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CINEMA - ESTRÉIA
"Olhos de Serpente'
liberta Nicolas Cage
ADRIANE GRAU
enviada especial a Los Angeles
Identificando-se com o personagem Rick Santoro de "Olhos de
Serpente", o ator Nicolas Cage
afirma que em seu vasto guarda-roupa há espaço para trajes "bregas, discretos, ultrajantes", que ele
usa dependendo do humor do dia.
Quando ele recebe a imprensa
internacional em sua natal Los Angeles, veste um discreto jeans e camisa preta e revela como ajudou o
diretor Brian DePalma a desenvolver seu personagem.
Leia a seguir trechos da entrevista do ator à Folha:
Folha - Como você se preparou
para encarnar Rick Santoro?
Nicolas Cage - Bom, como eu tinha muitas linhas de diálogo, tive
que aprender a falar mais rápido.
Como eu sou de Los Angeles, falo
meio arrastado, meio devagar. Em
Atlantic City as pessoas falam mais
rápido. Foi ainda libertador terminar "Cidade dos Anjos" e deixar
para trás Seth, que é tão introvertido, para fazer um personagem que
é mais extrovertido e cheio de vida.
Minha tendência é de me movimentar e o personagem Rick Santoro permite isso.
Folha - Você influenciou a escolha do guarda-roupa de Rick Santoro?
Cage - Sim. Originalmente Brian
DePalma queria que eu usasse um
chapéu como o de Popey Doyle em
"Conexão França". Mas eu achei
que esse recurso já havia sido usado à exaustão. Por que não tentar
algo novo? Sendo um policial corrupto em Atlantic City, em noite de
luta, achei que poderia me vestir
mais como um malandro. A camisa havaiana, o celular dourado e o
terno cafona dão espaço para o
personagem se transformar. O
gosto duvidoso dá chance de ele
mostrar quem ele realmente é. Aí
ele troca a camisa havaiana por
uma branca e coloca uma gravata e
parece um policial dos anos 60.
Folha - Qual sua opinião pessoal
sobre elegância masculina? Você
parece gostar de se vestir bem.
Cage - Às vezes, sim. Acho que,
assim como dizia Elvis Presley, você tem que se vestir de maneira que
combine com seu talento.
Folha - Você coleciona roupas?
Cage - Não. Faço coleção de revistas em quadrinhos. Desde
criança eu gostava de quadrinhos.
Ficava todo animado quando um
novo volume chegava às lojas.
Gosto das cores. Minha coleção é
uma das mais vastas do país. Acho
que os quadrinhos são um filho
negligenciado do mundo das artes.
Pintores como Liechenstein são
ótimos, mas se apropriam das
imagens dos quadrinhos. Por isso
quero preservar as revistas e talvez
um dia abrir um museu.
Folha - Você tem um personagem
preferido?
Cage - Não. Eu coleciono os quadrinhos desde os anos 40. Super-Homem, Batman, Lanterna Verde,
X-Men e Homem de Ferro. É apenas material encantado e romântico, muito nostálgico para mim.
Folha - É a mesma atração que
lhe fez aceitar o papel de Super-Homem no cinema?
Cage - Provavelmente. Super-Homem foi o primeiro personagem que criou vida própria nos
quadrinhos. Mas, com todo respeito, o filme foi cancelado e eu prefiro aposentar o assunto.
Folha - Você pensou em ser desenhista de quadrinhos?
Cage - Sim, quando eu era criança, eu desenhava. Era até muito
bom naquilo, mas aí parei. Um dos
meus sonhos é na verdade comprar uma editora de quadrinhos e
empregar desenhistas e escritores.
Aí eu poderia contribuir com
idéias para as histórias.
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