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Morte de operário
derruba um general
DA REDAÇÃO
O assassinato de Vladimir Herzog foi o episódio mais ruidoso de
uma ofensiva dos órgãos de segurança da ditadura contra o Partido Comunista Brasileiro. Derrotados os grupos da luta armada, o
quadro mudara.
As eleições de 1974 haviam
mostrado que o MDB, o partido
consentido de oposição, se encontrava em ascensão. Para os
agentes do porão, o risco estava
no ar. Passado o período Médici,
sentiam-se progressivamente
abandonados pelo novo ditador
de plantão, Ernesto Geisel, e temiam a possibilidade de que um
dia tivessem de prestar contas a
uma instância civil. Como registra
Gaspari, "os interrogadores do
DOI estavam obstinadamente interessados em montar a rede de
entendimentos do PCB com a
oposição legal. Essa conduta significava uma reviravolta na metodologia da repressão".
Tratava-se, então, de provar que
o PCB exercia forte influência sobre o MDB, restabelecendo a
ameaça comunista aos ideais de
1964. O que Geisel chegou a considerar um "governo paralelo" queria colocá-lo contra a parede.
Antes da morte de Herzog, fora
preso o militante do PCB Marco
Antônio Coelho, que passou por
terrível rotina de torturas no Rio e
em São Paulo. As denúncias a respeito de seu estado fizeram com
que, pela primeira vez, o porão se
visse obrigado a encenar uma farsa para demonstrar que um preso
não fora torturado. Um sinal de
fraqueza e um motivo para novas
inquietações militares.
A morte de Herzog e, posteriormente, a do operário Manoel Fiel
Filho, também do PCB, evidenciavam o desassombro do porão
diante de Geisel e Golbery. A primeira forte reação da Presidência
veio com a exemplar demissão do
general Ednardo D"Avila Mello,
comandante do Segundo Exército, em cujas instalações morreram Herzog e Fiel Filho. "O presidente lançou-se ao primeiro choque frontal e público com um
chefe militar. Era o choque que
evitara em 1964, quando fizera
vista grossa às torturas que haviam sido praticadas nos quartéis
do Nordeste", escreve Gaspari.
(MAG)
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