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Para censor, Guarnieri era "Lênin redivivo"
DA REPORTAGEM LOCAL
O processo para obtenção
do certificado de censura da
peça "A Semente" (1961), de
Gianfrancesco Guarnieri,
ocupa sozinho um dos 450
volumes do arquivo salvo
por Miroel Silveira. Cada um
desses livros contém em média 15 processos.
Trata-se, aqui, de um capítulo à parte na pregação dos
censores. Guarnieri, hoje
com 69 anos, vinha de tocar
em feridas da realidade sociopolítica do país em peças
como "Gimba" (1959).
O seguinte trecho dos pareceres é emblemático. "Para os comunistas, a instituição que deve ser combatida
com veemência e intransigência é o [sic] policial, porque constitui a ação coercitiva que impede a propagação
do ideal vermelho. Isso o autor consegue com maestria.
Parece um Lênin redivivo.
(...) Guarnieri, nesta peça,
expõe matéria perigosa. A
representação é prejudicial",
afirma o então responsável
pela Delegacia Especializada
de Ordem Social, Benjamin
Raymundo da Silva, em despacho de 17 de abril de 1961.
Mas Guarnieri entrou em
acordo com o Departamento de Diversões Públicas: a
montagem poderia acontecer, mas só no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).
O pano subiu a 28 de abril
de 1961, no TBC, sob direção
de Flávio Rangel.
(VS)
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