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"Miss Sunshine" leva Spirit Awards; Sharon Stone ganha Framboesa
Independent Spirit Awards, entregue anteontem à tarde, premia "Pequena Miss Sunshine" nas principais categorias
ENVIADO ESPECIAL A SANTA MONICA
Num ano em que o Oscar não
tinha claros favoritos em sua
categoria principal, melhor filme, o Independente Spirit
Awards, o "Oscar do B", mostrou que há uma onda a favor de
"Pequena Miss Sunshine", pelo
menos entre os de espírito independente. A produção, que
concorria na noite de ontem
com "Os Infiltrados", "Babel",
"A Rainha" e "Cartas de Iwo Jima", levou quatro prêmios no
sábado à tarde.
Ganhou nas categorias de
melhor filme, direção (Jonathan Daytor e Valerie Faris),
roteiro de um estreante (Michael Arndt) e ator coadjuvante
(Alan Arkin). O belo -e ainda
inédito no Brasil- "Half Nelson" ganhou nas duas principais categorias de atuação, com
prêmios para Ryan Gosling, como o professor viciado que tenta mudar a vida de pelo menos
uma aluna, e a estreante Shareeka Epps, a tal aluna.
Com cada vez mais prêmios,
cada vez mais empolados e com
cada vez menos margem ao improviso, a indústria do cinema
americano tem um pequeno
oásis na informalidade que persiste no Independent Spirit
Awards, entregue sempre na
tarde anterior ao Oscar numa
tenda montada no meio de um
estacionamento da praia de
Santa Monica, na Califórnia. É
assim há 22 anos, sempre para
produções que custaram até
US$ 20 milhões e participaram
ao menos de um festival.
A cada ano, o ISA ganha um
pouco mais de importância e
perde um pouco mais de espontaneidade, é certo, mas em que
outro lugar o espectador ainda
vê Cuba Gooding Jr., ganhador
do Oscar de melhor ator coadjuvante em 1996, por "Jerry
Maguire", completamente alcoolizado, atrapalhando a fala
de sua parceira, Illeana Douglas, enquanto essa dizia querer
acabar logo com a função para
pegar os jabás que os atores ganham nessa ocasião?
Ou a apresentadora, no caso
a comediante Sarah Silverman,
dizer que não assistiu a nenhum filme indicado, porque
são todos independentes mesmo, e pedir que os discursos políticos sejam abreviados, porque "ninguém dá a mínima por
Darfur" nem agüenta mais ouvir discursos "das Susan Sarandon e dos Tim Sarandon", se referindo ao casal de atores-ativistas Susan Sarandon e Tim
Robbins?
Ao final, depois de a atriz Felicity Huffman ("Desperate
Housewives") ter errado o nome da atriz vencedora, ao
anunciar "Shakira Epps", Silverman encerraria a tarde com
mais uma pontada: "Não percam a cerimônia do ano que
vem, que será apresentada por
"Facility" Huffman".
O canal de TV paga MGM
transmite a cerimônia na íntegra no Brasil no dia 11 de março.
Ainda no sábado, horas depois do Spirit Awards, "Pequena Miss Sunshine" recebeu o
César, o principal prêmio do cinema francês, na categoria de
filme estrangeiro. O filme, que
custou US$ 8 milhões, já faturou US$ 95 milhões até agora
no mundo inteiro.
Inédito no Brasil, "Lady
Chatterley", de Pascale Ferran,
levou o César de melhor filme.
Framboesa de Ouro
Hollywood não sabe o que fazer com suas atrizes depois que
elas passam dos 40 anos. A prova viva é Sharon Stone, que tentou uma carreira "independente" e mais ou menos nobre depois que os grandes papéis começaram a escassear, mas acabou se rendendo ao caminho
fácil da continuação.
Aos 48, fez "Instinto Selvagem 2", no ano passado, provavelmente a pior seqüência e o
mais claro caça-níquel da história recente do cinema. O esforço foi devidamente "compensado" no sábado. Atriz e filme
foram os grandes vencedores
do Framboesa de Ouro, um
bem-humorado anti-Oscar,
que premia o que de pior se
produziu.
O longa de Michael Caton-Jones levou ainda "pior seqüência" e "pior roteiro" -e o
impagável apelido de "Basically, It Stinks Too", "basicamente, também é uma porcaria", um trocadilho com "Basic
Instinct 2", o título original.
(SD)
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