São Paulo, sexta-feira, 26 de julho de 2002

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ROCK DE INVERNO

Curitiba ensina os caminhos da independência

DO ENVIADO A CURITIBA

Três dias de inverno, quinze bandas, um porão, alguns amplificadores e pouco mais de uma dúzia de jornalistas convidados. O objetivo: provar a que vieram e aonde querem chegar nomes praticamente desconhecidos da cena roqueira nacional como Criaturas, Poléxia, Svetlana, Casino, Lorena Foi Embora, entre outros.
Se não é suficiente para conhecer todas as bandas curitibanas em atividade (alguns falam em até 500!), a terceira edição do festival Rock de Inverno, promovido entre 19 e 21 de julho pelo selo De Inverno Records e pela Fundação Cultural de Curitiba, serviu ao menos para comprovar que ainda há vida inteligente no cenário independente do país.
Já ouviu falar em Criaturas? Não? Pois este quinteto, com influências da psicodelia dos Mutantes, poderia fácil, fácil, entrar para a lista das mais promissoras novidades do pop brasuca. E quem diz é o ex-mutante Sérgio Dias, que tem nas mãos um álbum inteiro da guitarrista e vocalista Xanda Lemos, do qual assina a produção, que lembra muito o frescor inicial de um Pato Fu.
A inteligência das letras e o instrumental competente do Poléxia, outra reunião de garotos de Curitiba, também mereceu destaque na última sexta-feira, noite em que tocaram ainda Sofia, OAEOZ e Pipodélica.
Sábado. O termômetro lá fora marcava 10 graus e o indie sofisticado de Excelsior e Svetlana abria caminho para o desfile das "divas" vocais Aline Roman (do Excelsior) e Edith de Camargo (do Svetlana).
E dá-lhe referências a Velvet Underground, Nick Cave, My Bloody Valentine e, para ficar nos anos 2000, Belle and Sebastian. Nenhuma das duas lançou ainda seus discos de estréia, mas suas raízes podem ser encontradas nos veteranos do Woyzeck e no projeto de Edith, o Wandula.
Quando se fala em vocais, não dá para deixar de lado o talento de Cecilia, voz e guitarra da brasileiríssima Casino, banda carioca do selo Midsummer Madness. Do veludo ao samba, do samba ao punk rock: Volume e Aaaaaamalencarada fecharam o sábado, meio deslocadas, talvez, para uma noite tão... suave.
No domingo, tudo voltava à normalidade. Literalmente, já que Relespública e Magog, veteranas da cena alternativa curitibana se juntavam em um palco depois de trocentos anos. O público gostou. Também mereceu atenção o divertido "tributo ao Ramones" da Pelebrói Não Sei, no oitentismo cabeça do Lorena Foi Embora e num certo Hurtmold, fantástico quarteto experimental de... São Paulo. Pode?! (DIEGO ASSIS)


O jornalista Diego Assis viajou a convite da Fundação Cultural de Curitiba

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