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Spank Rock toca rap de alma juvenil
Coletivo liderado por Naeem Juwan mostra no Tim mistura de influências movida a sexo e palavrões
ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA
A bagunça que o Spank Rock
faz no rap lembra um espírito
juvenil -mas seu som nada
tem a ver com o Nirvana ou
com a sonoridade moldada pela
banda de Seattle. Responsável
por um dos lançamentos indies
mais divertidos de 2006, o disco "YoYoYoYoYo", o coletivo
de rap norte-americano vem ao
Brasil no momento em que
mais se fala sobre ele.
O grupo liderado pelo MC
Naeem Juwan, 26, representa o
hip hop no Tim Festival deste
ano. Mas de rap o Spank Rock
tem muito pouco. Juwan é um
rapper e rima como tal. Mas as
letras, as bases, o clima e tudo o
mais são uma mistura de discopunk, miami bass e electro pensada para bombar as pistas. A
energia lembra Cansei de Ser
Sexy e Bonde do Rolê, de quem
o MC se declara "grande fã".
"O Spank Rock representa o
underground da cultura hip
hop", falou Juwan à Folha.
"Não o underground "tradicional", de Mos Def ou Talib Kweli.
Mas um underground mais variado. Sinto que o hip hop deixou de ser criativo, e que os
rappers falam sempre sobre a
mesma coisa. Procuro trazer
sons novos para o estilo, como
o punk, a disco, a nova eletrônica, e fazer músicas como as de
David Bowie", descreve.
Bowie pode até ser uma inspiração para Juwan, mas suas
rimas, que falam sobre sexo,
sexo e mais sexo, estão mais
para o funk carioca. A baixaria
é moldada pelo DJ Alex "Armani XXXchange" Epton, produtor de "YoYoYoYoYo", cujo
trabalho recebeu elogios do
criterioso site Pitchfork
(www.pitchforkmedia.com).
Baixarias
A brincadeira, como gosta de
definir Juwan, caiu nas graças
de Thom Yorke, Beck e Björk,
fãs declarados da banda, e rendeu um contrato com o selo
Downtown Records, o mesmo
de Gnarls Barkley, que acaba de
lançar o novo EP do coletivo.
"Bangers and Cash", produzido pelo novato Benny Blanco
-cujas faixas estão em
www.myspace.com/spankrock-, traz Naeem Juwan
cantando sobre samples do 2
Live Crew, grupo de rap que
causou polêmica na década de
80, por suas letras de explícito
conteúdo sexual, como o superhit "We Want Some Pussy"
(do refrão "somebody say hey,
we want some pussy!").
"No primeiro disco, não tínhamos um conceito. Queríamos apenas nos divertir", fala
Juwan. "Esse EP, totalmente
inspirado pelo 2 Live Crew, teve uma produção pensada para
tocar nas rádios e na pista, com
músicas que não são tão rápidas, "beats" mais limpos."
Para rebater as críticas de
machista que pesam sobre ele,
Juwan procurou "balancear as
energias", convidando garotas
para cantar com ele. Sylvia, vocalista da banda nova-iorquina
Kudu, Santogold e Amanda
Blank, que já havia participado
de "YoYoYoYoYo", cantam em
faixas marcadas pelo pancadão
do miami bass.
Uma -ou mais- delas deve
acompanhá-lo nos shows do
Brasil, sobre os quais ele faz segredo, mas promete que serão
"quentes", com oito pessoas no
palco. "Pretendo fazer o melhor show da minha vida", declara Juwan. Tomara.
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