São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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Ella Fitzgerald é tema da Coleção Folha no domingo

Livro-CD que chega às bancas registra encontro com a big band de Duke Ellington, com gravações de "Satin Doll" e "Let's Do It"

Inicialmente rejeitada por Chick Webb, que a achava feia para sua banda, artista passou a cantar com todos os grandes nomes do jazz DA REPORTAGEM LOCAL Neste domingo, o sexto volume da Coleção Folha Clássi- cos do Jazz abre espaço para uma das mais populares vozes femininas do século passado: Ella Fitzgerald.
O CD que vem junto com o livro da coleção documenta o legendário encontro de Ella com a big band de Duke Ellington (que será o tema do oitavo volume). Estocolmo, Suécia, 7 de fevereiro de 1966: a "primeira-dama da canção" interpreta alguns standards de Ellington, como "Satin Doll" e duas parcerias com Billy Strayhorn, "Imagine My Frustration" e "Something to Live For".
Há mais. Há a maliciosa "Let's Do It", de Cole Porter. E os malabarismos vocais nos quais a voz de Ella soa como os melhores solos dos grandes instrumentistas do estilo jazzístico de improvisação conhecido como bebop.
Esses malabarismos vocais se chamam "scat". Se você quiser entender o real significado da palavra e saber por que Ella, às vezes, mais do que uma cantora, é considerada uma instrumentista que canta, então deve ouvir, no disco, "Cotton Trail", também de Ellington; e "How High the Moon" (Lewis/Hamilton).
Ella Fitzgerald (1917-1996) teve uma trajetória que começou com uma infância difícil, a internação em um reformatório e participações em shows de talentos para jovens, até ingressar, em 1934, na banda do baterista Chick Webb, que seria seu passaporte para a fama.
Gravada três anos depois, em 1937, a última faixa do CD dá uma amostra de como era essa Ella de início de carreira -cheia de verve e swing, ela interpreta "Everyone Is Wrong But Me" (Cahn/Chaplin).

Primeiro time do jazz
Se Webb, ao ouvir Ella pela primeira vez, chegou a dizer que não queria "aquela coisa feia" em sua banda, não houve grande nome de jazz que não desejasse ardentemente tê-la como parceira à medida que seu inegável talento se firmou.
Além de Duke Ellington, foram Louis Armstrong, Dizzy Gillespie, Count Basie, Nat King Cole e Benny Goodman, só para ficar nos mais célebres. A lista dos musicistas que atuaram ao lado de Ella Fitzgerald praticamente coincide com a escalação do primeiro time do jazz no século 20.
Com uma voz de grande extensão, abrangendo três oitavas, Fitzgerald foi uma intérprete versátil, de fraseado impecável, afinação perfeita e lirismo suficiente para cantar também baladas lentas e românticas.
Por todas essas qualidades, tornaram-se itens obrigatórios de colecionador os songbooks que ela registrou a partir da década de 50, pelo selo Verve. George Gershwin, Duke Ellington, Cole Porter, Irving Berlin, Jerome Kern, Johnny Mercer, Richard Rodgers: cada cancionista norte-americano de destaque daquele período teve suas obras-primas registradas com zelo, afinco, inteligência e sensibilidade por ela.
E todos deixaram registrada sua reverência pela interpretação de suas canções por Fitzgerald. "Não percebi que eram tão boas até que Ella as cantasse", afirmou Ira Gershwin. "Faça o que fizer em minhas canções, ela sempre as faz soar melhor", disse Rodgers, sobre a cantora, que venceu 13 vezes o Grammy e vendeu mais de 40 milhões de álbuns durante sua vida.


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