria de arte". Desde os cinco continentes do mundo, jornalistas em Nova York (EUA), Sydney (Austrália), Tóquio (Japão), Cidade do Cabo (África do Sul) e São Paulo, representado pela Folha, acompanharam a abertura de uma galeria em Londres por meio de webcams.
O evento foi armado pela Spectrum Fine Art em parceria com a Microsoft, dona do serviço de mensagens instantâneas usado para que artistas e jornalistas trocassem impressões das obras.
"Isso aí atrás é neve?", perguntou a Folha à jovem Sarah Jeffries. "Não! É o papel de parede do quarto da minha irmã", corrigiu a artista, uma das revelações do ano na Royal College of Arts, selecionada pela galeria como uma das promessas de "Artists of Fame and Promise", mostra que reúne novatos e veteranos da arte contemporânea inglesa, como Peter Blake e Eduardo Paolozzi.
Assim, entre uma tomada desfocada e um passeio pelas escadarias da galeria, se teve idéia de como podem ser os lançamentos de exposições em qualquer canto do mundo no futuro -com alguns ajustes necessários.
"Os artistas sempre lidaram bem com novas tecnologias", "teclou" Kim Rugg, que apresentava uma série de colagens de jornais, semelhantes aos trabalhos dadaístas do início do século passado. "É um trabalho à moda antiga. Levei 50 horas para terminar cada um. Mas é a dificuldade do processo que me atrai", disse.
Ir contra os modismos é justamente uma das propostas da mostra, que, para os convidados do vernissage "real", criou regras de etiqueta que proibiam, entre outras coisas, trajes escandalosos, atitudes blasé e olhar por cima do ombro de seu interlocutor à procura de pessoas interessantes enquanto estivesse conversando.
"Há um sentimento antifashion em Londres, na tentativa de se livrar da idéia de que os artistas sejam chiques e exibidos", disse Andy Robbs, um dos membros da equipe técnica do evento.
A artista brasileira Giselle Beiguelman, professora de pós-graduação na PUC-SP, lembra que eventos como o lançamento do centro de mídia alemão ZKM já usaram a internet para se projetar ao mundo. "Mas algo improvisado assim nunca tinha visto. É uma idéia "hi-low-tech" engraçada."


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