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ROCK DE INVERNO
Curitiba ensina os caminhos da independência
DO ENVIADO A CURITIBA
Três dias de inverno, quinze
bandas, um porão, alguns amplificadores e pouco mais de uma
dúzia de jornalistas convidados.
O objetivo: provar a que vieram e
aonde querem chegar nomes praticamente desconhecidos da cena
roqueira nacional como Criaturas, Poléxia, Svetlana, Casino, Lorena Foi Embora, entre outros.
Se não é suficiente para conhecer todas as bandas curitibanas
em atividade (alguns falam em até
500!), a terceira edição do festival
Rock de Inverno, promovido entre 19 e 21 de julho pelo selo De Inverno Records e pela Fundação
Cultural de Curitiba, serviu ao
menos para comprovar que ainda
há vida inteligente no cenário independente do país.
Já ouviu falar em Criaturas?
Não? Pois este quinteto, com influências da psicodelia dos Mutantes, poderia fácil, fácil, entrar
para a lista das mais promissoras
novidades do pop brasuca. E
quem diz é o ex-mutante Sérgio
Dias, que tem nas mãos um álbum inteiro da guitarrista e vocalista Xanda Lemos, do qual assina
a produção, que lembra muito o
frescor inicial de um Pato Fu.
A inteligência das letras e o instrumental competente do Poléxia, outra reunião de garotos de
Curitiba, também mereceu destaque na última sexta-feira, noite
em que tocaram ainda Sofia,
OAEOZ e Pipodélica.
Sábado. O termômetro lá fora
marcava 10 graus e o indie sofisticado de Excelsior e Svetlana abria
caminho para o desfile das "divas" vocais Aline Roman (do Excelsior) e Edith de Camargo (do
Svetlana).
E dá-lhe referências a Velvet
Underground, Nick Cave, My
Bloody Valentine e, para ficar nos
anos 2000, Belle and Sebastian.
Nenhuma das duas lançou ainda
seus discos de estréia, mas suas
raízes podem ser encontradas nos
veteranos do Woyzeck e no projeto de Edith, o Wandula.
Quando se fala em vocais, não
dá para deixar de lado o talento de
Cecilia, voz e guitarra da brasileiríssima Casino, banda carioca do
selo Midsummer Madness. Do
veludo ao samba, do samba ao
punk rock: Volume e Aaaaaamalencarada fecharam o sábado,
meio deslocadas, talvez, para uma
noite tão... suave.
No domingo, tudo voltava à
normalidade. Literalmente, já que
Relespública e Magog, veteranas
da cena alternativa curitibana se
juntavam em um palco depois de
trocentos anos. O público gostou.
Também mereceu atenção o divertido "tributo ao Ramones" da
Pelebrói Não Sei, no oitentismo
cabeça do Lorena Foi Embora e
num certo Hurtmold, fantástico
quarteto experimental de... São
Paulo. Pode?!
(DIEGO ASSIS)
O jornalista Diego Assis viajou a convite da Fundação Cultural de Curitiba
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