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MÔNICA BERGAMO
Ana Ottoni/Folha Imagem
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DOM PAULO EVARISTO ARNS Depois de um ano tratando de uma trombose, o arcebispo emérito de São Paulo volta à cena
Em nome da paz
O ano de 2003 foi de luta para
dom Paulo Evaristo Arns, 82,
arcebispo emérito de São Paulo.
Vítima de uma trombose na
perna, ele se retirou de cena para cuidar do problema. Não deixou, no entanto, de acompanhar bem de perto o primeiro
ano de governo Lula e algumas
das grandes discussões nacionais. É o que mostra nesta entrevista, em que revela também
que já está em recuperação:
Folha - Qual é a mensagem que o
senhor gostaria de transmitir às
pessoas neste Natal?
D. Paulo Evaristo Arns - O Natal é
o que Jesus disse: nasceu um menino que foi para nós o caminho,
a verdade e a vida. Caminho para
seguirmos o bem, amarmos a
Deus e ao próximo acima de tudo
e procurarmos a paz. A verdade: a
pessoa humana tem corpo e alma
e nunca morre, mas passa de uma
vida para outra melhor. E a vida:
quando o povo saiu do Egito,
Deus apareceu em forma de um
fogo que não acabava. Moisés
perguntou: quem é você? Ele respondeu: eu sou o que sou. Eu sou
a vida. Deus é a vida que nunca
acaba dentro da pessoa humana.
Folha - A sociedade brasileira vive em paz?
Arns - A paz não é apenas a tranquilidade da ordem. É a tranquilidade de todas as pessoas para que
elas vivam com dignidade e realizem seus grandes sonhos. O primeiro ano de Lula não pôde ser
ainda o da paz. Mas eu espero que
o segundo ano nos traga um movimento de paz apoiado por todos
os brasileiros. Esse movimento
está revolucionando o mundo.
Sempre surgirá a dissensão entre
os homens, mas ela será resolvida
pela negociação e pela diplomacia. Assim eu espero.
Folha - O que achou do primeiro
ano do governo Lula?
Arns - Este primeiro ano foi de
experiência e essa experiência não
foi má. Ela nos garantiu que nós
podemos alcançar muita coisa
que imaginávamos difíceis. Por
exemplo, que todo mundo receba
o suficiente para se alimentar, para se instruir, para participar da
vida plenamente.
Folha - O senhor está otimista?
Arns - Eu acho que aos poucos
ele [o presidente Lula] vai conseguindo. O primeiro escalão dele é
bastante bem preparado para levar o Brasil a um caminho de paz
e de tranquilidade.
Folha - E o Fome Zero?
Arns - Agora eu acho que encontrou um caminho bom. O que ele
[presidente Lula] prometeu não
vai ficar só na palavra.
Folha - O senhor tem falado com o
presidente Lula?
Arns - Escrevi e encaminhei para
ele pedidos de alguns padres. Mas
não fui a Brasília porque estive
muito doente neste ano, ainda estou sob cuidados médicos. Mas
tenho 82 anos apenas e sou muito
feliz. Eu sou, como se diz, graças a
Deus, um corintiano feliz.
Folha - Que conselho daria a Lula?
Arns - O presidente foi sempre
meu amigo, mas nunca dei conselhos quando ele não pediu. Eu só
fui tirá-lo da cadeia todas as vezes
que tive a possibilidade de fazê-lo.
Uma vez até fui sozinho e o tenente que tomava conta me deixou
conversar com ele à vontade para
dizer que sairia dali a pouco da cadeia. E nós festejamos na catedral,
com uma multidão de gente.
Folha - O Ministério da Saúde disse recentemente que a igreja estava errada ao condenar o uso da camisinha, atrapalhando a prevenção da Aids. O que o senhor acha?
Arns - Eu sou sempre a favor daquilo que o papa diz. Mas, em última análise, cada um deve seguir a
sua consciência, que é a lei suprema de cada pessoa que vive neste
mundo.
Folha - O que o senhor acha da redução da maioridade penal, tão
discutida neste ano por causa de
assassinatos chocantes como o do
casal de estudantes Liana Friedenbach e Felipe Caffé?
Arns - Isso não resolve. O que resolve é todo mundo ter o suficiente e ficar contente com a vida que
leva.
Folha - E a pena de morte?
Arns - Eu acho que a pena de
morte não deve ser introduzida
de forma nenhuma em nenhum
lugar. É uma vingança. Deus é vida. Ele nos deu a vida e só ele pode
dizer quando já cumprimos a
nossa missão.
Folha - O que o senhor achou de o
rabino Henry Sobel defender a pena de morte?
Arns - Achei que dessa vez ele
não seguiu o mandamento da Bíblia, mas disse sua opinião pessoal. E isso cada um pode dizer à
vontade. Respeito aqueles que
acham que o mal se paga sofrendo
o mesmo castigo. Mas eu não sou
a favor da pena de morte em hipótese nenhuma.
CADA UM NA SUA
Ana Paula Arosio vai passar o
Réveillon com um grupo de dez
amigos em uma praia deserta
do litoral do Rio. Erik Marmo,
par romântico da atriz na minissérie "Um Só Coração", não
está entre os convidados.
VAI OU NÃO VAI?
E o ator Rodrigo Santoro, que
estava sendo aguardado em
Fernando de Noronha, também
desistiu. Ou está despistando os
paparazzi: a pousada em que ele
ia se hospedar está avisando que
o ator não estará por lá.
CAMINHOS
O ator Lázaro Ramos, que estrelou o filme "Madame Satã",
está em NY, a convite de um famoso diretor americano. Na cidade também está em cartaz a
exposição de fotos e vídeo sobre
o filme, assinada pela artista israelense Irit Batsry.
FLASH
Sondada pela produção da
Fashion Rio para participar da
semana de moda carioca, Daniela Sarahyba disse não. Nos
dias de desfile no Rio ela vai estar em NY fotografando para a
"Marie Claire" americana.
GUILHOTINA
Está sendo leiloada a raríssima
Barbie Marie Antoinette, uma
reprodução da rainha da França, pelo MercadoLivre.com,
com lance mínimo de R$ 1.850.
São 6.000 marias antonietas no
mundo, na versão de boneca.
O modelo, pintado por Elisabeth-Louise Vigée-Lebrun, tem
um par de rosas de porcelana
nas mãos. No pescoço, um colar
de falsos brilhantes.
bergamo@folhasp.com.br
COM CLEO GUIMARÃES, ALVARO LEME E LUCRECIA ZAPPI
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