São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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POLÊMICA

Humor com terror causa protesto

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Nem todo o mundo achou graça nas peças do Festival de Edimburgo que trataram de 11 de setembro com humor. A reação foi liderada, como vem sendo cada vez mais constante, pelos parentes das vítimas mortas nos Estados Unidos.
São 3,3 mil famílias, a maioria de Nova York, que fazem cada vez mais barulho e são cada vez mais ouvidas no cenário público, a ponto de serem tratados pelos governos como um partido político. Pois o partido chiou.
O principal alvo da fúria setembrina foi o trabalho da drag queen "Tina C"-o comediante britânico Chris Green. Batizado de "9/11, 24/7" (11 de setembro, 24 horas por dia), é um número musical em que ele ridiculariza o sentimento patriótico despertado pelo ataque.
O que motivou mais estranheza nos familiares foi o pôster do espetáculo, com a linha do horizonte trazendo as pernas da drag à guisa das torres gêmeas do World Trade Center e prestes a serem atingidas por um avião.
A ironia não é exclusividade dos britânicos. Um humorista americano causou espécie ao ensaiar num clube de Manhattan o número que faria em Edimburgo. Doug Stanhope atacava os (hoje) inatacáveis policiais de Nova York: "Serpico era um herói. O resto deles pode morrer de lúpus".
Falava também do fascínio pela mídia de alguns parentes de vítimas: "Vejo essas pessoas dando entrevistas na TV e dizendo que Fulano gostava de seus filhos e de ir à igreja. Sabe do que mais ele gostava? DE CORRER EM DIREÇÃO A PRÉDIOS EM CHAMAS!! Maluco desgraçado".



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