São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

saiba mais

Autora se coloca na pele do imperador

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

Publicado em 1951, "Memórias de Adriano" foi um sucesso de vendas mundial e transformou Marguerite Yourcenar (1903-1987) na primeira mulher eleita para a Academia Francesa de Letras, em 1980.
O livro toma a forma de uma carta escrita por Adriano, já no fim da vida, ao seu sucessor, Marco Aurélio. Com sólida pesquisa histórica e grande quantidade de dados reunidos, a escritora tentou transportar-se para a pele do imperador e escreveu em primeira pessoa, para "refazer por dentro aquilo que os arqueólogos do século 19 fizeram por fora".
Yourcenar trabalhou no romance por um quarto de século. O primeiro manuscrito foi redigido entre 1924 e 1929, mas depois destruído. Uma segunda tentativa foi iniciada em 1934 e abandonada. Em 1939, a escritora emigrou para os EUA, onde trabalhou em outros projetos.
Em 1948, recebeu um contêiner com alguns livros e papéis que havia deixado na Europa, entre eles os manuscritos de "Memórias..."; o projeto foi então concluído.
"É difícil permanecer imperador na presença do médico e mais difícil permanecer homem. [...] Esta manhã, pela primeira vez, ocorreu-me a idéia de que meu corpo, este fiel companheiro, este amigo mais seguro e mais conhecido do que minha própria alma, não é senão um monstro sorrateiro que acabará por devorar seu próprio dono", escreveu, numa das primeiras páginas.
Para o curador Thorsten Opper, "o Adriano de Yourcenar reflete o líder que a Europa precisava no pós-Segunda Guerra. Um homem culto, pacifista, exercendo o poder de maneira esclarecida e sem esconder seus sentimentos".


Texto Anterior: A reconquista de Adriano
Próximo Texto: Crítica/show: No Rio, João Gilberto aplaude e pede bis
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.