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LIVRO/LANÇAMENTO
MÍDIA
Filho do ensaísta coordena edição crítica e inicia publicação de inéditos do professor em projeto que deve terminar em 2005
McLuhan retorna com a globalização
MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
O mundo deu razão a Marshall
McLuhan, professor canadense
que declarou, no final dos anos
60, que o meio é a mensagem e
que todos vivemos em uma aldeia
global? Seu filho Eric, responsável
pela edição crítica das obras de
McLuhan -lançadas pela editora
Gingko Press-, pensa ser sim a
única resposta possível.
Eric McLuhan é o diretor do
projeto dedicado à obra de seu
pai, iniciado em 2000 e que deve
ser finalizado em 2005. No início,
as reedições receberam sua atenção e agora ele se volta para os
"milhares de textos desconhecidos", como disse à Folha, por telefone, do Canadá. Inéditos de
Marshall McLuhan começam a
chegar ao leitor da era da internet,
e ele explica os motivos.
Folha - Como está sendo feita a
edição crítica?
Eric McLuhan - Muito do trabalho
esteve fora de catálogo por muitos
anos ou foi simplesmente reimpresso. Mas, com o ressurgimento do interesse em seus livros, foi
planejada uma edição crítica, porque nos encontramos diante de
um desafio: atualizar seus escritos. Assim, lançamos os textos
com um tratamento, com notas e
outros recursos, para que o leitor
entenda o quanto são atuais.
Folha - Por que esse retorno ao
pensamento de Marshall McLuhan?
McLuhan - Há um público interessado. A maioria das pessoas
que se opuseram ao trabalho de
Marshall McLuhan, nos anos 60 e
70, já se retiraram da vida acadêmica, e uma nova geração passou
a ler seus livros com muito mais
frescor, descobrindo como seu
pensamento pode ser relevante
para a situação que vivemos.
McLuhan parece ser o único ao
redor que indicou a maneira pela
qual essas novas mídias podem
ser estudadas. Ele está em um
ponto de redescobrimento. Na
verdade, parte do mundo universitário ainda não o aceita, talvez
por ter ele possuído uma mente
extremamente independente.
Folha - Mas sua obra vem recuperando espaço na academia?
McLuhan - A academia ainda não
gosta de McLuhan, porque não
gosta de celebridades. Desconfia
delas. Ou talvez haja ciúme, não
sei exatamente como explicar.
Folha - O lançamento, neste mês,
de "The Book of Probes", com aulas,
discursos e aforismos, marca o início da edição do material inédito. O
quanto resta ainda?
McLuhan - Grande parte de seu
trabalho foi feita com curtos artigos publicados em pequenos jornais e revistas. Algumas vezes ele
contribuiu para publicações que
duraram apenas dois ou três números. E por isso existem milhares, literalmente milhares de artigos praticamente desconhecidos,
além de anotações, manuscritos; a
tarefa consiste em localizar essa
produção. Os arquivos nacionais
do Canadá possuem quase a totalidade de seus manuscritos e documentos pessoais.
Folha - A internet seria responsável pelo interesse renovado em
McLuhan?
McLuhan - Acredito que sim. Ele
falava da mídia eletrônica como
uma extensão do corpo humano.
E o sistema nervoso é a internet.
Ele falava dessa situação em uma
escala global, como no conceito
de "aldeia global". McLuhan está
de volta porque a globalização é
um fato. As novas gerações descobrirão um tipo novo de imaginação. O trabalho de McLuhan começa com a literatura; ele era um
professor da disciplina, voltado
para a era elisabetana, e vivia nos
anos 60 do século 20. Ele não era
alguém interessado em tecnologia, mas alguém voltado para as
pessoas, para o potencial do homem. Ele queria pensar sobre o
que as pessoas podem fazer.
Onde encomendar: Gingko Press Inc.
- tel. 00/xx/1/415/924-9615; e-mail:
books@gingkopress.com
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