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MODA
Marcação homem a homem
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
JACKSON ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"A moda está abrindo a cabeça
dos homens, mostrando mais
possibilidades de vestir", diz o estilista Ricardo Almeida, que, nesta
terça, dá a partida na São Paulo
Fashion Week do verão 2006. Ele
promete invadir a passarela com
um esquadrão de 40 famosos
-para nenhuma revista de celebridade botar defeito. "Vai ser o
desfile mais louco que já fiz", diz o
estilista do presidente Lula.
O casting de Ricardo Almeida
prova a diversidade das coleções
feitas para os homens, que começam a ganhar as liberdades conquistadas pelas mulheres no prêt-à-porter. "Empatamos com o feminino", comemora Mário Queiroz, que desfila em seguida, às
18h. Segundo ele, "a descoberta
mais recente no Brasil é que existem vários tipos de homens".
Parece que sim. Tanto é que a
tradicional VR Menswear contratou como "modelo" um homem
de 2,08 m. É o jogador de basquete
Anderson Varejão, 22, brasileiro
do time norte-americano Cleveland Cavaliers, da NBA.
Ele faz sua estréia nas passarelas
no sábado. "Nada cabe nele", espanta-se Caio Campos, relações-públicas da VR. A roupa do desfile teve de ser feita sob medida, e
ele calça 48. "Mesmo tentando se
vestir melhor, Anderson só usava
roupas mais folgadas", conta
Campos, que mandou produzir
um guarda-roupa para o jogador
usar em eventos e viagens.
"O consumidor masculino está
num processo de correr atrás da
sua imagem", confirma o estilista
Vitor Santos, da V.Rom, primeira
marca a desfilar no sábado -e
em pleno estádio do Pacaembu.
O badalado Maxime Perelmuter, da British Colony, vai tentar
emplacar em sua apresentação de
quinta-feira um visual de "Mad
Max" tropical. "O homem brinca
tanto quanto a mulher na moda",
garante. Para ele, a preocupação
com o que vestir é igual: "O teor é
outro, mas o fundamento é o
mesmo", garante o carioca.
"Como imagem, a moda masculina está, sim, mais livre [do que
antes], como, por exemplo, no
uso das cores, com que o homem
pode brincar de se vestir", diz o
talentoso produtor Mauricio Ianes, que assina a edição dos desfiles de Alexandre Herchcovitch.
"Esse mundo hoje se divide em
vários estilos", explica Mário
Queiroz, que costuma comparar a
moda com a música: "Tem heavy
metal, pop, samba... Há o estilo
mais adolescente, o mais executivo, o casual...", opina o estilista.
Para Caio Campos, da VR, "a
vaidade masculina esbarra no
medo de escorregar". "O brasileiro prefere ser mais tradicional a
correr o risco de chamar atenção
demais no escritório. Ele só usa
peças diferentes depois de ver alguém usando."
Nesse sentido, o maior desafio
das marcas de moda masculina é
convencer o consumidor de que a
camisa do verão não é igual à do
inverno. "Lanço um colarinho
novo a cada estação e mantenho
dois da coleção anterior; tenho
um modelo de camisa que reedito
há seis anos e mudo as outras", revela Ricardo Almeida. Em sua coleção de inverno (a que está nas
lojas) lançou uma série de jaquetas mais modernas, estreitas. "Só
vendi 30 no total, contra dez ternos clássicos por dia", diverte-se.
"Não podemos superestimar o
mercado: os lojistas não estão tão
informados quanto o público final. Eles são resistentes, não são
audaciosos por causa das oscilações da economia. Há dez anos falamos que o homem é vaidoso,
precisamos saber se o mercado vê
isso e se a economia garante essa
liberdade", reclama Queiroz.
Colaboraram Sergio Amaral, André do
Val e Eduarda de Souza
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