São Paulo, sexta, 25 de setembro de 1998

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CINEMA - ESTRÉIA
"Olhos de Serpente' liberta Nicolas Cage

ADRIANE GRAU
enviada especial a Los Angeles

Identificando-se com o personagem Rick Santoro de "Olhos de Serpente", o ator Nicolas Cage afirma que em seu vasto guarda-roupa há espaço para trajes "bregas, discretos, ultrajantes", que ele usa dependendo do humor do dia.
Quando ele recebe a imprensa internacional em sua natal Los Angeles, veste um discreto jeans e camisa preta e revela como ajudou o diretor Brian DePalma a desenvolver seu personagem.
Leia a seguir trechos da entrevista do ator à Folha:

Folha - Como você se preparou para encarnar Rick Santoro?
Nicolas Cage -
Bom, como eu tinha muitas linhas de diálogo, tive que aprender a falar mais rápido. Como eu sou de Los Angeles, falo meio arrastado, meio devagar. Em Atlantic City as pessoas falam mais rápido. Foi ainda libertador terminar "Cidade dos Anjos" e deixar para trás Seth, que é tão introvertido, para fazer um personagem que é mais extrovertido e cheio de vida. Minha tendência é de me movimentar e o personagem Rick Santoro permite isso.
Folha - Você influenciou a escolha do guarda-roupa de Rick Santoro?
Cage -
Sim. Originalmente Brian DePalma queria que eu usasse um chapéu como o de Popey Doyle em "Conexão França". Mas eu achei que esse recurso já havia sido usado à exaustão. Por que não tentar algo novo? Sendo um policial corrupto em Atlantic City, em noite de luta, achei que poderia me vestir mais como um malandro. A camisa havaiana, o celular dourado e o terno cafona dão espaço para o personagem se transformar. O gosto duvidoso dá chance de ele mostrar quem ele realmente é. Aí ele troca a camisa havaiana por uma branca e coloca uma gravata e parece um policial dos anos 60.
Folha - Qual sua opinião pessoal sobre elegância masculina? Você parece gostar de se vestir bem.
Cage -
Às vezes, sim. Acho que, assim como dizia Elvis Presley, você tem que se vestir de maneira que combine com seu talento.
Folha - Você coleciona roupas?
Cage -
Não. Faço coleção de revistas em quadrinhos. Desde criança eu gostava de quadrinhos. Ficava todo animado quando um novo volume chegava às lojas. Gosto das cores. Minha coleção é uma das mais vastas do país. Acho que os quadrinhos são um filho negligenciado do mundo das artes. Pintores como Liechenstein são ótimos, mas se apropriam das imagens dos quadrinhos. Por isso quero preservar as revistas e talvez um dia abrir um museu.
Folha - Você tem um personagem preferido?
Cage -
Não. Eu coleciono os quadrinhos desde os anos 40. Super-Homem, Batman, Lanterna Verde, X-Men e Homem de Ferro. É apenas material encantado e romântico, muito nostálgico para mim.
Folha - É a mesma atração que lhe fez aceitar o papel de Super-Homem no cinema?
Cage -
Provavelmente. Super-Homem foi o primeiro personagem que criou vida própria nos quadrinhos. Mas, com todo respeito, o filme foi cancelado e eu prefiro aposentar o assunto.
Folha - Você pensou em ser desenhista de quadrinhos?
Cage -
Sim, quando eu era criança, eu desenhava. Era até muito bom naquilo, mas aí parei. Um dos meus sonhos é na verdade comprar uma editora de quadrinhos e empregar desenhistas e escritores. Aí eu poderia contribuir com idéias para as histórias.



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