São Paulo, quinta-feira, 25 de outubro de 2007

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Spank Rock toca rap de alma juvenil

Coletivo liderado por Naeem Juwan mostra no Tim mistura de influências movida a sexo e palavrões

ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

A bagunça que o Spank Rock faz no rap lembra um espírito juvenil -mas seu som nada tem a ver com o Nirvana ou com a sonoridade moldada pela banda de Seattle. Responsável por um dos lançamentos indies mais divertidos de 2006, o disco "YoYoYoYoYo", o coletivo de rap norte-americano vem ao Brasil no momento em que mais se fala sobre ele.
O grupo liderado pelo MC Naeem Juwan, 26, representa o hip hop no Tim Festival deste ano. Mas de rap o Spank Rock tem muito pouco. Juwan é um rapper e rima como tal. Mas as letras, as bases, o clima e tudo o mais são uma mistura de discopunk, miami bass e electro pensada para bombar as pistas. A energia lembra Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê, de quem o MC se declara "grande fã".
"O Spank Rock representa o underground da cultura hip hop", falou Juwan à Folha. "Não o underground "tradicional", de Mos Def ou Talib Kweli. Mas um underground mais variado. Sinto que o hip hop deixou de ser criativo, e que os rappers falam sempre sobre a mesma coisa. Procuro trazer sons novos para o estilo, como o punk, a disco, a nova eletrônica, e fazer músicas como as de David Bowie", descreve.
Bowie pode até ser uma inspiração para Juwan, mas suas rimas, que falam sobre sexo, sexo e mais sexo, estão mais para o funk carioca. A baixaria é moldada pelo DJ Alex "Armani XXXchange" Epton, produtor de "YoYoYoYoYo", cujo trabalho recebeu elogios do criterioso site Pitchfork (www.pitchforkmedia.com).

Baixarias
A brincadeira, como gosta de definir Juwan, caiu nas graças de Thom Yorke, Beck e Björk, fãs declarados da banda, e rendeu um contrato com o selo Downtown Records, o mesmo de Gnarls Barkley, que acaba de lançar o novo EP do coletivo.
"Bangers and Cash", produzido pelo novato Benny Blanco -cujas faixas estão em www.myspace.com/spankrock-, traz Naeem Juwan cantando sobre samples do 2 Live Crew, grupo de rap que causou polêmica na década de 80, por suas letras de explícito conteúdo sexual, como o superhit "We Want Some Pussy" (do refrão "somebody say hey, we want some pussy!").
"No primeiro disco, não tínhamos um conceito. Queríamos apenas nos divertir", fala Juwan. "Esse EP, totalmente inspirado pelo 2 Live Crew, teve uma produção pensada para tocar nas rádios e na pista, com músicas que não são tão rápidas, "beats" mais limpos."
Para rebater as críticas de machista que pesam sobre ele, Juwan procurou "balancear as energias", convidando garotas para cantar com ele. Sylvia, vocalista da banda nova-iorquina Kudu, Santogold e Amanda Blank, que já havia participado de "YoYoYoYoYo", cantam em faixas marcadas pelo pancadão do miami bass.
Uma -ou mais- delas deve acompanhá-lo nos shows do Brasil, sobre os quais ele faz segredo, mas promete que serão "quentes", com oito pessoas no palco. "Pretendo fazer o melhor show da minha vida", declara Juwan. Tomara.


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