São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

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"Miss Sunshine" leva Spirit Awards; Sharon Stone ganha Framboesa

Independent Spirit Awards, entregue anteontem à tarde, premia "Pequena Miss Sunshine" nas principais categorias

ENVIADO ESPECIAL A SANTA MONICA

Num ano em que o Oscar não tinha claros favoritos em sua categoria principal, melhor filme, o Independente Spirit Awards, o "Oscar do B", mostrou que há uma onda a favor de "Pequena Miss Sunshine", pelo menos entre os de espírito independente. A produção, que concorria na noite de ontem com "Os Infiltrados", "Babel", "A Rainha" e "Cartas de Iwo Jima", levou quatro prêmios no sábado à tarde.
Ganhou nas categorias de melhor filme, direção (Jonathan Daytor e Valerie Faris), roteiro de um estreante (Michael Arndt) e ator coadjuvante (Alan Arkin). O belo -e ainda inédito no Brasil- "Half Nelson" ganhou nas duas principais categorias de atuação, com prêmios para Ryan Gosling, como o professor viciado que tenta mudar a vida de pelo menos uma aluna, e a estreante Shareeka Epps, a tal aluna.
Com cada vez mais prêmios, cada vez mais empolados e com cada vez menos margem ao improviso, a indústria do cinema americano tem um pequeno oásis na informalidade que persiste no Independent Spirit Awards, entregue sempre na tarde anterior ao Oscar numa tenda montada no meio de um estacionamento da praia de Santa Monica, na Califórnia. É assim há 22 anos, sempre para produções que custaram até US$ 20 milhões e participaram ao menos de um festival.
A cada ano, o ISA ganha um pouco mais de importância e perde um pouco mais de espontaneidade, é certo, mas em que outro lugar o espectador ainda vê Cuba Gooding Jr., ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante em 1996, por "Jerry Maguire", completamente alcoolizado, atrapalhando a fala de sua parceira, Illeana Douglas, enquanto essa dizia querer acabar logo com a função para pegar os jabás que os atores ganham nessa ocasião?
Ou a apresentadora, no caso a comediante Sarah Silverman, dizer que não assistiu a nenhum filme indicado, porque são todos independentes mesmo, e pedir que os discursos políticos sejam abreviados, porque "ninguém dá a mínima por Darfur" nem agüenta mais ouvir discursos "das Susan Sarandon e dos Tim Sarandon", se referindo ao casal de atores-ativistas Susan Sarandon e Tim Robbins?
Ao final, depois de a atriz Felicity Huffman ("Desperate Housewives") ter errado o nome da atriz vencedora, ao anunciar "Shakira Epps", Silverman encerraria a tarde com mais uma pontada: "Não percam a cerimônia do ano que vem, que será apresentada por "Facility" Huffman".
O canal de TV paga MGM transmite a cerimônia na íntegra no Brasil no dia 11 de março.
Ainda no sábado, horas depois do Spirit Awards, "Pequena Miss Sunshine" recebeu o César, o principal prêmio do cinema francês, na categoria de filme estrangeiro. O filme, que custou US$ 8 milhões, já faturou US$ 95 milhões até agora no mundo inteiro.
Inédito no Brasil, "Lady Chatterley", de Pascale Ferran, levou o César de melhor filme.

Framboesa de Ouro
Hollywood não sabe o que fazer com suas atrizes depois que elas passam dos 40 anos. A prova viva é Sharon Stone, que tentou uma carreira "independente" e mais ou menos nobre depois que os grandes papéis começaram a escassear, mas acabou se rendendo ao caminho fácil da continuação.
Aos 48, fez "Instinto Selvagem 2", no ano passado, provavelmente a pior seqüência e o mais claro caça-níquel da história recente do cinema. O esforço foi devidamente "compensado" no sábado. Atriz e filme foram os grandes vencedores do Framboesa de Ouro, um bem-humorado anti-Oscar, que premia o que de pior se produziu.
O longa de Michael Caton-Jones levou ainda "pior seqüência" e "pior roteiro" -e o impagável apelido de "Basically, It Stinks Too", "basicamente, também é uma porcaria", um trocadilho com "Basic Instinct 2", o título original. (SD)


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