UOL


São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÔNICA BERGAMO

Ana Ottoni/Folha Imagem
DOM PAULO EVARISTO ARNS Depois de um ano tratando de uma trombose, o arcebispo emérito de São Paulo volta à cena

Em nome da paz

O ano de 2003 foi de luta para dom Paulo Evaristo Arns, 82, arcebispo emérito de São Paulo. Vítima de uma trombose na perna, ele se retirou de cena para cuidar do problema. Não deixou, no entanto, de acompanhar bem de perto o primeiro ano de governo Lula e algumas das grandes discussões nacionais. É o que mostra nesta entrevista, em que revela também que já está em recuperação:
 

Folha - Qual é a mensagem que o senhor gostaria de transmitir às pessoas neste Natal?
D. Paulo Evaristo Arns -
O Natal é o que Jesus disse: nasceu um menino que foi para nós o caminho, a verdade e a vida. Caminho para seguirmos o bem, amarmos a Deus e ao próximo acima de tudo e procurarmos a paz. A verdade: a pessoa humana tem corpo e alma e nunca morre, mas passa de uma vida para outra melhor. E a vida: quando o povo saiu do Egito, Deus apareceu em forma de um fogo que não acabava. Moisés perguntou: quem é você? Ele respondeu: eu sou o que sou. Eu sou a vida. Deus é a vida que nunca acaba dentro da pessoa humana.

Folha - A sociedade brasileira vive em paz?
Arns -
A paz não é apenas a tranquilidade da ordem. É a tranquilidade de todas as pessoas para que elas vivam com dignidade e realizem seus grandes sonhos. O primeiro ano de Lula não pôde ser ainda o da paz. Mas eu espero que o segundo ano nos traga um movimento de paz apoiado por todos os brasileiros. Esse movimento está revolucionando o mundo. Sempre surgirá a dissensão entre os homens, mas ela será resolvida pela negociação e pela diplomacia. Assim eu espero.

Folha - O que achou do primeiro ano do governo Lula?
Arns -
Este primeiro ano foi de experiência e essa experiência não foi má. Ela nos garantiu que nós podemos alcançar muita coisa que imaginávamos difíceis. Por exemplo, que todo mundo receba o suficiente para se alimentar, para se instruir, para participar da vida plenamente.

Folha - O senhor está otimista?
Arns -
Eu acho que aos poucos ele [o presidente Lula] vai conseguindo. O primeiro escalão dele é bastante bem preparado para levar o Brasil a um caminho de paz e de tranquilidade.

Folha - E o Fome Zero?
Arns -
Agora eu acho que encontrou um caminho bom. O que ele [presidente Lula] prometeu não vai ficar só na palavra.

Folha - O senhor tem falado com o presidente Lula?
Arns -
Escrevi e encaminhei para ele pedidos de alguns padres. Mas não fui a Brasília porque estive muito doente neste ano, ainda estou sob cuidados médicos. Mas tenho 82 anos apenas e sou muito feliz. Eu sou, como se diz, graças a Deus, um corintiano feliz.

Folha - Que conselho daria a Lula?
Arns -
O presidente foi sempre meu amigo, mas nunca dei conselhos quando ele não pediu. Eu só fui tirá-lo da cadeia todas as vezes que tive a possibilidade de fazê-lo. Uma vez até fui sozinho e o tenente que tomava conta me deixou conversar com ele à vontade para dizer que sairia dali a pouco da cadeia. E nós festejamos na catedral, com uma multidão de gente.

Folha - O Ministério da Saúde disse recentemente que a igreja estava errada ao condenar o uso da camisinha, atrapalhando a prevenção da Aids. O que o senhor acha?
Arns -
Eu sou sempre a favor daquilo que o papa diz. Mas, em última análise, cada um deve seguir a sua consciência, que é a lei suprema de cada pessoa que vive neste mundo.

Folha - O que o senhor acha da redução da maioridade penal, tão discutida neste ano por causa de assassinatos chocantes como o do casal de estudantes Liana Friedenbach e Felipe Caffé?
Arns -
Isso não resolve. O que resolve é todo mundo ter o suficiente e ficar contente com a vida que leva.

Folha - E a pena de morte?
Arns -
Eu acho que a pena de morte não deve ser introduzida de forma nenhuma em nenhum lugar. É uma vingança. Deus é vida. Ele nos deu a vida e só ele pode dizer quando já cumprimos a nossa missão.

Folha - O que o senhor achou de o rabino Henry Sobel defender a pena de morte?
Arns -
Achei que dessa vez ele não seguiu o mandamento da Bíblia, mas disse sua opinião pessoal. E isso cada um pode dizer à vontade. Respeito aqueles que acham que o mal se paga sofrendo o mesmo castigo. Mas eu não sou a favor da pena de morte em hipótese nenhuma.

CADA UM NA SUA
Ana Paula Arosio vai passar o Réveillon com um grupo de dez amigos em uma praia deserta do litoral do Rio. Erik Marmo, par romântico da atriz na minissérie "Um Só Coração", não está entre os convidados.

VAI OU NÃO VAI?
E o ator Rodrigo Santoro, que estava sendo aguardado em Fernando de Noronha, também desistiu. Ou está despistando os paparazzi: a pousada em que ele ia se hospedar está avisando que o ator não estará por lá.

CAMINHOS
O ator Lázaro Ramos, que estrelou o filme "Madame Satã", está em NY, a convite de um famoso diretor americano. Na cidade também está em cartaz a exposição de fotos e vídeo sobre o filme, assinada pela artista israelense Irit Batsry.

FLASH
Sondada pela produção da Fashion Rio para participar da semana de moda carioca, Daniela Sarahyba disse não. Nos dias de desfile no Rio ela vai estar em NY fotografando para a "Marie Claire" americana.

GUILHOTINA
Está sendo leiloada a raríssima Barbie Marie Antoinette, uma reprodução da rainha da França, pelo MercadoLivre.com, com lance mínimo de R$ 1.850. São 6.000 marias antonietas no mundo, na versão de boneca.
 
O modelo, pintado por Elisabeth-Louise Vigée-Lebrun, tem um par de rosas de porcelana nas mãos. No pescoço, um colar de falsos brilhantes.

bergamo@folhasp.com.br

COM CLEO GUIMARÃES, ALVARO LEME E LUCRECIA ZAPPI


Texto Anterior: Filmes
Próximo Texto: Televisão - Daniel Castro: Espectadora se divide entre heroína e vilã
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.