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MÚSICA
No disco de estréia, "Brazilians on the Moon", grupo paulistano recebe participações de Jards Macalé e Skowa
Samba e indie dançam no Numismata
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Ainda não há em nenhuma loja
de discos uma prateleira para as
bandas de samba-indie psicodélico. Nem haveria como. O termo é
uma criação recente, do produtor
Maurício Bussab para a banda
paulistana Numismata.
Tudo isso não é uma grande bobagem e pura estratégia de marketing apenas porque o grupo,
que estréia com "Brazilians on the
Moon", realmente transpira os
três fatores e não se encaixa perfeitamente em nenhum estilo.
"Quem precisa de rótulo é apenas o lojista, que não saberia onde
colocar nosso álbum", diz o letrista e guitarrista da banda, Adalberto Rabelo Filho.
O músico criou o conceito do
Numismata a partir de experiências anteriores em duas bandas
das quais participava, uma de indie e outra de MPB.
"Chegou um momento em que
comecei a achar meio boba essa
coisa de ter de ser uma pessoa
num show de MPB e outra num
show de rock alternativo."
Rabelo largou a vida dupla e resolveu assumir seus gostos. Sem
atropelos. No Numismata, não há
barreiras entre diferentes universos. Uma mesma canção pode começar como um sambinha triste,
encontrar guitarras típicas de
bandas de garagem para depois
terminar como se fosse impossível dissociar um estilo e outro.
A mistura começa na formação.
Passeiam pela banda músicos
com formações distintas, como o
baixista Carlos H. (da banda punk
Cauliflower), Rodrigo Falcão (ex-baterista do Maybees), o guitarrista André Vilela (ex-Mother Superior) e o vocalista Piero Damiani (músico formado pela Unesp).
O caldo engrossa em "Brazilians". Jards Macalé e Skowa emprestam a voz, esse último em
"Morfeu", de Monsueto. Há até
versão para "Atômico Platônico",
canção gravada por Vanusa.
Em "O Mestre-Sala Não Veio",
uma das melhores faixas, a retórica do grupo chega explícita: "Nem
tudo que é velho é arcaico/ nem
tudo que é novo é útil/ .../ o mestre-sala não veio/ a porta-estandarte morreu".
"É uma citação a Chico Buarque", explica. "Não é algo do tipo
"vamos salvar o samba", discurso
típico do rock. É mais uma constatação de que os referenciais estão morrendo. Somos novos, mas
não uma ruptura. O tempo é uma
coisa cíclica e há um antagonismo
do pensamento de uma década
para outra."
BRAZILIANS ON THE MOON. Grupo:
Numismata. Lançamento: Outros Discos.
Quanto: R$ 21, em média.
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