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POLÊMICA
Humor com terror causa protesto
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Nem todo o mundo achou
graça nas peças do Festival
de Edimburgo que trataram
de 11 de setembro com humor. A reação foi liderada,
como vem sendo cada vez
mais constante, pelos parentes das vítimas mortas nos
Estados Unidos.
São 3,3 mil famílias, a
maioria de Nova York, que
fazem cada vez mais barulho
e são cada vez mais ouvidas
no cenário público, a ponto
de serem tratados pelos governos como um partido político. Pois o partido chiou.
O principal alvo da fúria
setembrina foi o trabalho da
drag queen "Tina C"-o comediante britânico Chris
Green. Batizado de "9/11,
24/7" (11 de setembro, 24 horas por dia), é um número
musical em que ele ridiculariza o sentimento patriótico
despertado pelo ataque.
O que motivou mais estranheza nos familiares foi o
pôster do espetáculo, com a
linha do horizonte trazendo
as pernas da drag à guisa das
torres gêmeas do World
Trade Center e prestes a serem atingidas por um avião.
A ironia não é exclusividade dos britânicos. Um humorista americano causou
espécie ao ensaiar num clube de Manhattan o número
que faria em Edimburgo.
Doug Stanhope atacava os
(hoje) inatacáveis policiais
de Nova York: "Serpico era
um herói. O resto deles pode
morrer de lúpus".
Falava também do fascínio
pela mídia de alguns parentes de vítimas: "Vejo essas
pessoas dando entrevistas
na TV e dizendo que Fulano
gostava de seus filhos e de ir
à igreja. Sabe do que mais ele
gostava? DE CORRER EM
DIREÇÃO A PRÉDIOS EM
CHAMAS!! Maluco desgraçado".
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