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ILUSTRADA
Presidente da entidade compara com passagem bíblica a atitude da Globo em relação à polêmica de "Laços"
CNBB pede que FHC não se deixe cooptar
VALÉRIA DE OLIVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil), dom Jayme Chemello,
disse ontem esperar "que o presidente Fernando Henrique Cardoso não se deixe cooptar por um
prato de comida".
Ele fez a afirmação ao responder
se achava que a TV Globo queria
agradar o governo e evitar mudanças na programação das novelas. Dom Jayme se referia ao almoço do qual FHC participou anteontem, em Brasília, com atores
da novela "Laços de Família" e representantes da TV Globo.
Ao deixar o encontro de anteontem, o ministro da Justiça, José Gregori, criticou a decisão da
Justiça de proibir a participação
de menores no elenco da novela,
classificando-a de "enérgica".
Dom Jayme citou a história de
Esaú e Jacó. Esaú, filho mais velho
de Isaac, vendeu, de acordo com a
Bíblia, seu direito de sucessão na
direção do clã a Jacó, por um prato de ensopado. "Um prato de comida, às vezes, atrapalha a gente",
declarou dom Jayme.
Em nota à imprensa, a CNBB
afirma que "a televisão não pode
levar para dentro dos lares o sexo
explícito, o linguajar abusivo, a
degradação das formas de convivência familiar".
Para a CNBB, "explorar tais
imagens não é exercício de liberdade democrática, mas manifestação de autoritarismo dos meios
de comunicação e desrespeito das
empresas que patrocinam esses
programas".
A CNBB defende a criação do
conselho de comunicação social,
como previsto na Constituição.
Essa, segundo a entidade, é uma
forma de "avançar no processo de
democratização dos meios de comunicação".
O ministro José Gregori disse
ontem no Rio que o Brasil "não
quer censura, mas também não
quer porcariada" na televisão.
Na avaliação dele, a polêmica
atual sobre as restrições da Justiça
à "Laços de Família" poderia ter
sido evitada com um entendimento prévio sobre a auto-regulamentação.
"Foi uma pena que os donos das
televisões não tenham compreendido o meu esforço e a minha paciência beneditina, batendo de
porta em porta, para conseguir a
auto-regulamentação. Ficou evidente que o Brasil não quer censura, mas também não quer porcariada na televisão."
Ele afirmou que o ministério irá
defender no Superior Tribunal de
Justiça a portaria 796, que estabelece a classificação indicativa para
programas de TV e está sendo
questionada pelas emissoras.
Contrariando comentário feito
anteontem pela atriz Vera Fischer, na saída do almoço com o
presidente da República, a primeira-dama Ruth Cardoso afirmou que não vê "Laços de Família". "Não tenho muito tempo."
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