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São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

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MÚSICA

No disco de estréia, "Brazilians on the Moon", grupo paulistano recebe participações de Jards Macalé e Skowa

Samba e indie dançam no Numismata

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Ainda não há em nenhuma loja de discos uma prateleira para as bandas de samba-indie psicodélico. Nem haveria como. O termo é uma criação recente, do produtor Maurício Bussab para a banda paulistana Numismata.
Tudo isso não é uma grande bobagem e pura estratégia de marketing apenas porque o grupo, que estréia com "Brazilians on the Moon", realmente transpira os três fatores e não se encaixa perfeitamente em nenhum estilo.
"Quem precisa de rótulo é apenas o lojista, que não saberia onde colocar nosso álbum", diz o letrista e guitarrista da banda, Adalberto Rabelo Filho.
O músico criou o conceito do Numismata a partir de experiências anteriores em duas bandas das quais participava, uma de indie e outra de MPB.
"Chegou um momento em que comecei a achar meio boba essa coisa de ter de ser uma pessoa num show de MPB e outra num show de rock alternativo."
Rabelo largou a vida dupla e resolveu assumir seus gostos. Sem atropelos. No Numismata, não há barreiras entre diferentes universos. Uma mesma canção pode começar como um sambinha triste, encontrar guitarras típicas de bandas de garagem para depois terminar como se fosse impossível dissociar um estilo e outro.
A mistura começa na formação. Passeiam pela banda músicos com formações distintas, como o baixista Carlos H. (da banda punk Cauliflower), Rodrigo Falcão (ex-baterista do Maybees), o guitarrista André Vilela (ex-Mother Superior) e o vocalista Piero Damiani (músico formado pela Unesp).
O caldo engrossa em "Brazilians". Jards Macalé e Skowa emprestam a voz, esse último em "Morfeu", de Monsueto. Há até versão para "Atômico Platônico", canção gravada por Vanusa.
Em "O Mestre-Sala Não Veio", uma das melhores faixas, a retórica do grupo chega explícita: "Nem tudo que é velho é arcaico/ nem tudo que é novo é útil/ .../ o mestre-sala não veio/ a porta-estandarte morreu".
"É uma citação a Chico Buarque", explica. "Não é algo do tipo "vamos salvar o samba", discurso típico do rock. É mais uma constatação de que os referenciais estão morrendo. Somos novos, mas não uma ruptura. O tempo é uma coisa cíclica e há um antagonismo do pensamento de uma década para outra."


BRAZILIANS ON THE MOON. Grupo: Numismata. Lançamento: Outros Discos. Quanto: R$ 21, em média.


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